65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 13. Ensino Profissionalizante
O DISCURSO HEGEMÔNICO DO CAPITAL: UM SUBPRODUTO DA IDEOLOGIA (NEO)LIBERAL
Simone Natividade - Mestranda em Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação- PPGE-UFAL
Maria do Socorro Aguiar de Oliveira Cavalcante - Profa. Dra. Orientadora:Programa de Pós-Graduação em Educação e Linguística-UFAL
INTRODUÇÃO:
Nosso objetivo é desvelar as implicações ideológicas que envolvem o discurso do Projovem Urbano, dentro do cenário educacional brasileiro. Para tanto, nos apoiaremos nos pressupostos teóricos metodológicos da Análise do Discurso, doravante (AD) de linha Francesa inaugurada por Michel Pêcheux, na França, no final dos anos 60 ancorada no materialismo histórico dialético. Estabelecemos também uma interlocução com Lukács, Orlandi, Bakhtin/Volochinov e outros teóricos que refletem sobre o atravessamento da ideologia nos processos de produção de sentido. Concluímos que nosso trabalho se torna relevante por agregar reflexões de caráter político para o desenvolvimento educacional de nosso país.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O trabalho em questão tem como objetivo desvelar as estratégias ideológicas que mantém o controle discursivo a favor de interesses hegemônicos. Elegemos como objeto de estudo a proposta do Governo Federal, para inserção de jovens no mundo do trabalho, intitulada de PROJOVEM URBANO, que sustenta o “Discurso da Inclusão”.
MÉTODOS:
Nossa pesquisa é de cunho qualitativo. O corpus foi constituído em torno de dois eixos: a proposta do programa PROJOVEM URBANO e o que vem sendo praticado em oito anos de programa-(2005 a 2013.) e se concentrou em documentos oficiais que regulamentam o programa como: Projeto Político Pedagógico do Projovem Urbano- PPP (PJU) e nas propagandas veiculadas pelo Governo Federal. O levantamento bibliográfico foi efetuado levando-se em consideração as obras ligadas à Análise do Discurso, Políticas Públicas Educacionais e EJA.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os Programas Educacionais tem obtido destaque no Brasil, cercados de propostas sustentadas pelo discurso da inclusão os quais remetem à democratização de acessos, reinserindo o jovem na escola e incluindo o mesmo em espaços de direito. Em nossa análise, porém, constatamos que o supracitado programa não inclui efetivamente e serve apenas para controlar e padronizar discursos. Nota-se que esse discurso de inclusão traz algo fragmentado e insuficiente que apenas alimenta a rede de interesses do sistema capitalista. Por fim, as promessas de qualificação profissional e inclusão social não são cumpridas; grande parte desses alunos vai parar no mercado informal.
CONCLUSÕES:
Em linhas gerais, o governo oferece políticas de inclusão paliativa, materializadas em programas, projetos que apenas pincelam os problemas educacionais, uma vez que, não há interesse na emancipação dos sujeitos; os mesmos são convertidos em massa de manobra. A oferta do Governo Federal é representada pelo ensino fragmentado e imediatista, cujo objetivo é reproduzir mais mão de obra barata e menos consciência crítica, a tendência é a seletividade e elitização do conhecimento. Constata-se que o universo educacional virou bem de consumo ou mercadoria abastecendo o sistema neoliberal. Só aqueles que podem comprá-la a ela têm acesso. A tão propagada educação de qualidade não alcança os muros da escola. Como afirma Cavalcante (2012, p.216, et alii): “a expressão “educação de qualidade” não pode ser interpretada como se encerrasse em si um sentido único. Ela pode materializar discursos radicalmente opostos [...]”. Logo, a escola de qualidade, defendida pelas políticas governamentais é aquela que atende às exigências do mercado; não a que deveria ter por objetivo possibilitar a todos o acesso ao conhecimento científico e aos bens culturais historicamente produzidos.
Palavras-chave: Controle Discursivo, Políticas de Inclusão, Universo Educacional.