65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 3. Economia - 8. Economias Agrária e dos Recursos Naturais
PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE RÓTULOS COM IDENTIDADE TERRITORIAL/CULTURAL NAS FARINHEIRAS COMUNITÁRIAS DE AÇUNGUI E POTINGA, GUARAQUEÇABA, LITORAL DO PARANÁ
Nathalia de Jesus Sibuya - Aluna de Bacharelado de Gestão Ambiental - UFPR
Monique Minasse Tabushi - Aluna de Bacharelado de Gestão Ambiental - UFPR
Valdir Frigo Denardin - Prof. Dr. / Orientador – Coordenador do Programa Farinheiras - UFPR
Amanda Conceição - Aluna de Bacharelado de Gestão Ambiental - UFPR
INTRODUÇÃO:
Rótulo é toda matéria descritiva ou gráfica que esteja escrita, impressa, estampada, gravada e colada sobre a embalagem do alimento, utilizada para a comunicação direta do produto ao consumidor. Segundo a normatização da ANVISA é indispensável à presença do rótulo na embalagem de produtos alimentícios, a ausência deste é o principal fator para restringir o acesso a mercados, caso ocorrente na escoação da farinha de mandioca artesanal dos pequenos produtores das comunidades de Açungui e Potinga, no município de Guaraqueçaba, região predominantemente rural, localizada no norte do Litoral do Paraná. Com forte identidade cultural, a memória material na arte de fazer farinha de mandioca, fez com que a farinha seja reconhecida pelos seus consumidores, como “Farinha da Boa”. Atualmente no mercado globalizado, é necessário ressaltar a qualidade do produto e outros atrativos, para que aconteça sua permanência nos canais de comercialização. Cabe ao rótulo, com o design adequado, valorizar a cultura envolvida no processo de produção. Como elucida Fonte et. al. (2006) é a transformação da cultura local em recurso econômico e geração de renda. A presente pesquisa resultou na criação de rótulo com identidade territorial/cultural da farinha de mandioca do Açungui e Potinga.
OBJETIVO DO TRABALHO:
A pesquisa realizada teve como objetivo levantar os elementos culturais e especificidades do território para a elaboração do rótulo da farinha de mandioca, com identidade territorial/cultural, das agroindústrias de Açungui e Potinga no intuito de agregar valor ao produto e o acesso a mercados.
MÉTODOS:
O levantamento de elementos culturais e especificidades do território, e a criação do rótulo de farinha de mandioca nas comunidades, teve diversas fases e durações. Na comunidade de Açungui, onde o processo foi realizado primeiro, teve a duração de quatro meses, a equipe de pesquisa realizou vinte reuniões internas na universidade e seis reuniões na comunidade. Na comunidade de Potinga o processo foi mais rápido, teve duração de dois meses, a equipe de pesquisa realizou oito reuniões internas na universidade e quatro reuniões na comunidade. A primeira fase do trabalho foi à capacitação da equipe de pesquisa, através de pesquisa bibliográfica sobre a temática, visita a agroindústrias e feiras de produtos orgânicos, no intuito de transmitir na elaboração do rótulo a importância do mesmo na colocação da farinha de mandioca no mercado de consumo. Na segunda fase foram utilizadas a técnica de Brainstorming ou tempestade de ideias, para a definição dos elementos gráficos de forma participativa, a técnica do grupo focal na tentativa de minimizar os conflitos e com o propósito de obter informações de caráter qualitativo, os esboços dos rótulos foram digitalizados e através do programa gráfico “CorelDRAW Graphics Suite X6”, foram vetorizados e depois impressos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A comunidade de Açungui optou pela utilização do nome da localidade como marca. Na composição do logotipo, foi adotada uma combinação da paisagem contendo o rio Açungui, denominado de “Saltinho”, bananeiras, palmeiras juçara e as mandiocas, cultivadas em abundância. As aves e montanhas numerosas na região também foram contempladas no desenho. A cor escolhida para associar o rótulo à comunidade foi a verde. Em Potinga, a comunidade também optou pela utilização do nome da localidade como marca. Na composição, decidiram por destacar a imagem de um agricultor, deixando-o em primeiro plano e a Serra da Boa Vista ao fundo, representando os aspectos naturais da área. Além disso, ressaltaram que estão inseridos em uma Área de Proteção Ambiental. A comunidade adotou a cor amarela para representá-la. Esses diferentes elementos de ambas as comunidades são estratégias para agregar maior valor aos produtos relacionados a cada área geográfica que, segundo Krucken (2009), utilizam abordagens sistêmicas e promovem a valorização do próprio território, da cultura, da identidade e dos recursos ambientais associados. O rótulo tornou-se um meio de manifestação cultural de influente relação com a comunidade que o produziu e com o território em que se encontram.
CONCLUSÕES:
O rótulo impresso e finalizado em ambas as comunidades, com a devida licença da vigilância sanitária, representa um avanço no protagonismo local e na comercialização da farinha de mandioca no Litoral do Paraná. Segundo Aranda et.al. (2007), a identidade territorial e construções coletivas de marcas territoriais geram benefícios de tipo social, produtivo e sobre as redes de comunicação existentes na comunidade. A equipe de pesquisa notou que através das metodologias adotadas houve um fortalecimento da organização comunitária das Associações envolvidas e através do rótulo com identidade territorial/cultural foi possível agregar mais valor a farinha de mandioca e aumentar a permanência do produto no mercado. Deste modo o consumidor participa de forma ativa, em vista que suas escolhas podem dar apoio e suporte para que haja um maior desenvolvimento da marca. Além disso, quando o consumidor se depara com essas estratégias de comunicação, acaba estimulando sua percepção para com as qualidades locais e os valores englobados desde a produção até o consumo. Com a finalização do processo de criação do rótulo, houve a aproximação dos produtores com os consumidores, auxiliando no desenvolvimento das comunidades e na composição territorial competitiva.
Palavras-chave: Rótulo, Mercado, Identidade territorial/cultural.