65ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 14. Engenharia
INVENTÁRIO DE EMISSÕES DOS PRINCIPAIS GASES DE EFEITO ESTUFA DE ORIGEM VEICULAR NO MUNICÍPIO DE JUIZ DE FORA–MG, ANO BASE 2011
Carolina de Souza araujo - Depto. de Engenharia Sanitária e Ambiental- UFJF
Israel de Almeida Nogueira - Depto. de Engenharia Sanitária e Ambiental- UFJF
Aline Samento Procópio - Profa. Dra./ Orientadora - Depto. de Eng. Sanitária e Ambiental- UFJF
INTRODUÇÃO:
O setor de transportes é uma das principais fontes emissoras de gases de efeito estufa em centros urbanos, sendo responsável por aproximadamente 9% das emissões equivalentes de dióxido de carbono no Brasil (MCT, 2006). Trata-se de um problema que tende a agravar-se devido, principalmente, ao desenvolvimento desordenado dos espaços urbanos e ao aumento da necessidade de deslocamento da população, o que leva ao aumento dos níveis de tráfego. A cidade de Juiz de Fora, localizada na Zona da Mata Mineira, tem uma população de 516.247 habitantes (IBGE, 2012) e uma frota de 193.333 veículos (DENATRAN, 2012).
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo principal desse trabalho foi inventariar a emissão proveniente da frota veicular de Juiz de fora no ano de 2011 dos seguintes gases: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), monóxido de carbono (CO), óxidos de nitrogênio (NOx) e os compostos orgânicos voláteis não metano (NMVOC).
MÉTODOS:
A elaboração de um inventário de emissões veiculares depende de três grandes conjuntos de dados: os fatores de emissão de poluentes, a intensidade de uso e a frota de veículos em circulação. Esses valores são aplicados em diversas equações, seguindo as metodologias do MMA (2011) e CETESB (2011).
Os fatores de emissão adotados foram os mesmos utilizados pela CETSB(2011), levando-se em consideração a idade do veículo (sucateamento) e o combustível utilizado. O consumo de combustível anual é um dado importante na elaboração do inventário no que diz respeito à estimativa da intensidade de uso, entretanto não foi possível obter esta informação em nível municipal. Assim, com dados do 25º Balanço Energético do Estado de Minas Gerais (BEEMG, 2010) e do Balanço Energético Nacional (BEN, 2011), foi possível estimar o consumo de combustível em nível municipal, assumindo para Juiz de Fora a mesma relação de Minas Gerais entre frota por tipo de veículo e seu respectivo consumo de combustível.
A categorização da frota de veículos é feita com base nos dados sobre o emplacamento anual de veículos por tipo do DENATRAN (2012) e na separação por tipo de combustível encontrado na ANFAVEA (2011). Os veículos analisados foram automóveis: os automóveis, motocicletas e comercias leve (do Ciclo Otto),movidos à gasolina e álcool hidratado; e os ônibus, caminhões e comerciais leves (do Ciclo Diesel), movidos a diesel. Os demais tipos de combustíveis não foram considerados devido inexistência de dados;
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A emissão total de CO2 CH4, N2O, CO, NOX e NMVOC no município foram, respectivamente, de 594.048,2t, 153,9t, 70,3t, 5.669,9t, 1.834,7t, 7.739,7t. Os resultados obtidos permitem uma avaliação do cenário das emissões de gases poluentes no município. Analisando os valore percebe-se que a frota de automóveis é a maior responsável pela emissão de CO2, CH4, N2O, CO e NMVOC, correspondendo a mais de 50% das emissões totais desses gases. O NOx não segue o mesmo padrão pois 63% de sua emissão é oriunda da frota de ônibus urbanos. Essa participação mais significativa dos ônibus na emissão de NOx já era esperada, um vez que é um gás residual característico do processo de combustão do diesel. Contudo, é válido ressaltar que a frota de ônibus urbano, assim como a de comercias leve do ciclo Otto, também tem uma participação expressiva nas emissões dos demais gases.
CONCLUSÕES:
Representando 64% da frota veicular de Juiz de Fora, os automóveis são os maiores responsáveis pelas emissões de GEE. Este fato coloca em pauta a questão do transporte público urbano, tal que um aumento de sua qualidade possa estimular a população a reduzir o uso do transporte individual. Contudo, também é necessário que se leve em conta as emissões provenientes dos ônibus urbanos, ou seja, é necessário avaliar não só a qualidade do serviço prestado à população, como também as tecnologias de controle de poluição empregadas e a possibilidade do uso de combustíveis menos poluentes pela frota de ônibus urbano.
A inexistência de alguns dados, tais como a frota real de veículos circulantes no município de Juiz de Fora, a conversão de veículos para GNV, o consumo anual de combustível, os fatores de emissão específicos, intensidade de uso, entre outros, fez com que fosse necessário adotar algumas premissas, que podem não representar exatamente a realidade da cidade. Espera-se que, no futuro, com o aperfeiçoamento na obtenção e coleta dessas informações, as estimativas possam ser obtidas através de cálculos com graus de rigor mais refinados, minimizando seus erros para se aproximar cada vez mais da realidade.
Este trabalho constitui um primeiro passo na direção da identificação de medidas a serem tomadas pelos órgãos ambientais e outros segmentos da sociedade, com o objetivo de reduzir e controlar as emissões atmosféricas, promovendo um incremento na qualidade de vida da população.
Palavras-chave: Inventário de emissões atmosféricas, Fontes Móveis, Poluição.