65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 6. Zoologia
ASPECTOS DA BIOLOGIA REPRODUTIVA DO ERMITÃO Clibanarius vittatus (BOSC, 1802) CRUSTACEA, ANOMURA, DIOGENIDAE) NA ILHA DO CAJU, APA DO DELTA DO RIO PARNAÍBA, BRASIL.
Bruna Cristina Neres da Silva - Curso de Ciências Biológicas - UESPI
Cleriston de Sousa Calaça - Curso de Ciências Biológicas – UFPI
Andressa Roberta Cardoso Pascoa - Curso de Ciências Biológicas – UESPI
Ana Júlia Seixas Cury - Curso de Ciências Biológicas - UESPI
João Marcos de Góes - Prof. Dr. Curso de Ciências Biológicas - UFPI
Lissandra Corrêa Fernandes Góes - Profa. Dra./Orientadora - Curso de Ciências Biológicas – UESPI
INTRODUÇÃO:
O manguezal é um ecossistema de transição entre os ambientes terrestre e marinho de regiões tropicais e subtropicais. São férteis, devido à existência de vegetais primários, ação das marés, grande suprimento de nutrientes e ciclagem rápida. Os ermitões formam um importante grupo de animais bentônicos que ocupam áreas intertidais e também o infralitoral, apresentando importante papel na cadeia trófica marinha. Clibanarius vittatus é um ermitão com ampla distribuição geográfica no Atlântico Ocidental, do leste dos Estados Unidos até as Antilhas, incluindo o Golfo do México e da Venezuela até o sul do Brasil, no Estado de Santa Catarina. Os ermitões enfrentam condições extremas de exposição ao ar e sol e, por isso necessitam de conchas vazias de gastrópodes para manter um microclima úmido que possibilite o controle da taxa de evaporação e dessecamento, além da proteção contra a predação. Os dados obtidos sobre os aspectos reprodutivos servem de base para estudos comparativos de outras regiões. Poucos são os trabalhos com os Anomura, provavelmente devido ser um grupo cuja maioria dos representantes não apresenta valor econômico, apesar da sua importância e destaque no contexto evolutivo.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo do trabalho é caracterizar a biologia reprodutiva do ermitão Clibanarius vittatus (BOSC, 1802). Determinar o período de ocorrência de fêmeas ovígeras no período de estudo. Verificar possíveis diferenças no potencial reprodutivo da espécie ao longo do ano. Acompanhar os estágios de desenvolvimento gonadal ao longo dos meses.
MÉTODOS:
Os exemplares de Clibanarius vittatus foram coletados manualmente durante a maré baixa em todos os meses de agosto de 2004 a julho de 2005, na Ilha do Caju, localizada na Área de Preservação Ambiental (APA) do delta do rio Parnaíba, Brasil. Após a coleta os indivíduos foram colocados em sacos plásticos e congelados até o momento de serem analisados. Para o estudo da biologia reprodutiva, os animais foram contados e separados quanto ao sexo. Os exemplares e suas conchas foram pesados em uma balança de precisão e mensurados com o auxílio de um paquímetro. Os animais foram mensurados quanto ao comprimento do escudo cefalotorácico (CE). Foi realizada também análise macroscópica das gônadas a fim de sabermos se existe sincronia quanto ao desenvolvimento fisiológico, onde o padrão para a determinação dos estágios gonadais em machos foi: IM-Gônada não diferenciada; RU-Gônada transparente, com muito hepatopâncreas; ED-Pouco hepatopâncreas. Gônada um pouco mais desenvolvida, esbranquiçada e começo de enovelamento; DE-Gônada branca e muito enovelada. E em fêmeas: IM-Gônada não diferenciada; RU-Gônada transparente, pouco visível; ED-Gônada pouco desenvolvida de coloração vinho e pouco hepatopâncreas; DE-Gônada bem desenvolvida de coloração vinho em grande parte da região abdominal.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Durante os 12 meses de coleta foram encontrados o total de 621 exemplares de Clibanarius vitattus, sendo 210 machos, 371 fêmeas e 40 fêmeas ovígeras. A presença de fêmeas ovígeras se deu ao longo de quase todos os meses do ano, exceto nos meses de setembro, maio e julho. Os meses com maior número de fêmeas ovígeras foram em janeiro, fevereiro e março de 2005, e com menor número em agosto, outubro, novembro, dezembro de 2004 e abril e junho de 2005. A maior fêmea ovígera ocorreu no mês de agosto de 2004 com CE de 9,5 mm e a menor com 3,1 mm no mês março de 2005. Isto mostra de acordo com este estudo que a espécie atinge sua maturidade sexual em torno de 3,0 mm de CE. De acordo com os estágios de desenvolvimento gonadal para fêmeas obteve-se uma maior porcentagem de RU no mês de agosto, outubro, novembro de 2004 e junho de 2005. Para machos, a maior porcentagem foi de DE nos meses de setembro de 2004, fevereiro, março, abril e maio de 2005. Já para fêmeas ovígeras foi de RU nos meses de novembro de 2004 e janeiro de 2005, e ED no mês de junho de 2005.
CONCLUSÕES:
De acordo com os dados, pode-se concluir que a espécie apresenta um tipo de reprodução sazonal, com picos em alguns meses. Isto reforça o que alguns autores dizem a respeito do tipo de reprodução desta espécie que é comum em regiões tropicais, uma vez que as condições ambientais não sofrem muitas variações ao longo do ano. A presença de gônadas desenvolvidas em fêmeas ovígeras indica que esta espécie ao ser fecundada, pode colocar uma nova massa de ovos, logo após a eclosão dos ovos anteriores, justificando o fato dessa espécie ser largamente encontrada nessa região, pois o sucesso desses animais está na dependência de uma estratégia reprodutiva bem sucedida.
Palavras-chave: Animais bentônicos, Fêmeas ovígeras, Ecossistemas.