65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS COM AUMENTO DA CIFOSE TORÁCICA
Aracelli Laíse Tavares Mendonça Diniz - Dep. de Fisioterapia - UEPB
Acsa Priscila Queiroz - Dep. de Fisioterapia - UEPB
Denize Oliveira Bonfim - Dep. de Fisioterapia - UEPB
Thâmmara Lariane Henriques Tito - Dep. de Fisioterapia - UEPB
Hellen Louise Lino de Sousa - Dep. de Fisioterapia - UEPB
Vitória Regina Quirino de Araújo - Profa.Dra./Orientadora - Dep. de Fisioterapia - UEPB
INTRODUÇÃO:
O envelhecimento populacional desponta como um fenômeno mundial, atingindo os países em desenvolvimento, como o Brasil. As alterações na distribuição etária nacional configuram um novo perfil da população brasileira e demandam aprofundamento dos conhecimentos acerca do processo de envelhecimento humano e de suas implicações na saúde, com ênfase na capacidade funcional da população que vive esse processo. Dentre as várias transformações observadas no processo do envelhecimento humano destacam-se as alterações da postura, observadas especialmente no plano sagital e que configuram um padrão postural típico do idoso.Estas modificações do padrão postural do idoso podem ser decorrentes de múltiplos fatores, dentre os quais destacamos os declínios funcionais no sistema musculoesquelético, tais como a redução da força muscular e da flexibilidade (KAUFFMAN, 2001). A hipercifose torácica, definida como acentuação da concavidade da curvatura torácica da coluna vertebral, é uma alteração postural frequente nos idosos, tendo prevalência estimada de 20% a 40% entre homens e mulheres de idade mais elevada, estando o aumento do ângulo da cifose relacionado à progressão da idade e ao declínio do desempenho físico e da capacidade funcional (TAKAHASHI et al, 2005; KADO, 2009; KATZMAN et al, 2010).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar o alinhamento corporal de idosos; identificar a ocorrência de hipercifose torácica; verificar os níveis de capacidade funcional presentes e comparar a capacidade funcional de idosos com e sem aumento da cifose torácica.
MÉTODOS:
Estudo analítico, de caráter transversal e abordagem quantitativa, realizado no Centro de Convivência de Idosos (CCI), localizado no município de Pocinhos – PB, em outubro de 2012. Após seleção, de acordo com os critérios estabelecidos, a amostra do tipo intencional e por acessibilidade foi composta por 31 idosos não institucionalizados, com idade igual ou superior a 60 anos, que participam assiduamente das atividades desenvolvidas na instituição selecionada. Os idosos pesquisados foram submetidos à entrevista, na qual foi aplicado o questionário demográfico e epidemiológico. Em seguida, foram realizados os procedimentos de avaliação da postura, através da Avaliação Postural Visual conforme o padrão postural proposto por Kendall et al (1995), e da capacidade funcional, através do Índice de Independência nas Atividades de Vida Diária de Katz, sendo os escores finais obtidos conforme o sistema de pontuação proposto pelo Hartford Institute for Geriatric Nursing (1998). Os dados foram alisados no programa estatístico SPSS versão 18, por meio de Estatística Descritiva e Inferencial, sendo a última feita através do teste t-Student para amostras não-pareadas, tendo sido estabelecido intervalo de confiança igual a 95%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A amostra de 31 idosos foi composta predominantemente por indivíduos do sexo feminino (83,9%), sendo a média de idade da mesma de 71,29 (DP± 8,26). Quanto à Avaliação Postural, identificamos que 71% dos idosos incluídos na pesquisa apresentavam algum grau de hipercifose dorsal, sendo que esta alteração postural foi mais prevalente entre aqueles que tinham idade superior a 70 anos, sugerindo que a alteração postural investigada mantém relação com a progressão da idade. Quanto aos resultados obtidos através do Índice de Katz, observamos que a média de pontos alcançados foi 5,55 (DP±0,51), tendo os valores de escores variado entre 5 e 6 pontos. Tais resultados sugerem que os idosos avaliados são independentes na realização das atividades básicas de vida diária. Quando avaliamos a capacidade funcional dos idosos, considerando a presença ou ausência do aumento da cifose torácica, observamos que não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos. Apesar do grupo com aumento da cifose torácica ter apresentado pontuação média discretamente superior a do grupo com cifose normal, ambos os grupos obtiveram média de pontuação sugestiva de independência funcional na execução das ABVD, resultado semelhante ao encontrado por Takahashi et al (2005).
CONCLUSÕES:
Os resultados dessa pesquisa mostraram que a capacidade funcional dos idosos da amostra estudada não foi influenciada pelo aumento da cifose torácica, não sendo evidenciada diferença funcional entre os grupos com cifose torácica aumentada e cifose torácica normal. Além disso, ambos os grupos apresentaram avaliação compatível com capacidade funcional preservada, aspecto que favorece a manutenção da independência e a participação desses idosos no grupo de convivência e nas demais atividades destinadas a este público, incluindo, as de ordem laborativa e de lazer. Estes resultados sugerem que as possíveis repercussões negativas da hipercifose torácica sobre a capacidade funcional podem ser manifestações tardias do processo do envelhecimento, tendo em vista que a funcionalidade dos idosos desse estudo, cuja média de idade atingiu pouco mais de 70 anos, não sofreu influência negativa do aumento da cifose torácica. Em virtude da escassez de estudos nacionais direcionados a essa temática sugerimos a realização de novos estudos, com amostras mais representativas e com métodos que permitam mensurar a progressão dos graus de hipercifose torácica, bem como sua possível influência na capacidade funcional do idoso.
Palavras-chave: Idoso, Postura, Capacidade Funcional.