65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada
AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DE SABONETE LÍQUIDO À BASE DE ÓLEO ESSENCIAL DE CRAVO-DA-ÍNDIA (Eugenia caryophyllata)
Letícia Farias de Melo - Coord. Acadêmica do Curso Técnico de Química Industrial - IFPE Recife
Dulce Solange da Silva Lins - Coord. Acadêmica do Curso Técnico de Química Industrial - IFPE Recife
Sofia Suely Ferreira Brandão Rodrigues - Coord. Acadêmica do Curso Técnico de Química Industrial - IFPE Recife
Eduardo José Alécio de Oliveira - Coord. Acadêmica do Curso Técnico de Química Industrial - IFPE Recife
INTRODUÇÃO:
Óleos essenciais (OE) são líquidos voláteis, extraídos de diversas partes das plantas, geralmente, por hidrodestilação (WENQIANG et al., 2007) e ganharam importância por sua atividade antimicrobiana (SIMÕES et al., 2007 apud DA COSTA, 2011) e por apresentarem diversidade molecular, dificultando a resistência dos micro-organismos (OLIVEIRA et al., 2006). Os OE têm sido incorporados a vários produtos, entre eles, os cosméticos (DORES et al., 2006; ONOFRE et al., 2008).
O óleo essencial de cravo-da-índia apresenta efeito bactericida contra Escherichia coli, Listeria monocytogenes, Salmonella entérica (FRIEDMAN; HENIKA; MANDRELL, 2002), Campylobacter jejuni e Staphylococcus aureus (CRESSY et al., 2003), além de inibir o crescimento de Pseudomonas aeruginosa (PRABUSEENIVASAN; JAYAKUMAR; IGNACIMUTHU, 2006) e mostrar atividade contra os fungos Candida albicans, Penicillium islandicum e Aspergillus flavus. (LÓPEZ et al., 2005).
Contaminações e infecções podem ser evitadas apenas pelo uso de água e sabonete na degermação das mãos (TORTORA; FUNKE; CASE, 2005), sendo a qualidade microbiológica dos sabonetes um dos parâmetros iniciais de qualidade avaliados (BRASIL, 1999).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Realizar a contagem do número total de micro-organismos mesofílicos de uma formulação de sabonete líquido contendo óleo essencial de cravo-da-índia (OECI) como conservante.
MÉTODOS:
O OECI de botões florais secos foi obtido por hidrodestilação e utilizado como conservante na formulação de um sabonete-teste (ST) e como controle foi formulado um sabonete-padrão à base de metil e propilparabeno (SP).
Para o SP, os conservantes foram dissolvidos em água purificada e adicionados à amida. Após homogeneização, seguiu-se repouso para melhor incorporação (Fase A1). Para obtenção do ST, o OECI foi solubilizado na amida. O sistema foi deixado em repouso por um dia (Fase A2). A base dos sabonetes continha lauril sulfato de sódio, betaína, polyquaternium e base perolizante (Fase B). As Fases A1 ou A2 foram adicionadas às respectivas Fases B e homogeneizadas (Fase C). O EDTA foi adicionado posteriormente à Fase C, seguido de adição de água purificada em q.s.p. 150 mL.
Para contagem microbiana os sabonetes foram diluídos ao centésimo em salina 0,85% (m/v) estéril e filtrados em membrana de 0,45 um/47mm (BRASIL, 2005). Em seguida, as membranas foram inoculadas em ágar Mueller Hinton e ágar dextrose-sabouraud e incubadas a 32,5 ± 2,5 ºC/5 dias e 22,5 ± 2,5 ºC/7 dias para pesquisa de bactérias e fungos, respectivamente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A hidrodestilação teve uma duração média de 5h, apresentando um rendimento de 4% (v/m).
O sabonete-padrão apresentou pH final igual a 6,8, cor branca perolizada e aspecto cremoso. Depois de um mês de armazenamento, não mostrou separação de fases nem mudança de cor.
O sabonete-teste apresentou pH final de 6,4, cor ligeiramente amarelada, aroma agradável e aspecto cremoso. Depois de um mês de armazenamento, apresentou-se homogêneo, mas com uma mudança sutil de cor amarelada para bege claro.
Os dois sabonetes apresentaram, cada um, menos de 01 UFC/mL indicando boa qualidade microbiológica das matérias-primas, do processo de obtenção e do produto final. A Resolução 481 da ANVISA (BRASIL, 1999) determina para produtos cosméticos desta classe um limite de mesofílicos de até 5x10 3 UFC/mL, o que demonstrou o atendimento dos produtos formulados à legislação.
CONCLUSÕES:
Os sabonetes formulados mostraram qualidade microbiológica de acordo com a Resolução 481/99 da ANVISA (< 01 UFC/mL), além de homogeneidade, pH próximo da neutralidade, bom aspecto. O uso do óleo essencial de cravo-da-índia como conservante da formulação mostrou-se promissor, aliado à boa característica de rendimento (4%) proporcionada pela extração a partir de botões florais secos.
Palavras-chave: Controle de qualidade, Cosméticos, Atividade antimicrobiana.