65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica
O USO DE DEBATES COMO ESTRATÉGIA MOTIVADORA PARA O ENSINO DE CITOLOGIA NO ENSINO MÉDIO
Diego Michel Jácome Batista - Graduação em Ciências Naturais - Faculdade UnB Planaltina
Aline Firminio Sampaio - Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências - Universidade de Brasília
Júlia Viegas Mundim - Graduação em Ciências Naturais - Faculdade UnB Planaltina
Tiago Guimarães Silva Lucena - Graduação em Ciências Naturais - Faculdade UnB Planaltina
INTRODUÇÃO:
O conteúdo de citologia é fundamental para a compreensão de como os organismos funcionam, além de ser um campo de aplicações importantes (ZANCUL, s/d). Entretanto, muitos alunos apresentam uma formação com deficiências nessa área. Um dos fatores que propiciam a baixa aprendizagem em Citologia é a utilização de uma abordagem pouco dinâmica para um tema que extremamente complexo. De acordo com Alves (2011), o processo de ensino aprendizagem no campo da citologia vem exigindo práticas diversificadas, pois os conceitos biológicos vêm mudando significativamente devido aos avanços da tecnologia. Uma maneira de tornar as aulas mais dinâmicas é a utilização de debates. Segundo Altarugio et al. (2010), a realização de debates em sala de aula oferece aos alunos a oportunidade de exporem suas ideias prévias a respeito de fenômenos e conceitos científicos num ambiente estimulante. Nesse sentido, foi realizado com estudantes de ensino médio (divididos em meninos x meninas) um debate científico, com o intuito de ser uma ferramenta de investigação individual do conteúdo, sobre células tronco, buscando aproximar o conteúdo estudado em sala com o cotidiano dos estudantes.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Verificar como o uso de debates em sala de aula pode despertar o interesse pelo conteúdo de citologia, desenvolver o instinto investigativo em estudantes do 1° ano do Ensino Médio.
MÉTODOS:
A atividade foi realizada em duas turmas (aqui denominadas A e B) do 1º ano do Ensino Médio de uma escola particular do Distrito Federal, em três momentos. No primeiro momento, o professor regente entregou aos estudantes artigos que abordavam os avanços da ciência sobre o uso de células tronco (embrionárias e como células adultas). Em seguida, foi exibido um documentário que abordava as pesquisas com células tronco realizadas no Brasil, com a intenção de despertar o interesse dos estudantes em relação ao tema. O segundo momento foi destinado à realização de pesquisas pelos estudantes, em caráter individual, que abordassem sobre a utilização de células tronco embrionárias, com a finalidade de preparar os estudantes para a realização do debate. No terceiro momento, se esclareceu as regras e o debate foi feito, tendo o professor regente como mediador. O debate iniciou com questionamentos do professor regente, que abordavam assuntos como a não utilização de células tronco embrionárias, as questões éticas e sociais envolvidas no processo, reprodução in vitro e a aplicação de células tronco no tratamento de determinadas doenças. As equipes vencedoras foram aquelas que apresentaram as melhores argumentações, premiando-os com chocolate.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Durante a realização do debate, observou-se que estudantes se mostraram muito interessados e dispostos a participar do debate. Aproximadamente 90% dos alunos participaram das discussões sobre o tema, apresentando seus pontos de vista pessoais e argumentos baseados em artigos, científicos, reportagens e até mesmo leis e artigos da constituição brasileira. Na turma A, os meninos ganharam o debate enquanto na turma B, as meninas foram as vencedoras. Os critérios de pontuação estavam relacionados aos argumentos utilizados e a forma de expressão destes pelos alunos. Verificou-se, então, que a realização de pesquisas favoreceu ao enriquecimento do debate, e que os estudantes se sentiram mais confiantes em expressar suas opiniões após os estudos prévios sobre o tema. Constatou-se que, mesmo após a realização do debate, os estudantes ainda comentavam sobre as discussões realizadas em sala, além de propor novos assuntos relacionados às células tronco para serem estudados durante as aulas de Biologia. Pôde-se perceber que os alunos chegaram a fugir do tema. O professor deve estar atento a todo processo, sendo capaz de analisar a cada instante o desenvolvimento da discussão, verificando o raciocínio da equipe, orientando o debate para que ele se torne mais produtivo.
CONCLUSÕES:
Conforme Altarugio et al. (2010), a prática do debate como estratégia de ensino em aulas de ciências não é comum nem tampouco trivial, o que desmotiva a sua utilização em sala de aula, por parte de muitos professores. Apesar das dificuldades encontradas durante o processo, elas não inviabilizam a sua utilização em sala de aula. Os problemas encontrados não tomaram grandes proporções, pois o debate estava bem estruturado e todos tinham as regras do debate bem definidas. Portanto, a organização do debate permite que os alunos desenvolvam sua capacidade de coordenar o pensamento e expô-lo em grupo, contribuindo inclusive sobre seu modo de agir em sociedade. O debate foi bem visto pela turma e motivou nos estudantes à realização de uma atividade investigativa aprofundado no assunto, o que contribuiu para o aprendizado dos mesmos. Quando os alunos e o professor estão assim bem preparados o trabalho acontece de forma mais objetiva, e clara. O debate científico é um recurso didático de custo desconsiderável, que permitiu uma maior interação entre os próprios alunos e entre o professor com os alunos, permitindo uma troca de conhecimento e o estabelecimento de uma nova maneira de pensar.
Palavras-chave: Ensino de Citologia, Educação Básica, Uso de Debates em Sala de Aula.