65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 7. Serviço Social
A Situação do Idoso no Abrigo: Uma experiência no Abrigo João Paulo II
Regiane de Cássia Gomes Tembra - Graduanda de Serviço Social –UFPA
Camila Judith Bia Nunes Viana - Graduanda de Serviço Social –UFPA
Deisiane Amorim da Silva - Graduanda de Serviço Social –UFPA
Thamires Gama Portal - Graduanda de Serviço Social –UFPA
INTRODUÇÃO:
Segundo IBGE, o Brasil está envelhecendo de forma acelerada, chegando a um total de 23,5 milhões dos brasileiros, esta mudança de perfil se dá especialmente em razão da queda crescente da mortalidade infantil, aumento da expectativa de vida de 50 para 73 anos e uma diminuição considerável de taxa de fecundidade no começo da década de 60. Por isso é fundamental conhecermos esse grupo etário, seus direitos e incentivar a mobilização de pessoas para prevenção da violência contra a pessoa idosa. Desta forma, visa-se discutir sobre casos de idosos que são abandonados em abrigos, negligenciados pela sua própria família, por motivo de doenças patológicas, transferindo suas responsabilidades e cuidados para alguma instituição ou abrigo. O tema ganha destaque em função de abordar a situação de fragilidade do idoso, pelo afastamento da sociedade e da família. Debert (1999) faz uma discussão bastante importante da relação familiar com o idoso, que relativiza a importância das relações familiares para o bem-estar na velhice.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho visa analisar a situação dos idosos residentes no Abrigo João Paulo II, localizado no município de Marituba no estado do Pará, que foram abandonados e negligenciados por suas famílias, em virtude de doenças patológicas, refletindo desta forma sobre as violações de seus direitos.
MÉTODOS:
O trabalho foi dividido em três etapas para sua composição. Na primeira etapa foi realizada a pesquisa bibliográfica, através da leitura sistemática dos livros: A velhice (1990) de Beauvoir; A Reinvenção da Velhice: Socialização e Processos de reprivatização do envelhecimento (1999) de Debert; Violência contra pessoa idosa: Ocorrências, vitimas e agressores (2007) de Faleiros; e documental, se fez através da análise da Constituição Federal de 1988, da LOAS - Lei Orgânica da Assistência Social, da Lei nº 8842 de 4 de janeiro de 1994 sobre Política Nacional do Idoso, Lei nº 10.741 que dispõe sobre o Estatuto do Idoso. A segunda etapa foi a visita ao Abrigo João Paulo II, no município de Marituba no estado do Pará, neste momento selecionamos 10 idosos a partir dos seguintes critérios: por idade de 65 a 75 anos e aqueles que tinham maior tempo de moradia no abrigo, realizamos entrevista individual com os dez. A terceira etapa foi a entrevista com a assistente social do abrigo, que teve como intenção entender o processo dos atendimentos e procedimentos sociais dado aos idosos e como é desenvolvido seu trabalho na instituição.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Obtivemos como resultados na entrevista com os 10 idosos selecionados no Abrigo João Paulo II, que 9 deles sofreram agressão verbal forte por parte de seus familiares. Todos os 10 idosos usam o beneficio que ganham (aposentadoria, pensão) para pagar remédios que necessitam usar rotineiramente, cinco deles relataram durante a entrevista sentir saudade da sua relação com a família. Percebe-se que muitos idosos se culpam por se afastarem da família, porque se enxergam como causadores de problemas para os seus familiares. Isso demonstra a fragilidade física e sentimental do idoso, já que a metade dos entrevistados mostra sentir saudade de sua família e a maioria deles teve seus direitos violados por terem sofrido algum tipo de agressão, o que vai contra ao o artigo 4º do Estatuto do Idoso: ”Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei”. A entrevista com a assistente social do abrigo contribuiu para um maior esclarecimento acerca de como são realizados os atendimentos sociais aos idosos, bem como o seu papel de proporcionar aos usuários, bem estar e garantia de direitos para uma vida digna.
CONCLUSÕES:
Apesar do Estatuto do Idoso ser uma vitória para a garantia dos direitos fundamentais como: vida, saúde e habitação, percebemos assim que esses direitos ainda são violados, tendo como maiores violadores a família e o Estado. Os idosos ainda hoje passam por diversas situações de vulnerabilidade, sendo, o abandono a situação mais lamentável que os idosos sofrem. Por se sentirem sozinhos na instituição e não a reconhecerem como espaço familiar, restringindo sua liberdade a um espaço que muitas vezes, eles próprios estranham. Portanto, essa população, precisa de investimentos permanentes que apontem para o atendimento através de órgãos públicos, mas que também assegurem um processo educativo capaz de transformar os lares em porto seguro, com respeito de toda sociedade aos idosos.
Palavras-chave: Idoso, Direitos, Abrigo.