65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
A RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA NA FORMAÇÃO DO PEDAGOGO: UM OLHAR PARA A PRÁTICA DOCENTE DE LICENCIANDOS EM PEDAGOGIA DO CAMPUS DA UFPA EM CASTANHAL (PA)
EDER DO NASCIMENTO NEVES - DISCENTE DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UFPA
GELCIANE TRINDADE DA GAMA - DISCENTE DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UFPA
LUCIANA DO NASCIMENTO GALVÃO - DISCENTE DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UFPA
LUCIANE PEREIRA DE MORAES - DISCENTE DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UFPA
JOÃO MANOEL DA SILVA MALHEIRO - PROF. DR. /ORIENTADOR - PPGECM
MARA CRISTINA LOPES SILVA - DISCENTE DO CURSO DE PEDAGOGIA DA UFPA
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa foi idealizada a partir de proposta avaliativa da disciplina Desenvolvimento Humano, Aprendizagem e Educação, que compõe o currículo do Curso de Pedagogia da UFPA em Castanhal. O objetivo desta foi fazer os estudantes compreenderem os princípios que regem o Desenvolvimento Humano e suas implicações na aprendizagem, sua influência na cultura, educação e nos processos de ensino e aprendizagem. Durante a disciplina, compreendemos que a aprendizagem depende de vários fatores, entre os quais o conhecimento prévio dos estudantes.
Teóricos como Ausubel (YAMAZAKI, op. cit.) e Vygotsky (RABELLO e PASSOS, s/d) destacam a importância de trabalhar a partir desses conhecimentos, de forma que possamos associar o novo conhecimento com aquele já existente. Assim, a aprendizagem terá sentido para o discente.
O estudo pressupõe que existe relação das práticas pedagógicas com as teorias interacionistas. Para isso, analisamos qualitativamente duas aulas ministradas por alunas de Pedagogia tentando perceber que, na prática pedagógica (mesmo entre futuros professores) estão implícitos os pressupostos epistemológicos postulados pelos teóricos em educação, o que contribui positivamente para a formação dos pedagogos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Demonstrar que na prática pedagógica (mesmo entre futuros professores) estão implícitos os pressupostos epistemológicos postulados pelos teóricos em educação, o que contribui positivamente para a formação dos pedagogos.
MÉTODOS:
A pesquisa foi realizada a partir da proposta avaliativa da disciplina Desenvolvimento Humano, Aprendizagem e Educação que compõe o currículo do curso de Pedagogia do Campus da UFPA em Castanhal. Consistiu da videogravação de duas aulas de alunas do curso. A 1ª aula foi sobre Língua Portuguesa (dígrafo) para supostos alunos do 5º ano do ensino fundamental. A 2ª aula foi sobre Ciências (Alimentação e Cuidados com o Corpo) para alunos do 4º ano. Foram utilizados os nomes fictícios Clara e Clarice, com o intuito de preservar a identidade das professoras. A abordagem metodológica foi qualitativa (BOGDAN e BIKLEN, 1994), pois não utilizamos dados estatísticos e nos importamos apenas com as interações professora-alunos, sem promover nenhum tipo de interferência na ação. A análise do discurso foi sustentada a partir das falas das professoras acerca da forma como interagiam com seus alunos durante as aulas. Procuramos verificar se a forma como as professoras ministraram as suas aulas estabeleciam algum tipo de relação com os pressupostos epistemológicos que foram trabalhados na disciplina Desenvolvimento Humano, Aprendizagem e Educação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A aula da Clara poderia ter sido mais explorada se utilizasse a problematização (BERBEL, 1998). Ao usar a linguagem oral e corporal, conseguiu interagir por meio de significações, objetivando prender a atenção dos alunos.
Vygostsky destaca que a linguagem é um instrumento de relação com os outros, sendo importantíssima na nossa constituição como sujeitos. É através da linguagem que se aprende a pensar.O tema Dígrafos, trabalhado pela Clarice, não foi problematizado (BERBEL, op. cit.), o que pode ter contribuído para a pouca participação discente. Clarice perguntou: “Vocês se lembram do ano passado quando estudaram dígrafos com a outra professora?” Percebe-se a preocupação em sondar o que as crianças já sabiam sobre o tema.Para Ausubel (apud ALEGRO, 2008, p. 23) o conhecimento significativo “é fruto da [...] interacção entre ideias ‘logicamente’ significativas, ideias anteriores ‘ancoradas’, relevantes da estrutura cognitiva particular do aprendiz”.
A professora utilizou ainda um recurso lúdico-corporal para diferenciar o que é ou não dígrafos. Para Vygotsky (1989, p.84), “as crianças formam estruturas mentais pelo uso de instrumentos e sinais”, ou seja, o recurso utilizado proporcionou aos alunos um melhor entendimento do assunto.
CONCLUSÕES:
A partir das análises pode-se constatar que, embora inconscientemente, Clara e Clarice fizeram uso das teorias da aprendizagem discutidas na disciplina Desenvolvimento Humano, Aprendizagem e Educação.
Piaget (apud SAYEGH, 2006) ressalta que o mediador para construção do conhecimento é decorrente da ação interna do sujeito que constrói esquemas. Vygotsky determina o aspecto social e cultural como importante para essa mediação. Para Piaget, a aprendizagem depende do real desenvolvimento. O pensamento aparece antes da linguagem e para Vygotsky, o pensamento e a linguagem são processos diferentes e se tornam interdependentes em expressão do meio. Para Ausubel (2003), o desenvolvimento se dá através da incorporação de novos conceitos aos conceitos já existentes no indivíduo.
Segundo Berbel (1998), o conhecimento vem através da problematização, que, por sua vez, parte de uma visão geral como todos os outros métodos, sendo que a problematização parte de um problema detectado na realidade.
Por fim, espera-se que esta pesquisa possa contribuir para melhorar a prática pedagógica dos futuros educadores.
Palavras-chave: Desenvolvimento, Processos de ensino, Linguagem.