65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
MOTIVAÇÕES QUE LEVA A EXPERIMENTAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS POR ESCOLARES
Guilherme Antonio Pereira Lins - Depto.de Farmácia - UEPB
Sarah Perira Lins - Depto.de Farmácia - UEPB
Clésia Oliveira Pachú - Profa. Dra. / Orientadora – PROEAC – UEPB
Maria do Socorro Rocha Melo Peixoto - Profa. Dra. / Orientadora – PROEAC – UEPB
Jacquelane Silva Santos - Depto. De Enfermagem, UEPB
Patrícia Regina Cardoso de Almeida - Depto. De Enfermagem, UEPB
INTRODUÇÃO:
As primeiras experiências com drogas ocorrem frequentemente na adolescência. Nessa fase, o indivíduo é particularmente vulnerável do ponto de vista psicológico e social (SOLDERA, 2004). Embora, evidencie-se que o uso abusivo de drogas seja mais prevalente a partir dos 16 anos, o uso eventual aos 12 anos, por exemplo, demonstra que práticas preventivas devam ser pensadas e desenvolvidas também para menores de 10 anos de idade. Assim, é de particular importância estudar essa população de forma minuciosa, principalmente no que se refere à iniciação ao uso de substâncias psicoativas (PASA, 2011). Estudos de realizados pelo CEBRID (2004) sobre o uso de drogas por estudantes realizados no Brasil têm sido conduzidos quase que exclusivamente nas capitais. A presente pesquisa utiliza-se de escola pública, em uma cidade do interior da Paraíba, para demonstração de um quadro mais real dos escolares, a fim de se conhecer a inserção dessas substâncias no seu cotidiano bem como suas motivações para a experimentação ou rejeição da mesma, sendo de extrema importância para o direcionamento de políticas públicas e novos estudos, para intervenções no meio escolar com vista a promoção e prevenção a saúde.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar a percepção das motivações que leva a experimentação de substâncias psicoativas por estudantes de uma escola da rede pública no município de Campina Grande, Paraíba.
MÉTODOS:
Trata-se de um estudo qualitativo exploratório realizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Sólon de Lucena na cidade de Campina Grande – Paraíba, durante período matutino no segundo semestre de 2012. A amostra foi constituída por 200 estudantes, de ambos os sexos com idade entre 11-16. Os dados foram coletados através de um questionário contendo 20 questões de múltipla escolha versando sobre drogas psicoativas como cocaína, crack, oxi e merla. A técnica utilizada promovia o dimensionamento da motivação para experimentação das referidas drogas pelo estudante. Os resultados foram tabuladas para melhor visualização e análise da totalidade das respostas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Dos 200 estudantes entrevistados observou-se que em 9% (n=18) havia experimentado cocaína ou algum de seus derivados (crack, oxy, merla) e em 91% (n=182) nunca ocorreu tal consumo. Corrobora-se a literatura (Souza, 2007; Costa, 2007; Teixeira, 2009; CEBRID, 2010), em que as substâncias psicoativas são as de menor uso entre escolares, contudo é significativo o número que teve esse contato. Havendo crescimento do mesmo, quando há falha no papel da família e escola. Quando perguntado sobre a razão que os levou ao consumo obteve-se como resposta: a necessidade de isolamento 5,5% (n=1); curiosidade 27,7% (n=5); influência dos amigos 27,7% (n=5); outros 38,8% (n=7). Dos estudantes que não experimentaram 6,5% (n=12) já sentiu vontade de provar e 93,4% (n=170) não sentiu tal vontade. Destes últimos quando perguntados sobre o motivo, 14,1% (n=24) alegaram ter medo das consequências, 14,1% (n=24) acham feio, 60,5% (n=103) responderam que as drogas não significam nada pra eles e 11% (n=19) têm outros motivos. Os dados obtidos encontram-se em concordância com a literatura em relação às motivações que levam a tomada de decisão do escolar frente às drogas, havendo variância dos principais motivos de acordo com a região do estudo (Pratta, 2006, 2007; Costa, 2007; Mulinari, 2011; Vasters, 2011).
CONCLUSÕES:
Constata-se que um pequeno número de estudantes (9%), teve seu primeiro contato com a droga. Entre os principais motivos destaca-se a curiosidade, influência dos amigos e necessidade de isolamento. Entre o grande grupo que não experimentou suas principais motivações para tanto, foi a falta de significância dessas substâncias em sua concepção, medo das consequências e por acharem “feio”. Essa pesquisa enfatiza a introdução das substâncias psicoativas no ambiente escolar gradativamente graças a falta de estrutura e preparo das instituições sociais, como a família e a escola, que tem papel de interferência direto na vida do adolescente e sua educação. Muitos dos estudantes abordados não tinham opinião formada e/ou informação suficientes sobre a temática. A partir do observado, algumas medidas se tornam necessárias a fim de se evitar o agravo dessa condição, como: maior atuação da escola em prover ambiente seguro e livre de influências negativas, “filtrando” a realidade exterior dos alunos e fornecer informações suficientes para que os alunos estejam preparados para enfrentar as situações de risco e se realizar encontros com seus familiares a fim de sensibilizá-los sobre a importância de seu envolvimento e parceria com a escola, buscando o desenvolvimento saudável do adolescente.
Palavras-chave: Drogas Ilícitas, Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias, Instituições Acadêmicas.