65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Arquitetura e Urbanismo - 5. Arquitetura e Urbanismo
RUA DIREITA: LEVANTAMENTO DA FORMAÇÃO DO LOGRADOURO E DE SUAS OCUPAÇÕES
Alice Barachini Torres - UPM - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (IC)
Marcos José Carrilho - Prof. Dr. - UPM - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (Orientador)
INTRODUÇÃO:
O presente estudo integra a pesquisa: O Centro Histórico de São Paulo: documentação e estudos de reabilitação: terceira etapa. Todas as informações recolhidas colaboram com o banco de dados deste mesmo projeto. Para esta pesquisa foi escolhida a rua Direita como objeto de estudo para a análise e levantamento de dados históricos, de formação e ocupação desde o século XIX até os dias atuais. Trata-se de uma das ruas de maior importância na formação da vila que deu origem à cidade de São Paulo. Considerando a importância da pesquisa para a reconstituição e compreensão da arquitetura antiga e das primeiras iniciativas no processo de da urbanização de uma cidade, foi realizada a coleta de informações históricas referentes aos espaços públicos e privados da rua Direita, de modo a constituir a base de referência para a análise das suas transformações no transcurso do tempo. Buscou-se - com isso identificar os motivos pelos quais o logradouro, persistente em sua vocação comercial, mantém a sua estrutura arquitetônica dentro dos moldes de uma cidade tradicional, enquanto se deixou permear por alterações sucessivas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo da pesquisa foi identificar e registrar os aspectos de formação e ocupação da rua Direita a partir do século XIX até os dias atuais, por meio de levantamentos de informações de arquivo (fonte primária de pesquisa), da análise da série cartográfica da cidade de São Paulo e de levantamentos de campo através de registros fotográficos.
MÉTODOS:
1. Análise da cartografia da cidade de São Paulo: Cartas antigas, no intervalo entre os anos 1810 a 1924; Planta S.A.R.A. Brasil 1930 (primeiro levantamento aero-fotogramétrico da cidade); Planta Gegran (1972-1974) e a imagem obtida do sistema Google Earth (2011-2012); 2. Levantamento de documentos no Arquivo Histórico Washington Luís referentes aos processos de aprovação de edifícios, na Seção de Obras Particulares de 1870 até 1921. Estas fontes totalizaram 251 processos registrados através do preenchimento de fichas específicas para o projeto e de fotografias dos desenhos das plantas e fachadas dos edifícios; 3. Fez-se levantamento fotográfico, com aproximadamente 400 fotografias digitais, da rua tal como se encontra hoje, a fim de reconhecer as qualidades do espaço urbano e documentar as características das fachadas dos edifícios que compõem o logradouro; 4. Com o levantamento bibliográfico de livros, jornais e periódicos especializados foi possível aprofundar a análise dos dados que haviam sido levantados nas pesquisas de fontes primárias e de campo; 5. Lançamento no banco de dados do Grupo de Pesquisa: As informações recolhidas serão disponibilizadas no Banco de Dados do Grupo de Pesquisa: “O Centro Histórico de São Paulo: documentação e estudos de reabilitação”.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A carta mais antiga de São Paulo, de 1810, ilustra o núcleo central e estruturador de uma cidade que ainda não havia se expandido além de seus limites iniciais. A rua Direita, inscrita nesta localização central já aparece definida em seu traçado. Esta situação permanece sem grandes alterações nas demais cartas até o final do séc. XIX. No início da séc. XX começam a surgir modificações expressivas com a eliminação de um quarteirão para a criação da Praça do Patriarca. Através da planta S.A.R.A. Brasil de 1930 e tomando em consideração os estudos de Simões Júnior (2003), Segawa (2000), Ribeiro (2007) e Barbuy (2006), e, tendo como referência as fontes primárias existentes no Arquivo Histórico Municipal Washington Luís foi possível identificar construções, demolições e reconstruções de edifícios, constatando-se a expansão e o adensamento ocorridos entre o final do séc. XIX e início do séc. XX. O edifício Guinle, de 1912, com 5 andares, na rua Direita, uma das primeiras construções realizadas em concreto armado no Brasil, projetado por Hippolyto Pujol Junior e Augusto de Toledo, trata-se de uma das edificações que daria origem ao processo de verticalização de São Paulo. A rua Direita manteve-se desde a sua origem com vocação comercial. Destaca-se a Casa Alemã e a Casa Mappin.
CONCLUSÕES:
Durante a pesquisa foi possível constatar que a rua Direita, apesar de conservar exemplares de edifícios relativamente antigos e manter sua morfologia característica, não se mostra inteiramente imutável. À sua história se sobrepõem episódios de acontecimentos cotidianos, culturais e comerciais, refletidos em sua arquitetura que carrega informações da passagem de viajantes estrangeiros e locais, formando um cenário urbano e arquitetônico de características particulares. Entre os objetivos da pesquisa atingidos estava o levantamento histórico da rua Direita na sua formação no final do século XIX e início do século XX. E, ao somar o levantamento no Arquivo Histórico Washington Luís, as fotografias realizadas em 2011, com a análise da bibliografia específica, foi possível observar a importância da rua não apenas no núcleo inicial formativo da cidade de São Paulo, mas a sua participação nas transformações construtivas que ocorrem permanentemente na cidade de São Paulo. A pesquisa manteve o sentido investigativo e analítico em todo o seu percurso, oferecendo diferentes possibilidades de análise sobre os dados recolhidos, organizados, catalogados e disponibilizados no Banco de Dados, permitindo, desta maneira, a oportunidade de novos aportes para outros pesquisadores.
Palavras-chave: Arquitetura, rua Direita, São Paulo.