65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 3. Literatura - 6. Literatura
A LITERATURA AFRICANA: A REPRESENTAÇÃO DA LITERATURA AFRICANA NO LIVRO DIDÁTICO.
Deysiane da Silva Mendes - Licenciatura em Letras-Língua Portuguesa – UNILAB
Élida Deângeles Lopes da Silva - Licenciatura em Letras-Língua Portuguesa – UNILAB
Lilian Maria de Moura Bandeira - Orientadora
INTRODUÇÃO:
No que se destina a cultura/literatura africana, no Brasil, em 9 de Janeiro do ano de 2003, foi sancionada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva, a Lei Federal nº 10.639, alterando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e tornando obrigatório para as escolas a implementação em seus currículos e a adaptação do ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana. A lei contempla a educação básica, com o intuito de reparar e reconhecer as desigualdades raciais e sociais sofridas pelas pessoas negras em nosso país. Reconhecendo assim, a importância do combate ao preconceito, o racismo e a discriminação, além de visar à redução das desigualdades no país. Sabe-se que a escola tem poder crucial na formação digna de cidadãos, já que se constitui um espaço onde ocorre o encontro das diferenças e que através das práticas pedagógicas pode-se reconhecer a importância dos africanos e afro-brasileiros no processo de formação nacional. O presente estudo faz-se relevante para entender a importância do ensino da literatura Afro-Brasileira, tendo em vista a criação da identidade nacional e o forte caráter nacionalista que herdamos dos Sul-africanos e propõe uma reflexão da prática do ensino proposto pela lei.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Verificar se os livros didáticos de Língua Portuguesa do ensino médio adotados pela EEFM Dr. Brunilo Jacó, oferecem o trabalho com a literatura africana e como abordam essa perspectiva. Averiguar o cumprimento da Lei Federal nº 10.639, visto sua forte relevância para a promoção da valorização das matrizes culturais que fizeram e continuam a fazer de nosso país um local múltiplo e plural.
MÉTODOS:
Foram realizadas, no primeiro momento, leituras e estudo da Lei Federal nº 10.639 que torna obrigatório para as escolas programarem seus currículos e adaptarem o ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Com o intuito de conhecermos a realidade da prática do ensino regido pela lei, recorremos à escola EEFM. Dr.Brunilo Jacó situada no município de Redenção/Ce. Posteriormente, realizamos entrevistas com docentes e discentes para comprovar a abordagem do ensino em questão, e solicitamos formalmente aos professores um empréstimo dos livros didáticos utilizados por eles na disciplina de Língua Portuguesa no ensino médio. Com o material em mãos, selecionamos a parte de cada livro destinada para a Literatura para que pudéssemos empreender uma análise mais sistemática deste fenômeno, ou melhor, para verificarmos se nas unidades existentes, a literatura africana fazia parte de sua constituição.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Após a realização das entrevistas e a análise do livro didático adotado pela escola, constatamos que a literatura africana é pouco apresentada, pois somente no livro didático do 3º ano, a literatura africana é abordada. Vale ressaltar que o material utilizado apresenta apenas um capítulo destinado à abordagem do conteúdo em questão, sendo que a proposta do ensino se dá mediante alguns fragmentos de obras e de biografias de autores africanos. Os exercícios trazidos no livro são referentes aos fragmentos apresentados, enfatizando alguns aspectos relacionados à própria narrativa e a elementos constituintes, como personagens, ambientes, conflitos, voltados a aspectos de interpretação textual. Assim, nota-se que o ensino da literatura africana dá-se de maneira superficial, o que representa um prejuízo para os educandos, já que poderá levar à diminuição da oportunidade do conhecimento a diversidade da cultura, dos costumes, dos valores, das religiões e de vários outros aspectos que a literatura africana traduz da sua terra e da sua gente.
CONCLUSÕES:
Apesar da existência da Lei Federal nº 10.639 que torna obrigatório para as escolas o ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana, concluímos que a lei não é atendida em sua integralidade. Tendo consciência de que mesmo essa Lei se constituindo como instrumento legal que tende a orientar e ampliar as instruções educacionais quanto a suas atribuições, ainda sim não se universalizou no âmbito escolar, já que o livro didático não atende as propostas trazidas pela lei. É importante também, destacar que muitos profissionais não são capacitados para realizarem constantemente atividades que envolvam a cultura/literatura africana, estando assim, a cargo do educador, que mesmo com sua pouca instrução e conhecimento tendem a realizarem uma abordagem fragmentada e estereotipada com relação à pluralidade cultural. É imprescindível que o ensino da Literatura africana dê-se de maneira satisfatória, como é proposta na lei, para que proporcione aos discentes o reconhecimento da importância dos africanos e afro-brasileiros no processo de formação nacional.
Palavras-chave: Ensino, Literatura africana, Lei Federal nº 10.639.