65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 5. Agronomia
PROSPECÇÃO DE ESPÉCIES ARBÓREAS E ARBUSTIVAS PARA CONTROLE DE ERVAS DANINHA
Emanuelle Barros Sobral de Melo - Mestrado em Ciências Agrárias, UEPB/Embrapa Algodão
Augusto Fernandes dos Santos Neto - Eng. Agrônomo, UFRPE/CNPq
Maria Aline de Oliveira Freire - Enga. Agrônoma, Embrapa Algodão/CNPq
Péricles de Albuquerque de Melo Filho - Eng. Agrônomo, Prof. Departamento de Agronomia, UFRPE
Liziane Maria de Lima - Bióloga molecular, pesquisadora, Embrapa Algodão
Roseane Cavalcanti dos Santos - Enga. Agrônoma, pesquisadora, Embrapa Algodão
INTRODUÇÃO:
Várias espécies cultivadas ou nativas produzem metabólitos secundários capazes de gerar efeitos sobre o desenvolvimento de plantas daninhas. Tais metabólitos, conhecidos como aleloquímicos, apresentam efeito sobre outras espécies, devido à produção de bioativos com propriedade herbicida em varias partes da planta. Em campo, os efeitos alelopáticos são freqüentemente confundidos com outros tipos de interferência ou efeitos gerados por fatores físicos, químicos e biológicos, devido à presença das plantas ou de material em decomposição sobre o solo. A equipe de biotecnologia e manejo cultural da Embrapa Algodão tem envidado esforços, nos últimos 5 anos, em estudos envolvendo defesa de plantas, focalizando na prospecção de espécies arbóreas ou arbustivas do bioma caatinga, com potencial alelopático.
Nesse contexto, a perspectiva de uso de uma dessas espécies no controle de plantas, ou via manejo isolado ou integrado, constitui-se em uma alternativa de largo impacto econômico e ecológico, especialmente considerando-se o custo dos herbicidas sintéticos e seus efeitos causados ao meio ambiente e ao homem.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Prospectar espécies arbóreas e arbustivas, localizadas no bioma caatinga, com potencial para controle de ervas daninhas, focalizando em bioensaios in vitro utilizando planta modelo (Lactuca sativa).
MÉTODOS:
Extratos líquidos de Hymenaea courbaril (Jatobá), Celastraceae sp., Tetraphylla sp., Anadenanthera macrocarpa (Angico), Thevetia peruviana (Chapéu de Napoleão), Cajanus cajan (Guandu) e Anacardium humile foram testados sobre a germinação de sementes de L. sativa (Alface). Trinta sementes foram depositadas em placas de Petri, com papel de filtro, umedecido com 3,0 mL do extrato líquido dessas sete espécies, nas concentrações de 2,5%, 5%, 7,5% e 10%. Posteriormente, as placas de Petri foram mantidas em B.O.D. a 25 °C com fotoperíodo de 12 h, durante 7 dias. A taxa de germinação foi registrada no 5º dia após a semeadura, considerando germinados as plântulas com protuberância radicular maior que 2 mm. O delineamento adotado foi inteiramente casualizado com 5 repetições. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se do programa Genes versão 2009.7.0. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey (5%).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Entre as sete espécies estudadas, verificou-se que Anacardium humile apresentou a menor média de inibição da germinação em alface, com 23,41%, não se constituindo, então, em uma espécie com potencial alelopático, considerando-se a planta modelo utilizada. Para as outras espécies, o maior potencial de inibição de germinação foi observado com Celastraceae sp., com média de 94,03% e Thevetia peruviana, com média de 92,41%, ambas na concentração de 7,5%. Para Hymenaea courbaril, Anadenanthera macrocarpa e Cajanus cajan, as médias de inibição foram de 65,21%, 84,81% e 79,75%, respectivamente, todas na concentração de 10%. Para essas espécies, a inibição cresceu à medida que a concentração dos extratos líquidos aumentou e a germinação diminuiu denotando uma tendência linear. Para Tetraphylla sp., a média de inibição foi de 43,12%, contudo a maior inibição 66,67%, foi observada na concentração de 5%, indicando que essa espécie tem viabilidade em baixas concentrações.
CONCLUSÕES:
A análise conjunta dos resultados das sete espécies estudadas nesta pesquisa permite concluir que os extratos líquidos de Celastraceae sp. e Thevetia peruviana foram mais promissores para inibição da germinação da L. sativa devido demonstrarem potencial de controle em baixas concentrações. Como o presente estudo baseia-se em resultados in vitro, faz-se necessário estudos complementares para atestar o potencial das espécies estudadas e, posteriormente, validar as informações em condições naturais de campo. As perspectivas de controle de ervas daninha por meio de espécies com potencial alopático constitui-se em uma pratica de alto valor agroecológico, com efetiva redução de custos com insumos agrícolas além de maior preservação do meio ambiente.
Palavras-chave: Alelopatia, Manejo, Herbicida natural.