65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
RELAÇÃO ENTRE CONDIÇÕES DE SANEAMENTO BÁSICO, FATORES COMPORTAMENTAIS E A PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES, NOS MORADORES DO LOTEAMENTO BOA ESPERANÇA, MUNICÍPIO DE PAULO AFONSO-BA
Elian Sandra Alves de Araújo - PPGECIM/UFAL
Alana Priscila Lima de Oliveira - PPGECIM/UFAL/2ª CRE
INTRODUÇÃO:
O reconhecimento da importância do saneamento e de suas relações com a saúde do ser humano remonta às mais antigas civilizações humanas (SOUZA, 2006). O acesso regular a condições básicas de saneamento ainda são grande foco de preocupação e discussão, visto que estes serviços estão inseridos na complicada temática saneamento, saúde e meio ambiente. A persistência da problemática do saneamento encontra-se fortemente associada ao modelo socioeconômico praticado no qual a população mais vulnerável corresponde justamente àquela excluída dos benefícios do desenvolvimento (HELLER, 1998). No entanto, ao nível social ou socioambiental, os serviços de saneamento estão entre os principais e insubstituíveis instrumentos capazes de garantir a construção saudável das cidades, ou a correta inserção das intervenções urbanas e da população no meio físico (MELO, 2008). A atual Política Nacional de Saneamento Ambiental (PNSA) traz consigo a expectativa de se constituir em alavanca para o acesso universal aos serviços, prestados com qualidade, equidade e integralidade, com controle e participação social (BRASÍLIA, 2004).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Verificar se a alta prevalência de enteroparasitoses encontradas em inquérito parasitológico realizado com a comunidade do Loteamento Boa Esperança, está relacionada apenas à ausência de condições adequadas de saneamento básico ou também aos hábitos sanitários e ao pouco conhecimento dos moradores a respeito dos riscos associados a esta temática.
MÉTODOS:
Este trabalho foi uma pesquisa aplicada, onde, procurou-se estabelecer conhecimentos úteis à solução dos problemas sociais da comunidade em estudo, com caráter quantitativo e qualitativo, sendo realizada em etapas distintas, a saber: 1) Visitas a Secretária de Saúde e ao setor de Vigilância Sanitária para coletar os dados referentes aos casos de doenças diarréicas dos últimos três anos no município; 2) entrevista com a representante da Empresa Baiana de Água e Saneamento- EMBASA, de modo a obter informações sobre a atuação da empresa no município; 3) Busca de dados no posto do IBGE; 4) aplicação de questionários com os moradores de cada residência da comunidade (crianças com média de oito anos e adultos). Os questionários foram compostos por perguntas fechadas e abertas, estas últimas totalmente desestruturadas, o que segundo Martins & Lintz (2000) permitem que o informante responda livremente com frases e orações.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Em pesquisa realizada por Araújo em 2006 ficou evidente o fato de o poliparasitismo ser regra na comunidade, já que em todas as famílias havia pelo menos um indivíduo infectado por mais de 2 parasitas. Quando perguntados se a água que chega a suas casas é tratada, foram unânimes ao dizer que não. Já sobre o esgotamento sanitário da localidade, 91,7% associaram o mesmo, as fossas da comunidade. Quanto a associação de possíveis doenças aos esgotos os resultados foram mais preocupantes, pois foi observado que 58,4% dos entrevistados não associam nenhum risco de doença aos mesmos. Em relação aos hábitos de higiene entre os adultos, os resultados foram positivos, em média 70%. Apenas uma minoria, diz não ter estes hábitos, porém com as crianças os resultados encontrados foram diferentes. No tocante a higiene dos alimentos 97,2% dos participantes disse que o fazem, mas que não podem controlar os seus filhos, pois “menino do jeito que pega coloca na boca!” Tal cuidado do adulto com a higiene e manipulação de alimentos, seria importantíssimo dentro dos princípios para evitar a contaminação por enteroparasitoses, segundo Neves (1995) as mães se forem assintomáticas, por estarem diretamente ligadas à manipulação de alimentos podem tornar-se veículo de disseminação de protozoários.
CONCLUSÕES:
É evidente que doenças causadas por veiculação hídrica e as que estão associadas com a ausência de rede esgotos – como as enteroparasitoses, apresentam-se nas mais variadas formas. Faz-se notório os riscos que a abstinência de ações efetivas no setor de saneamento, por parte das autoridades responsáveis à que estão expostos os moradores do Loteamento Boa Esperança e demais comunidades rurais que compõem o município. O esgotamento inadequado dos dejetos e o consumo de água bruta, situação ofertada aos moradores, confrontam o princípio da equidade, bem como o da beneficência, que por sua vez visa o bem estar das pessoas, prevenindo e removendo os danos que este conjunto de fatores pode causar a toda comunidade. Podemos destacar também que ao se fornecer medidas básicas de saneamento, têm-se uma melhora significativa dos problemas ambientais e de saúde. No entanto, nos parece correto afirmar que estas medidas podem ter seus efeitos diminuídos ou anulados quando realizadas de forma isolada, sem um programa de educação sanitária ou o mesmo em situação contrária, de modo que, não podemos desconsiderar a relevância das mesmas quando realizadas de modo isolado em áreas de exclusão social, sendo que esta se constitui uma lacuna a ser investigada.
Palavras-chave: Enteroparasitas, Saúde, Educação Sanitária.