65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 5. Química de Macromoléculas
ESTUDO DA INTEGRIDADE DE DUAS LECTINAS DAS SEMENTES DE Canavalia brasiliensis FRENTE A AGENTES REDUTORES, OXIDANTES E DESNATURANTES
Paula Perazzo de Souza Barbosa - Depto. de Biologia Molecular-UFPB
Gracy Kelly Vieira de Vasconcelos - Depto. de Biologia Molecular-UFPB
Whyara Karoline Almeida da Costa - Depto. de Biologia Molecular-UFPB
Alana Araújo Braga - Depto. de Biologia Molecular-UFPB
Carlos Alberto Almeida Gadelha - Depto. de Biologia Molecular-UFPB
Tatiane Santi Gadelha - Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Biologia Molecular-UFPB
INTRODUÇÃO:
Canavalia brasiliensis é uma leguminosa popularmente conhecida no Brasil como feijão bravo-do-Ceará. Suas sementes são oblongas, moderadamente comprimidas e têm coloração verde-oliva, marrom ou marrom-avermelhada, com manchas que variam de cor dependendo da idade. Dessas sementes são isoladas lectinas ou aglutininas, proteínas de ligação a carboidratos, cuja afinidade permite que se liguem a glicoconjugados na superfície das células promovendo a sua aglutinação. As lectinas de leguminosas normalmente possuem propriedades bioquímicas e físico-químicas semelhantes, podendo apresentar comportamentos distintos quando em contato com diferentes substâncias como ureia, β-mercaptoetanol e metaperiodato de sódio, considerados agentes desnaturante, redutor e oxidante, respectivamente. É relevante verificar a resistência de uma proteína diante desses agentes para caracterizá-la fisico-quimicamente e testar prováveis atividades biológicas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Determinar e comparar a resistência de duas lectinas (ConBr e ConBr II) extraídas das sementes de C. brasiliensis frente ao agente desnaturante (ureia), redutor (β-mercaptoetanol) e oxidante (metaperiodato de sódio).
MÉTODOS:
A lectinas obtidas por meio de cromatografia de afinidade, foram testadas contra o agente desnaturante e redutor, as mesmas foram diluídas em soluções de ureia a 4 e 8 mM; e de β-mercaptoetanol a 5, 10 e 20 mM, na proporção de 1 mg/mL. Após esse procedimento, as amostras foram incubadas em estufa a 37 ºC por 30 minutos e a atividade hemaglutinante foi verificada através de diluição duplo-seriada com eritrócitos de coelhos a 3 %. Já para o teste de estabilidade a agentes oxidantes utilizou-se metaperiodato de sódio (NaIO4) 10 mM - em tampão acetato de sódio 10 mM, pH 5,5. As lectinas, na proporção de 1mg/mL, foram diluídas no metaperiodato de sódio 10 mM e em seguida, incubadas em ambiente desprovido de luz por 10 minutos. Em seguida, as amostras foram dialisadas contra NaCl 0,15 M durante 16 horas. Decorrido esse tempo, realizou-se a atividade de hemaglutinação por diluição duplo-seriada. A presença da atividade hemaglutinante em todos os ensaios foi verificada macroscopicamente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A resistência frente aos agentes desnaturantes (ureia 4 e 8 mM) e oxidante (metaperiodato de sódio), as lectinas mostraram-se sensíveis, pois houve diminuição de suas atividades hemaglutinantes. A ureia provoca quebra de interações hidrofóbicas que consolidam a estrutura proteica, levando à sua desnaturação e assim redução ou perda da atividade. Já o metaperiodato de sódio pode gerar alterações irreversíveis em glicídios, nas glicoproteínas, clivando ligações entre átomos de carbono adjacentes que contêm grupos hidroxilas, ou através da oxidação dos aminoácidos da cadeia polipeptídica. Em relação ao agente redutor β-mercaptoetanol, ConBr II teve atividade específica aumentada em todas as molaridades, enquanto que ConBr teve sua atividade específica reduzida, sendo a redução maior na concentração de 20 mM. O β-mercaptoetanol age como doador de elétrons levando a redução da substância no qual está inserido e dessa maneira, quebra de quaisquer pontes dissulfeto que estabilizem sua estrutura provocando assim, sua desnaturação. Mediante aos comportamentos diferentes das lectinas pode-se inferir que ConBr II provavelmente não exibe pontes dissulfeto já que não sofreu influência negativa em sua atividade hemaglutinante frente ao agente redutor avaliado.
CONCLUSÕES:
A lectina ConBr se mostrou sensível a todos os agentes testados (ureia 4 M e 8 M; β-mercaptoetanol 5 mM, 10 mM e 20 mM; metaperiodato de sódio), enquanto que a ConBr II se mostrou sensível a ureia 4 M e 8 M e ao metaperiodato de sódio e resistente ao β-mercaptoetanol 5 mM, 10 mM e 20 mM. Dessa maneira, o conhecimento adquirido a partir desta caracterização possibilita uma melhor utilização das lectinas avaliadas evidenciando condições satisfatórias a serem empregues em posteriores ensaios de atividade biológica. Sendo ainda necessários mais estudos para viabilizar seu emprego com total eficiência.
Palavras-chave: ConBr, ConBr II, Resistência.