65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 5. Sociologia Rural
Diagnóstico Rápido Participativo ( DRP), aplicado na Comunidade de Várzea Grande, Oliveira dos Brejinhos- BA.
Ramon Nascimento dos Santos - Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Ildos Parizotto - EMBRAPA - Mandioca e Fruticultura
INTRODUÇÃO:
Um processo participativo tem como função possibilitar a auto-avaliação de cada participante e da própria comunidade, refletir sobre as atividades do cotidiano e os seus efeitos, inovar nos objetivos materiais e nas novas formas de convivência social. (Kimura,2004).
Para VERDEJO (2006), a equipe que intermedia o DRP deve intervir o mínimo possível ao desenvolver as atividades de diagnóstico, não confrontando as pessoas com uma série de perguntas, pois isto poderá alterar o resultado. Busca-se que os próprios participantes reconheçam, identifiquem e analisem a sua realidade e as opções para um desenvolvimento mais sustentável.
O DRP foi aplicado na comunidade de Várzea Grande, BA, interior do município de Oliveira dos brejinhos, pertencente ao território de Cidadania do Velho Chico. Os moradores da comunidade estão organizados na Associação dos Caprinocultores de Várzea Grande, onde residem 62 famílias. e a mesma tem 103 sócios. A principal atividade econômica é a caprinocultura, sendo que a Associação é a única via de comercialização.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Identificar e avaliar problemas, oportunidades de produção para o desenvolvimento local por meio de alternativas viáveis de convivência com a seca e combate a insegurança alimentar, bem como, transporte e comercialização do excedente.
MÉTODOS:
A técnica da auto-apresentação busca a apresentação de todos os presentes, iniciou-se com a equipe do Projeto Brasil Sem Miséria liderado pela Embrapa. Houve breve exposição dos motivos da reunião e a proposta de trabalho que foi aceita pelos agricultores, ou seja, a aplicação do diagnóstico e o estabelecimento dos horários de intervalo e término. Em seguida os agricultores se apresentaram. Após as apresentações, iniciou-se o DRP, utilizando-se de papel metro e pincel atômico como material didático, conversas dialogadas, pois o grupo presente não comportava divisão. O DRP utilizou-se de uma adaptação da ferramenta problemas/priorização, buscando identificar a possível “solução”, de “quem” seria a responsabilidade para busca da resolução e o estabelecimento de um “prazo”. Iniciando com os problemas enfrentados pela comunidade, seguidos das soluções sugeridas pelos produtores para resolvê-los. O terceiro pilar é baseado em quem pode tomar providências para promover essas soluções ou mesmo executar as atividades e para finalizar foram decididos os prazos para cada atividade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O DRP apontou os principais pontos de vulnerabilidade da comunidade de Várzea Grande e indicou algumas alternativas para a solução dos problemas. Evidenciou-se a preocupação com as dificuldades de convivência com a seca, a reflexão apontou que esse é o único problema que não depende somente da comunidade, mas sim de todo um processo de melhoramento das políticas públicas direcionadas para uma solução sustentável ao longo do tempo. Diversos problemas foram detectados, destacam-se: falta de oportunidade para os jovens que ali residem, conseguir acesso aos ensinos técnico e superior; contratação de profissional para a elaboração de projetos com o intuito de captar recursos materiais e financeiros; e, a comercialização da produção.
Em alguns aspectos a comunidade conseguiu avançar, principalmente na busca de parcerias. A Embrapa implantará uma Unidade de Aprendizagem (UA), que terá como função ser uma reserva estratégica de alimentos para as criações de caprinos. Esta UA representa, segundo algumas falas, a possibilidade de alcançar maior autonomia e estabilidade na alimentação dos animais, bem como, proporcionar melhoria na rentabilidade da exploração de caprinos.
CONCLUSÕES:
A comunidade de Várzea Grande demonstrou carência em diversos aspectos, como: assistência técnica; infra-estrutura; e acesso a políticas públicas para a convivência com a seca.
A ferramenta de diagnóstico participativo mostrou-se eficiente, alcançando de forma precisa o conhecimento da realidade a a interatividade com o grupo de agricultores. Notou-se ainda a satisfação por parte dos moradores, em conseguir organizar o mapa de problemas/priorização. Mesmo com os resultados apontados pelo DRP, eles demonstraram ser um grupo com um capital social relevante e capacitado para buscar possíveis parcerias para a solução de seus problemas.
Palavras-chave: Diagnóstico rápido participativo, Identificar, Comunidade.