65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA DO ESTADO DE MATO GROSSO: A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES DA ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA E MATEMÁTICA A PARTIR DAS VIVÊNCIAS EM SALA DE AULA
EMERSON JOSE BELO DE SOUZA - Professor Formador (CEFAPRO/SEDUC-MT)
DIRLEI PERIN - Professor Formador (CEFAPRO/SEDUC-MT)
ROSALIA DE AGUIAR ARAUJO - Professora Formadora (CEFAPRO/SEDUC-MT)
INTRODUÇÃO:
Consonante à Política Educacional de Organização por Ciclos de Formação Humana, o Estado de Mato Grosso construiu um Documento (MATO GROSSO, 2011) na intenção de aproximar as áreas de conhecimento. Nesta perspectiva, a formação idealizada é aquela mobilizadora de (re)significação da prática pedagógica docente, a partir das vivências do coletivo de educadores, que ao mesmo tempo, propicie a autoria e a reflexão sobre suas práticas, segundo a tríade ação-reflexão-ação (SCHÖN, 1995; PIMENTA, 2005 e NÓVOA, 2009). Assim, nos perguntamos que formação oportunizar aos professores da área de Ciências da Natureza e Matemática, de modo que utilizem, as Orientações propostas pelo Estado como referenciais na elaboração de currículos e planejamentos escolares. A partir destas inquietações, propomos uma formação baseada nos processos de ação-formação-pesquisa e de suas três lógicas heterogêneas (TARDIFF, 2001). A relevância desta proposta está na percepção de que o professor enquanto sujeito subjetivo do processo ensino–aprendizagem precisa ser ouvido, percebido enquanto autor e ator de sua ação pedagógica, compreendendo que o saber fazer docente deve ser construído com o apoio teórico (DEMO,2003).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Relativizar por meio de formação realizada pelo CEFAPRO Pólo de Juara em março de 2013, as vivências e experiências das práticas pedagógicas dos professores da Área de Ciências da Natureza e Matemática que atuam no Ensino Fundamental e Médio, a partir da concepção que possuem da aproximação das disciplinas que compõem a área nas proposições das Orientações Curriculares do Estado de Mato Grosso.
MÉTODOS:
Os grupos de estudos estabelecidos na escola como lócus de formação continuada, atendem de certa forma aos desafios de aprendizagem no âmbito coletivo. Todavia, o papel da Área de Ciências da Natureza e Matemática, que é o de “ampliar a percepção da relação humana, na interação com o meio físico-químico-biológico-sociocultural (...),favorecendo a (re)organização do pensamento lógico-matemático como instrumento de (re)elaboração dos conceitos científicos” (MATO GROSSO, 2012, p.8), impõe outras organizações pedagógicas. Partindo desse pressuposto, organizamos uma formação com momentos de debate sobre a importância da área de conhecimento no currículo, mobilizamos o grupo a perceber como as disciplinas da área se aproximam e articulam-se, quais pontos convergem e aproximam-nas e quais divergem diferenciando-as. A proposta era a de que os professores, reunidos por disciplinas, elaborassem a partir dos materiais disponibilizados pelos formadores, experimentos evidenciando o Método Científico apresentado nas Orientações Curriculares como o foco da área. Os momentos de produção e desenvolvimento dos experimentos foram registrados, utilizando a escrita, a sistematização, o desenho e a fotografia de maneira que os mesmos fossem posteriormente socializados, por meio das novas tecnologias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A proposta de elaboração de experimentos durante a formação indicou que a maioria dos professores conhece as experiências e experimentos que podem ser desenvolvidos nas aulas de cada disciplina, porém sentem dificuldade em vivenciar o método científico. Ao descrever o problema pelo qual a experiência seria realizada, os professores se preocuparam em ora em relatar os resultados esperados, ora em dizer quais conteúdos seriam desenvolvidos. Neste contexto, as experiências se resumiram às demonstrações científicas, diminuindo a capacidade de elaborar questões investigativas, descrever os procedimentos utilizados e análise dos resultados encontrados. Ao propor aos profissionais da educação uma formação que parte da prática para a teoria, concentrando seus interesses em um número variado de estratégias para melhorar o fazer docente, estamos mobilizando conhecimentos oportunizadores de compromisso desses profissionais com a reflexão e a mudança didático-metodológica para a melhoria da qualidade do ensino. Com este propósito, esta formação se propôs a mobilizar os docentes a inserir em suas práticas pedagógicas momentos que relacionam, por meio de atividades, o fazer científico e a curiosidade para buscar respostas.
CONCLUSÕES:
As marcas de uma visão ainda voltada para um pensamento disciplinar e fragmentado na área de Ciências da Natureza e Matemática foi facilmente percebida nos debates provocados pós-experimentos e demonstrações utilizados nos momentos coletivos de socialização entre os envolvidos. As práticas pedagógicas de conhecimentos com experimentos e outras provocações existem, mas sem o cunho investigativo e de compreensão interdisciplinar entre os profissionais da área. O trabalho a ser desenvolvido a partir das Orientações Curriculares de Mato Grosso deve também considerar para a formação continuada desses educadores, os diversos tempos (de atuação, formação, vivências, dentre outros). Nesse aspecto, chamamos a atenção que, se considerarmos a formação inicial, observa-se a prevalência das práticas e discursos dos que atuam há mais tempo (e de certa forma constitui um grupo de resistências), àqueles recém chegados ao âmbito escolar que vivem um tempo social diferente – evidenciado por suas experiências com as novas tecnologias. Estes últimos devem, de certa forma, refletir na perspectiva da ação na área nos níveis disciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar, propostos nas Orientações curriculares, possibilitando, portanto a comunicação entre as disciplinas da área e inter-áreas.
Palavras-chave: Formação Continuada, Ciências da Natureza e Matemática, Currículo.