65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 4. Conservação da Natureza
Percepção Ambiental da Comunidade Tradicional Novo Horizonte, Lago do Janauacá - AM
Aline Araújo Patrício - Acadêmica de Engenharia Florestal - UFAM
Isabela Cristina Ribeiro de Almeida - Acadêmica de Engenharia Florestal - UFAM
Jasson Fortunato - Acadêmico de Engenharia Florestal - UFAM
Rosana Barbosa de Castro Lopes - Profa. Dra. - Depto. de Ciências Florestais
Giselle Rodrigues de Souza - Acadêmica de Engenharia Florestal - UFAM
David Franklin da Silva Guimarães - Acadêmico de Engenharia Florestal - UFAM
INTRODUÇÃO:
A percepção ambiental pode ser utilizada para avaliar a degradação ambiental de um determinado lugar. A análise dos dados perceptivos permite realçar e interpretar o processo de degradação, indicando suas causas. O estudo desta percepção é importante para compreender melhor as inter-relações entre homem e ambiente além de ser usado como ferramenta auxiliar na elaboração de Planos de Manejo. Os moradores da várzea compõem comunidades tradicionais, vivem em habitações simples distribuídas ao longo do rio, e este é, para a comunidade, elemento essencial e principal componente da paisagem natural, cujo percurso e pulso das águas definem a forma da comunidade e é dele que retiram o alimento (Ferreira, 2010). Os recursos da várzea são usados pelos ribeirinhos, e os pescadores comerciais. Os ribeirinhos mantêm atividades mistas, incluindo pesca, agricultura, extrativismo e criação de pequenos animais. As dificuldades enfrentadas nas comunidades são geradas em grande parte pela falta de capacitação das organizações comunitárias para gerenciarem seus recursos de forma sustentável e pouco entendimento do ecossistema da várzea impossibilitando que estes planejem suas atividades para gerar melhor retorno econômico.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Identificar os problemas ambientais vivenciados pelos moradores da Comunidade Novo Horizonte, Lago do Janauacá – AM, através da aplicação de questionário sócio-econômico e ambiental.
MÉTODOS:
Este trabalho foi realizado na comunidade Novo Horizonte na região do Lago Janauacá, margem direita do rio Solimões com extensão de aproximadamente 7 km2 e sua profundidade varia conforme o regime das águas do rio. Sua dinâmica fluvial é extremamente irregular margeado na região sul por terra firme, formando uma área de igapó nas épocas de cheia entre os municípios Careiro do Castanho e Manaquiri, ambos no estado do Amazonas, com acesso pela BR-319. A visita foi realizada no período de 22 a 24 de novembro de 2011. As moradias foram visitadas com auxílio de um comunitário. O número total de famílias na comunidade é de 54 famílias onde 27 delas foram entrevistadas (50%). A coleta de dados consistiu na aplicação de questionário socioeconômico e ambiental, abordando temas referentes a dados gerais do comunitário, atuação no setor produtivo, tempo de residência na área, tipos de recursos naturais usados, preocupação com a conservação do lago e floresta, e ainda, problemas ambientais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Dos entrevistados que participaram da amostragem 77,77% não concluíram o ensino fundamental e apenas 11,11% concluíram destes 74% foram mulheres, sendo que 55,52% têm filhos com menos de 2 anos. Como forma de subsistência 88,88% praticam agricultura, 7,4% extrativismo e 3,7% comércio. Em geral as famílias moram na comunidade a mais de 10 anos (92,58%). Na flora local as árvores mais encontradas são castanheira, andiroba e cupiúba. Muitos animais ainda são encontrados, embora os moradores já notem redução, entre eles estão o porco-do-mato, paca, tatu e anta. Embora o lago seja a base da comunidade, apenas 81,48% mostraram preocupação com a conservação do mesmo. A questão do resíduo é bem importante, pois a destinação envolve queima, o que poderia gerar incêndios se realizado sem cuidados adequados. Além disso, existem outros problemas relacionados com o desmatamento para extração de madeira e realização da agricultura, caça predatória e poluição do lago com resíduos sólidos e esgoto doméstico das casas em flutuantes. Porém o problema ambiental mais crítico, na visão dos moradores, é a pesca predatória, que impede que o pescado suba o rio, deixando-os assim sem o alimento que é básico na sua mesa.
CONCLUSÕES:
Portanto, com base nos resultados da presente pesquisa, foi possível constatar que a comunidade ribeirinha pesquisada depende diretamente da conservação do lago e dos recursos florestais. Estes tem na agricultura sua maior fonte de renda. No entanto a produção é rudimentar e utiliza a mão-de-obra familiar, que nem sempre é extensa. O escoamento deste produto é também outro fator crítico, pois os produtores não vendem diretamente ao consumidor final, mas sim a atravessadores, o que diminui consideravelmente seu ganho com a produção da farinha. A criação de uma cooperativa de mandiocultura, que envolva e distribua o trabalho entre todos da região. Outra solução de renda seria criação de peixes em viveiros ao longo do lago. Além disso, é necessário um trabalho de Educação Ambiental com os moradores a respeito da conservação e utilização dos recursos do local onde vivem. Algumas práticas conservacionistas já adotadas pela por alguns comunitários incluem não jogar lixo no rio e não pescar as espécies protegidas na época de reprodução. A implementação de um manejo sustentável dos recursos da várzea depende, no entanto, da forma atual de utilização destes recursos.
Referência: Ferreira, M. S. F. D. 2010. Lugar, Recursos e Saberes dos Ribeirinhos do Médio Rio Cuiabá, MT. UFSCAR.
Palavras-chave: Ribeirinhos, Problemas ambientais, Conservação.