65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social
Imprensa, representações e migrações: a criação do Estado de Rondônia a partir da mitificação de Jorge Teixeira pelos jornais
Shirley Espíndola de Matos - Instituto Federal de Rondônia
Yara Regina Alves Machado - Instituto Federal de Rondônia
Geisiany Andrade Luz - Instituto Federal de Rondônia
Sheila Espíndola de Matos - Instituto Federal de Rondônia
Lourival Inácio Filho - Prof. Esp./Orientador- Instituto Federal de Rondônia
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa buscou a partir do estudo cultural de mídias imprensas, apresentar os processos de criação do Estado de Rondônia de jornais a partir de 1980, quando o Coronel Jorge Teixeira foi designado para aquele fim. Havendo assim uma integração nacional com a região, através de um grande fluxo de migração, colonização e urbanização, contando com o apoio e incentivo do Presidente João Figueiredo. Para tanto, analisamos para além dos textos jornalísticos, buscando contextualizá-los. Norteiam o percurso discursivo a seguinte questão: Qual o papel da cultura da mídia sobre os eventos ligados a mitificação de Jorge Teixeira, a criação do Estado e a migração? Buscamos características que ajudam a compreender o fenômeno acelerado que foi a criação de Rondônia e as características culturais que lhe são mais importantes.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Apresentar, a partir dos estudos culturais, um referencial teórico sobre as principais características da formação do estado de Rondônia a partir dos discursos jornalísticos que engendraram a sua criação e, principalmente, aceitação com incentivos à migração nos anos 1970 e 1980, a partir do coronel Jorge Teixeira.
MÉTODOS:
Como método básico, utilizamos a teoria crítica dos estudos culturais, cuja configuração histórico-crítica, a partir da pesquisa exploratória descritiva qualitativa, permitiu referendar algumas das conflitividades existentes. Como procedimento, utilizamos primeiro a pesquisa bibliográfica e documental, mas buscando ir além do documento, para contextualizar e fazer conexões entre textos e meio (cultura e sociedade), pensamos a metodologia numa perspectiva interdisciplinar, na qual dialogamos com a Teoria da Comunicação, Estudos Culturais, História e Sociologia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A criação do Estado de Rondônia em 1982 é caracterizada por uma pluralidade cultural, étnica e social, atraída para a colonização com imagens e representações engendradas pela mídia, buscando através da mitificação do coronel Jorge Teixeira naturalizar e homogeneizar o processo.
Teixeira é importante para se perceber aqueles aspectos discursivos, ex-prefeito biônico de Manaus (1979), designado pelos militares para criar as bases locais para a criação do Estado chegou a incentivar a vinda de migrantes pelos jornais. “Teixeirão” – alcunha usual em jornais da época – trazia em suas falas polifônicas em que se percebe: o militar cumprindo ordens; o cristão em missão catequética; o político que se popularizava naqueles anos de abertura e o empreendedor que defendia o trabalho. Ideais liberais burgueses, fortemente ligados ao mercado e a ideologia de “integração nacional”. Buscava-se homogeneizar “sonhos, anseios e ilusões” que seriam compartilhados no “novo eldorado” que se configurava na criação do novo estado, do “novo povo” que se formava na nova “terra prometida”. Talvez, destes discursos de acolhida centrados na ideia de “pioneiros” se buscasse diminuir as contradições e conflitos sociais em nome da ordem tão enraizada nas escolas militares das quais saíra o coronel-governador.
CONCLUSÕES:
Se atualizarmos a questão por mais contraditório e difícil que se configure a interpretação de textos de cultura da mídia – não se trata aqui de achar que estes se configurem em verdades – mas pela sua crítica contextualizada possibilita pensar a formação sócio-histórica-cultural de Rondônia, para além dos mesmos, numa perspectiva da “cultura comum”, a qual atuando como força de resistência ou perpetuação entre classes na criação do Estado e nas forças de atração migratória, a mídia jornalística por muitas vezes e de certa forma apoia as questões políticas, transmitindo uma imagem-notícia que foi moldada, ou seja, fragmentada, ocultada e induzida, causando a mitificação do “eldorado” e de um governador prestativo aos interesses da população que buscava melhores qualidades de vida, quando a complexidade discursiva se inseria numa busca ideológica de hegemonia no Estado que “surgia” através da falácia que torna todos comuns, por meio da ideia de “pioneiros”.
Palavras-chave: Estudos culturais, mídia, ideologia.