65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 9. Artes
Identidade e Produção artística: Um processo de memória
Maria das Vitórias Negreiros do Amaral - Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Teoria da Arte e Expressão Artística - UFPE
Juliana Wanderley Silva - Lic. Artes Visuais - UFPE
INTRODUÇÃO:
O presente trabalho trata de um relato sobre a produção artística de uma turma do primeiro ano do ensino médio, realizada em sala de aula, durante intervenções dentro do PIBID/Artes Visuais, da UFPE, na escola Estadual Diário de Pernambuco, situada na zona oeste do Recife, no bairro do Engenho do Meio. O eixo temático ‘Identidade e Corpo’ foi trabalhado durante o semestre de 2013, onde foi explorada a identidade dos estudantes e o espaço em que estavam inseridos como forma de estudo. Depois de iniciadas as pesquisas na escola, percebi a rejeição dos estudantes em relação ao seu corpo e ao espaço em que vivem, sendo evidente a interferência que esta rejeição causava na criação artística, em sala de aula. Uma espécie de ‘veto’ advindo da baixa autoestima dos estudantes. Embasei minha pesquisa em autores que tratam a questão de cultura e identidade como: Everardo P. Guimarães (1986), Stuart Hall (1999). No que diz respeito às Artes Visuais, processos criativos e Arte/Educação em: Fayga Ostrower(1999), Ana Mae Barbosa(1991 e 2005). Este relato enfatiza a importância de trabalhar os ruídos e interferências externas como potencial criativo em sala de aula, bem como, as questões relacionadas à identidade, aceitação e padrões impostos pela sociedade.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Problematizar, junto aos estudantes: identidade, espaço e corpo na produção artística e cultural dos estudantes. Trazendo essas questões para sala de aula, em forma de conteúdos, atividades e debates em relação à estética visual cotidiana, ao nosso corpo, ao padrão de beleza, ao espaço em que vivemos e de que forma esses aspectos interferem em nossa criação em sala de aula.
MÉTODOS:
O trabalho foi desenvolvido em duas aulas semanais de 50 min cada, durante o período de seis meses, junto à professora supervisora de Artes da escola que possui sala adequada, a partir do plano de aula formulado, tendo como eixo principal o tema ‘Identidade e Corpo’. O plano de aula seguiu a sequência estabelecida: Fundamentos da Linguagem Visual, Estética, História da Arte e Técnicas de produção artística. Esses conteúdos estavam sempre dialogando uns com os outros. Uma vez que, durante uma aula de Fundamentos da Linguagem Visual, se faz necessária à contextualização, que pode ser feita através de análises da História da Arte e técnicas artísticas, utilizadas em sala de aula. Nesse ponto, a Abordagem Triangular de Ensino, de Ana Mae Barbosa esteve presente, considerando que utilizamos os três vértices: leitura, contextualização e produção artística. Visitas a museus, atividades ligadas à experimentação de técnicas artísticas variadas e produções textuais de crítica de arte foram utilizadas em sala de aula.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Passado os seis meses de aula junto à professora regente, a turma produziu um grande autorretrato formado a partir de fotografias de partes do corpo de cada estudante, gerando um novo ser. Os estudantes criaram um ser que, segundo eles, representava toda a turma, que agora mais unificada queria se expressar e autorretratar como um todo. A obra, que apresenta várias partes do corpo, menos o sexo, que segundo eles, dessa forma retrata simbolicamente todos da turma sem distinção de gênero, foi exposta, organizada e totalmente produzida pelos educandos, em resposta às atividades e aos estímulos desenvolvidos ao longo dos seis meses de atividade. A produção artística representava a síntese de todo o processo, de tudo que foi explorado durante esse tempo.
CONCLUSÕES:
Meu objetivo, que era de possibilitar novas visões de suas identidades e problematizar as formas que poderíamos usá-la em sala de aula, foi alcançado e materializado de forma inesperada e criativa. Saber das nossas origens é refletir nossa identidade e essa reflexão nos faz amadurecer enquanto seres sociais que somos. A obra final se tornou o ‘revés’ do que estava sendo vivido até então. Saber das nossas origens é refletir nossa identidade e essa reflexão nos faz amadurecer enquanto seres sociais que somos. Compreender que detemos cultura e arte, que somos capazes e precisamos extravasa-las, tais reflexões modificaram as atitudes e pensamentos dos estudantes a respeito deles mesmos, dos colegas, do lugar onde vivem e principalmente de mim como arte/educadora em formação.
Palavras-chave: Processo, Educação, Produção Artística.