65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
COLETA DA CASTANHA DO PARÁ EM COMUNIDADES DA MESORREGIÃO BAIXO AMAZONAS, ESTADO PARÁ
Adriano Araújo da Silva - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará
João Ricardo Vasconcellos Gama - Universidade Federal do Oeste do Pará
Rommel Noce - Universidade Federal do Oeste do Pará
Sandro Leão - Universidade Federal do Oeste do Pará
Maria Kelliane Valentim dos Santos - Universidade Federal Rural da Amazônia
INTRODUÇÃO:
A castanheira (Bertholletia excelsa Bonpl.), família Lecythidaceae, é uma espécie arbórea nativa da Amazônia que tem por habitat terra firme. Árvore símbolo da Amazônia devido a sua importância social, ecológica e econômica para a região. A castanha do Pará teve entre outros produtos extrativos, grande importância na formação econômica, social e política da Amazônia e está entre os mais comercializados no mercado nacional e de exportação. Entretanto, não existe consenso sobre o extrativismo. Alguns autores defendem o extrativismo como forma de renda para as comunidades que realizam a atividade, porém outros estudiosos consideram inviável economicamente a prática.
Entretanto, existe um forte mercado deste produto no Brasil, em especial na região norte. Dados do IBGE referente à produção do ano de 2009 mostram que dentre os produtos do extrativismo vegetal, a castanha do Pará ocupa a 6° colocação entre os produtos do extrativismo no Brasil. O estado do Pará ocupa a 3° colocação em produção gerando uma rentabilidade de R$ 10.129,00 milhões. Deste montante a região de integração Baixo Amazonas, foi responsável por contribuir com 98,24% da produção estadual. No Pará, os municípios mais extrativos de castanha do Pará, no ano de 2009, foram Oriximiná, Óbidos e Almeirim.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Analisar a atividade da coleta da castanha do Pará em comunidades dos municípios de Oriximiná, Óbidos e Almeirim, localizados na mesorregião de integração Baixo Amazonas, estado do Pará
MÉTODOS:
A coleta de dados ocorreu em comunidade dos municípios Oriximiná, Óbidos e Almeirim, localizados na mesorregião Baixo Amazonas, região oeste do estado do Pará. Foram selecionadas para realizar a coleta de dados as comunidades com maior tradição no extrativismo da castanha.
Os dados foram obtidos através de entrevistas utilizando questionário semi estruturado para os coletores/extrativistas e para os atravessadores, que na maioria deles são comerciantes da própria comunidade ou pessoas oriundas de outros locais que vão até as comunidades apenas para comprar a castanha.
A estimativa do custo de extração de castanha foi realizada por meio da quantificação das despesas. Os preços dos fatores de produção e dos produtos foram quantificados em valores reais e em moeda nacional (R$).
Na análise financeira da atividade foi utilizada como indicador de viabilidade a receita líquida (RL) que foi obtida pela diferença entre a receita bruta e os custos, a renda do trabalho familiar (RTF) foi obtida subtraindo-se da renda bruta todas as despesas, exceto as de mão de obra familiar, que passou a ser remunerada pelo resíduo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A mão de obra utilizada na coleta é basicamente familiar, porém existe diferença na organização da mão de obra nos três municípios. Em Óbidos a maioria dos coletores trabalha sozinho, em Almeirim alguns trabalhadores fazem a coleta em mutirão com pessoas de diferentes famílias e em Oriximiná a coleta é feita predominantemente por comunidades de remanescentes quilombolas.
A principal limitação foi a falta de financiamento pelos bancos para a atividade de extrativismo de castanha. Devido a isto, alguns coletores, menos capitalizados, vedem parte da produção antes da coleta e comprometem sua produção com preços abaixo de mercado para poder se manter no início da atividade.
As atividades realizadas no interior da floresta são as que mais resultam em despesas, alcançando até 85,64% do custo total. A principal delas é a mão de obra para a coleta, podendo chegar a 68,13%. Quanto aos indicadores de viabilidade, a RL nos municípios variou em média de 11,17% a 18,36% em relação ao custo total da atividade. Considerando a RTF na atividade de extração a castanha do Pará dividida em 12 meses, esta contribui de 15,0% a 17,9 % na renda mensal da família. Outras atividades são realizadas durante o ano para completar a renda.
CONCLUSÕES:
O sistema que envolve a extração da castanha é bastante rudimentar nos três municípios estudados, com coleta e transporte manual, resultando em baixa eficiência da atividade.
O extrativismo da castanha do Pará nos três municípios estudados apresentou relativa viabilidade econômica para os extrativistas nas condições analisadas.
A falta de crédito é um fator que torna os coletores “reféns” dos preços pagos por atravessadores, pois no início da safra é o momento que os coletores precisam de recurso para adquirir a estrutura necessária para o período de coleta.
Palavras-chave: Bertholletia excelsa, mão de obra familiar, produtos florestais não madeireiros.