65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 1. Astronomia - 3. Astrofísica Extragaláctica
O TELESCÓPIO ESPACIAL SPITZER E A REGIÃO HII GIGANTE NGC3247
Ludmylla Ribeiro dos Santos - Licenciatura em Ciências da Natureza/SRN - UNIVASF
Amaury Moura Viana Junior - Licenciatura em Ciências da Natureza/SRN - UNIVASF
Alessandro Pereira Moisés - Prof. Dr./Orientador - Colegiado de Ciências da Natureza/SRN - UNIVASF
INTRODUÇÃO:
As estrelas de alta massa (M > 8 MSol) têm grande impacto na energia e na composição química do meio interestelar através de seus ventos estelares e quando explodem em forma de supernovas. A compreensão da formação e evolução dessas estrelas, entretanto, apresenta lacunas muito maiores que para as de baixa massa. O fato de as estrelas massivas nascerem em aglomerados estelares faz com que o estudo de sítios de formação estelar (Regiões HII) seja chave para o estudo da formação estelar como um todo. A raridade destes objetos se deve, por um lado, à lei de formação estelar (Elmegreen, 2011), que produz uma quantidade de objetos decrescendo exponencialmente com a massa e, por outro, aos tempos extremamente curtos das fases iniciais de formação. Observações utilizando o infravermelho são muito importantes, uma vez que estes comprimentos de onda são grandes o suficiente para sofrer menos com a absorção interestelar (Mathis, 1990), ao mesmo tempo em que são pequenos o suficiente para fornecerem informações fotosféricas das estrelas (como cor, luminosidade e temperatura). Além disso, sua distribuição espacial pode ser utilizada como indicador da estrutura espiral da Via Láctea (Moisés et al., 2011), uma vez que estes objetos ainda não se libertaram do gás que os formou.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo é o estudo dos processos de formação de estrelas de alta massa por meio de fotometria, utilizando diagramas de cores estelares. Observações com alta sensibilidade no infravermelho médio, através de dados do Spitzer, tornam possível o estudo de uma grande amostra de MYSOs. Como seus dados já estão disponíveis ao público em geral, tornam-se uma grande oportunidade para a busca de MYSOs.
MÉTODOS:
Este trabalho foi desenvolvido utilizando catálogos fotométricos do banco de dados do telescópio espacial Spitzer (irsa.ipac.caltech.edu). Este telescópio espacial fez uma varredura na direção do plano galáctico em busca de fontes infravermelhas. Ele observou o céu em quatro canais distintos: 3.6, 4.5, 5.8 e 8.0 micrômetros, seus dados já estão públicos. Após baixados os dados de catálogos, a busca por estrelas de alta massa em estágios iniciais de formação, e ainda imersas no gás e poeira que as formam, é baseada através da identificação destes objetos em diagramas de cores estelares. Estes diagramas são construídos da seguinte forma: (3.6 – 4.5) X (5.8 – 8.0) micrômetros. Estes objetos estelares jovens (MYSOs, do inglês: Massive Young Stellar Objects) apresentam um excesso em emissão no infravermelho, devido ao gás e poeira aquecidos que ainda os envolvem, ou seja, estes objetos terão uma maior luminosidade em grandes comprimentos de onda (infravermelho). Sua cor, portanto, é bastante diferente da cor de uma estrela com fotosfera nua, e podem ser facilmente apontados em um diagrama de cores estelares. A identificação pormenorizada do tipo espectral do objeto demandará observações espectroscópicas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados deste trabalho de Iniciação Científica estão focados na região de formação estelar: NGC3247. O diagrama de cores estelares obtido para esta região HII gigante exibe um bom número de objetos estelares jovens, ainda em suas fases iniciais de formação. Encontramos alguns candidatos a objetos jovens através de sua principal característica: o excesso de emissão para grandes comprimentos de onda. Estes resultados fazem parte de um programa maior de busca por objetos estelares jovens e de alta massa (MYSOs) no plano da Galáxia. Este trabalho maior, busca não só entender os mecanismos de formação destas estrelas de grande massa, como também visa utilizar estes objetos jovens como traçadores da estrutura em espiral da Galáxia. Eles podem ser utilizados como traçadores desta estrutura em espiral (gás) porque ainda não se libertaram de suas regiões de formação, estão ainda acompanhando a dinâmica do conteúdo gasoso da Galáxia. Este último passo será bastante robusto, mas demandará um certo tempo para levantar uma bom número de regiões de formação estelar.
CONCLUSÕES:
Neste trabalho já é possível constatar a presença de um bom número (cerca de 20) objetos com excesso de emissão em grandes comprimentos de onda (infravermelho médio) na direção da região de formação estelar: NGC3247. Estes objetos são, na verdade, candidatos a MYSOs (termo em inglês para: objetos estelares jovens e de alta massa). Nesta região de formação estelar, a presença de objetos jovens foi apontada devido à localização destes em diagramas de cores estelares. Usualmente, devido à sua maior luminosidade em grandes comprimentos de onda, eles estão localizados da seguinte forma: quanto mais para a direita e/ou para cima no diagrama maior o excesso de emissão circunstelar, e maior, portanto, é a contribuição do gás na luz do objeto observado. Por outro lado, uma identificação pormenorizada de cada objeto demandará observações espectroscópicas. Esta etapa futura é essencial para identificar o tipo espectral da estrela jovem (massa, temperatura, etc.), contribuindo para a determinação de sua distância. Estas observações espectroscópicas deverão ser realizadas através de telescópios localizados nos Andes chilenos, e que o Brasil tem participação (SOAR e Gemini, por exemplo).
Palavras-chave: Formação estelar, MYSOs, Infravermelho.