65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 7. Ciência e Tecnologia de Alimentos - 4. Ciência e Tecnologia de Alimentos
INFLUÊNCIA DO NÚMERO DE ORDENHAS NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E MICROBIOLÓGICAS DO LEITE CAPRINO
Saint – Clear Sena dos Santos - Licenciando em Ciências Agrárias UFPB/CCHSA
João Ricardo Trajano Sousa - Licenciando em Ciências Agrárias UFPB/CCHSA
Roberto Germano Costa - Depto. de Agropecuária/UFPB/CCHSA
Edvaldo Mesquita Beltrão Filho - Depto. de Agropecuária/UFPB/CCHSA
George Rodrigo Beltrão da Cruz - Depto. de Agropecuária/UFPB
Genilson Barbosa da Silva - Licenciando em Ciências Agrárias UFPB/CCHSA
INTRODUÇÃO:
A criação de cabras leiteiras acompanha o homem desde o início da civilização, contribuindo com o fornecimento de leite, carne e pele para a formação e fixação dos primeiros aglomerados humanos. Ultimamente, tem-se percebido significativos avanços na produção e produtividade de leite de cabra, principalmente no Nordeste brasileiro, e especialmente no estado da Paraíba. Todavia o consumo interno de leite “in natura” e seus derivados pelos brasileiros, ao ser comparado com outros países, mostra-se ainda baixo, indicando um mercado potencial a ser alcançado, principalmente por se tratar de um produto de excelente qualidade nutricional.
Nos últimos anos a produção de leite e carne de caprinos teve um grande impulso devido a dois fatores: o incentivo da cultura pelo governo; e o maior consumo por parte das classes com maior poder aquisitivo, cujo fator se deve à quebra de mitos que desqualificavam o produto e ao mesmo tempo oferece uma alimentação mais saudável. O aumento da procura por leite e seus derivados, tem levado muitos pecuaristas a uma busca desenfreada por uma maior produtividade.
A produção de leite de cabras pode sofrer influência do número de ordenhas realizadas durante o dia, promovendo alteração em suas características físico-químicas e microbiológicas.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente estudo foi idealizado com a finalidade de avaliar a composição físico-química e a qualidade microbiológica do leite de cabras obtido com variação no número de ordenhas das cabras.
MÉTODOS:
Experimento realizado no setor de caprinocultura do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias da Universidade Federal da Paraíba.
Utilizou-se 15 cabras Alpinas, com 90 dias de lactação, peso médio vivo de 50 kg, distribuídas em Delineamento Inteiramente Casualizado, com três tratamentos, cinco repetições, com duração de 24 dias, sendo 15 dias de adaptação ao manejo e quatro períodos de coletas de leite.
O leite foi obtido a partir dos seguintes tratamentos: Tratamento (T1), ordenha às 6 horas; Tratamento (T2), ordenha às 6 e às 12 horas; e Tratamento (T3), ordenha às 6, às 12 e às 18 horas. Coletou-se duas amostras por repetição, acondicionadas em garrafas de polietileno (300 ml). Foram observadas as normas de higiene na ordenha preconizadas pela legislação vigente. Os resultados foram submetidos à análises estatisitcas utilizando-se o SAS (1997).
Análises Microbiológicas: Contagem de microrganismos em placas; coliformes totais; coliformes termotolerantes (Escherichia coli, staphylococcus aureus, escherichia coli O157:H7, salmonella).
Análises Físico-Químicas: Proteínas; extrato seco total, lipídios, densidade, acidez, extrato seco desengordurado.
Análise estatística: Utilizou-se o procedimento GLM do SAS (1996) com médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Verificou-se que o número de ordenha não afetou as características microbiológicas do leite caprino, sob as condições experimentais.
Durante a análise microbiológica, verificou-se valores mais elevados para coliformes a 35ºC e bactérias mesófilas, respectivamente no T1 e T2. Não foi observada diferença significativa para coliformes a 35º e Termotolerantes, bactérias mesófilas, estafilococus coagulase positiva, e Salmonella sp do leite caprino. Os valores obtidos para todos esses grupos foram inferiores aos determinados pela legislação vigente. Tais resultados vêm a confirmar que existe um bom manejo sanitário dos animais e emprego de boas práticas higiênico-sanitárias na produção de leite no Laboratório de Caprinocultura do CCHSA/UFPB.
Observou-se na análise físico-química que apenas a acidez titulável apresentou diferença significativa (P<0,05) com maiores valores para o T3 e menor valor para o T2. Os demais parâmetros não diferiram significativamente (P>0,05), e permaneceram próximos aos valores relatados pela literatura e de acordo com os preceituados pela a legislação em vigor. Os valores encontrados para o EST e ESD nos três tratamentos situaram-se abaixo do estabelecido pela legislação vigente.
CONCLUSÕES:
Considerando as condições experimentais, pode-se concluir que: O aumento da frequência de ordenha diária das cabras não alterou as condições microbiológicas do leite caprino. Dos parâmetros físico-químicos, apenas a acidez titulável foi afetada pela frequência de ordenha, com valores superiores para o leite obtido a partir de três ordenhas diárias. Já o EST e ESD, situaram-se abaixo dos valores preconizados na legislação em vigor. O leite de cabra produzido no Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias, considerando os parâmetros microbiológicos e físico-químicos preconizado pela legislação vigente, permaneceu dentro dos limites determinados, evidenciando boa qualidade e manejo adequado.
Palavras-chave: Caprinocultura, controle de qualidade, manejo na ordenha.