65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 1. Ecologia Aplicada
Diagnóstico da fauna exótica invasora no Parque Estadual Sumaúma
Tayanne Lira Santos - Depto.de Ciências Biológicas – UEA/AM
Katell Uguen - Profa. Dra./Orientadora – Depto.de Ciências Biológicas – UEA/AM
George Rebello - Prof. Dr./Co-Orientador – Laboratório de Manejo de Fauna – INPA/AM
INTRODUÇÃO:
A ação das espécies invasoras nas nativas de um ecossistema é a segunda causa da perda de biodiversidade no mundo (Brasil 2002). As espécies exóticas invasoras que se adaptam aos ecossistemas naturais e causam-lhes danos, são chamadas de contaminantes biológicos (ZILLER, 2000). Essas espécies tendem a se multiplicar e invadir espaços das áreas nativas, dificultando a regeneração dos ecossistemas, e assim são geradoras de contaminação biológica, também conhecida como poluição biológica. Por lei, as áreas degradadas nas Unidades de Conservação de Proteção Integral devem ser restauradas às condições mais próximas das ecológicas originais, sendo necessário descontaminá-las biologicamente, propiciando o processo de sucessão secundária do ecossistema natural. As unidades de conservação - tipologia de área protegida - representam áreas legalmente instituídas com regras próprias para uso e manejo, bem como para a preservação e proteção de espécies, tradições culturais e belezas paisagísticas (BRASIL, 2000). Com o crescimento das cidades, as unidades de conservação podem se transformar em fragmentos florestais imersos em uma matriz urbana, surgindo neste contexto, os parques urbanos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Identificar a fauna exótica invasora no Parque Estadual Sumaúma e sua atividade ao longo do ano.
MÉTODOS:
A área de estudo compreende o Parque Estadual Sumaúma (PAREST Sumaúma), que está localizado na zona norte da cidade de Manaus, com área de aproximadamente 51 hectares (509.983,16 m2) foi criado através do Decreto Estadual nº 23.721 de 05 de setembro de 2003. É a primeira unidade de conservação estadual criada em área urbana, assumindo assim as características de parque urbano, enfrentando os desafios de conservação devido à intensa ação antrópica sofrida no seu entorno (AMAZONAS, 2008). Os dados coletados contou com uma amostragem rápida, sistemática e intensiva que contemplou: (a) censos diurno e noturno em trilhas, (b) encontros ocasionais com animais; (c) registros indiretos (vestígios) feitos por pesquisadores da equipe em toda a área; (d) evidências de sua presença por pesquisadores. Os censos foram feitos nas três trilhas principais (transecções lineares) demarcadas em áreas de floresta de terra firme. Cada trilha foi amostrada quatro vezes nos meses de dezembro a março (duas no período diurno e duas no período vespertino e noturno). As trilhas foram percorridas vagarosamente e os animais e vestígios visualizados registrados e identificados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Nas buscas ativas realizadas nas três trilhas principais foram encontrados 319 indivíduos, sendo que 49 desses eram exóticos. Dentre os exóticos registrou-se o cachorro-doméstico (Canis familiares), gato-doméstico (Felis catus), caramujo-gigante-africano (Achatina fulica) e pombo-doméstico (Columba livia), dessas espécies o Achatina fulica foi registrada 41 vezes, sendo a espécie mais visualizada, porém apenas encontrada na borda do parque revelando o quanto a antropização no entorno do Parque favorece o estabelecimento da espécie, tendo em vista que o acumulo dos detritos propicia o habitat ideal para essa invasora. As outras espécies exóticas foram menos frequentes, porém os vigilantes do Parque apontam o cachorro-doméstico como o principal predador das cutias (Dasyprocta aguti). Apesar dos impactos antrópicos que o Parque sofre, ele é um dos poucos lugares em que se pode encontrar o sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) espécie nativa ameaçada de extinção e ainda serve de refúgio para a avifauna local.
CONCLUSÕES:
A crescente antropização no entorno do Parque Sumaúma tem favorecido os fatores que impactam negativamente a sua integridade ecológica como a entrada de animais domésticos, a caça, coleta de frutos e o despejo de esgotos e lixo doméstico. A entrada dos animais domésticos causa a predação das espécies nativas, além de competirem por alimento, e oferecerem riscos de transmissão de zoonoses. Com o efeito de borda sofrido pelo parque as espécies nativas tendem a desaparecer e as espécies que se adaptam aos ambientais antropizados a se estabelecer.
Palavras-chave: Contaminação biológica, Espécies exóticas, Unidade de conservação.