65ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 12. Engenharia Química
Caracterização química e física de frutos de buriti (Mauritia flexuosa L.)
Mateus Felipe Lourêdo Araújo - Instituto de Ciência e Tecnologia - UFVJM
Alexandre Soares dos Santos - Prof. Dr./Orientador - Depto. de Ciências Básicas - UFVJM
Lílian de Araújo Pantoja - Profa. Dra./Co-orientadora - Instituto de Ciência e Tecnologia - UFVJM
INTRODUÇÃO:
O Cerrado é um dos maiores e mais importantes biomas da América do Sul e no Brasil, está presente em quase todos os estados, sendo considerado um complexo mosaico que possui uma biodiversidade mundial. Existem poucos trabalhos científicos disponíveis na literatura em relação à composição química e aplicações tecnológicas dos frutos do Cerrado, ressaltando a necessidade de pesquisas científicas sobre o assunto, constituindo-se de ferramentas básicas para avaliação do consumo, desenvolvimento de novos produtos e preservação do bioma. Dentre os frutos do cerrado, o buriti (Mauritia flexuosa L.) que é uma palmeira membro da família Arecaceae, destaca-se pelo seu considerável aproveitamento tecnológico. Versa-se de uma espécie de alto valor econômico e social agregado, uma vez que de sua palmeira praticamente tudo é aproveitado, o que envolve uso no artesanato, na alimentação e até mesmo no desenvolvimento de materiais poliméricos. Apresenta-se ainda como matéria-prima de interesse para produção de biodiesel, por ser uma planta oleaginosa de alto conteúdo lipídico. O buriti é comumente encontrado em áreas inundadas e, no Brasil, esta espécie se distribui nas regiões do cerrado, pantanal e amazônia.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Determinar a composição química das frações casca e polpa e a caracterização física dos frutos de buriti (Mauritia flexuosa L.) provenientes do município de Três Marias – MG.
MÉTODOS:
Um lote de frutos de aproximadamente 23kg foram adquiridos no município de Três Marias – MG e transportados para o laboratório de Bioprocessos e Biotransformação da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), situada no Campus I em Diamantina – MG. Após o processo de higienização, realizou-se a caracterização física através da seleção aleatória de 50 frutos com o objetivo de determinar medidas de diâmetro transversal, diâmetro longitudinal, massas das frações do fruto e o cálculo do rendimento. Em seguida, procedeu-se com o processamento que consistiu na separação das partes do fruto; secagem à 60°C por 24 horas e a cominuição das frações casca e polpa para obtenção das amostras a serem utilizadas nas análises químicas. Foram determinadas a umidade, teor de lipídeos, cinzas, proteínas, fibra bruta, açúcares solúveis totais, amido e carotenóides totais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A amostra de 50 frutos apresentou em média 9,3g e rendimento de 24,2% em polpa; 9,4g e rendimento de 24,5% em casca; 9,7g e rendimento de 25,4% em endocarpo; 0,8g e rendimento de 2,16% em pedúnculo; 6,01g e rendimento de 15,7% em caroço.
A casca do fruto apresentou 8,7% de umidade, 1,6% de cinzas, 2,1% de lipídeos, 1,9% de proteínas, 27,9% de fibra bruta, 3,6% de açúcares solúveis totais, 1,3% de amido, 57,85% de carboidratos totais e 3,7mg de carotenóides totais por 100g de casca desidratada. A polpa apresentou 10,3% de umidade, 4,4% de cinzas, 2,4% de lipídeos, 4,3% de proteínas, 32,6% de fibra bruta, 5,1% de açúcares solúveis totais, 6,1% de amido, 46% de carboidratos totais e 4,8mg de carotenóides totais por 100g de polpa desidratada.
O processo de secagem promoveu uma redução do teor de umidade da polpa de buriti in natura de 83,9% para 10,3%. O teor de umidade encontrado em diversos frutos muito consumidos no cerrado brasileiro (86,2%) assemelha-se ao teor de umidade encontrado na polpa de buriti. O teor de lipídios da polpa de buriti em base seca verificado neste trabalho foi extremamente inferior ao encontrado por Carneiro e Carneiro (2011) (51,7%) que também analisaram esta fração em base seca.
CONCLUSÕES:
A análise da composição química da casca e polpa do fruto mostrou que os componentes avaliados neste trabalho concentraram-se na fração polpa, com exceção dos carboidratos. Em termos quantitativos, a maior variação obtida da casca em relação à polpa foi o teor de amido o qual teve um valor cerca de 4,6 vezes maior. Por outro lado, a menor não houve diferença significativa entre o teor de lipídios da casca em relação à polpa. A composição lipídica do buriti analisado neste trabalho diverge significativamente do teor de lipídios para o mesmo fruto em distintas regiões do Brasil. A razão das discrepantes diferenças reside em características edafoclimáticas da região de origem dos frutos, além de características varietais. O conhecimento dos constituintes químicos e dos aspectos físicos do fruto buriti e de suas frações poderá contribuir para um melhor aproveitamento do fruto, agregando valor econômico ao mesmo devido ao seu potencial uso em indústrias alimentícias ou de cosméticos.
Palavras-chave: Análise centesimal, Lipídios, Palmeira.