65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 7. Saúde Materno-Infantil
Avaliação da relação entre Microcirculação e Índice de Massa Corporal em Gestantes com Pré-eclâmpsia
Luiz Felix Euclides da Costa - Acadêmico de Medicina da Faculdade Pernambucana de Saúde. Bolsista PIBIC - CNPq
Lais Pinheiro Lins - Acadêmico do curso de Medicina da Faculdade Pernambucana de Saúde
Rafael Nóbrega de Pádua Walfrido - Acadêmico do curso de Medicina da Faculdade Pernambucana de Saúde
Karine Ferreira Agra - Fisioterapeuta, Mestranda em Saúde Materno-Infantil - IMIP, Bolsista CAPES
José Roberto da Silva Júnior - Doutorando em Saúde Materno Infantil - IMIP, prof. - Faculdade IBGM
João Guilherme Bezerra Alves - Prof. Dr./ Orientador. Médico, Pesquisador da Pós-graduação Stricto Sensu - IMIP
INTRODUÇÃO:
Pré-Eclâmpsia é uma doença hipertensiva relacionada à gestação, caracterizada por hipertensão arterial acompanhada de proteinúria a partir da vigésima semana de gestação. Sua etiologia ainda não foi esclarecida, mas sabe-se que está relacionada à redução da perfusão placentária, seguida de dano da função endotelial materna, ocasionando manifestações sistêmicas. Espera-se que na gestação normal ocorram modificações na função microcirculatória, alteração do tônus vascular com diminuição da resistência, e redução na pressão sanguínea. Na Pré-eclâmpsia há elevação da pressão arterial e aumento da resistência vascular sistêmica, originando a hipótese de que a disfunção endotelial contribui para o desenvolvimento da doença, evidenciando sua relação com a microcirculação. Entre os fatores de risco para pré-eclâmpsia destaca-se a obesidade, doença que compromete de forma significativa a microcirculação, provocando redução do fluxo sanguíneo. Neste contexto, surgiu-nos o interesse de realizar este estudo, considerando a possibilidade de contribuir com conhecimentos acerca da relação entre doenças importantes na atualidade. A pré-eclâmpsia está entre as maiores causas de morbimortalidade materna e infantil; enquanto a obesidade é considerada atualmente pela OMS uma epidemia mundial.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a microcirculação de gestantes com e sem pré-eclâmpsia atendidas no IMIP através da técnica de fluxometria por laser-doppler (LDF), observando as variações da microcirculação de acordo com o índice de massa corporal.
MÉTODOS:
Estudo observacional de corte transversal com componente analítico. Foram incluídas gestantes atendidas no Centro de Atenção à Mulher do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira, com idade gestacional maior ou igual a 26 semanas e gestação de feto único, com diagnóstico negativo para qualquer patologia, no caso do grupo controle; e com diagnóstico de pré-eclâmpsia grave, no caso do grupo PEG. Considerou-se PEG, o aumento da pressão arterial (PAS≥140mmHg ou PAD≥90mmHg) acompanhado de proteinúria (excreção urinária de proteína ≥0,3g em 24h; ou ≥30mg/dL, lendo-se no Labstix, ≥1+) diagnosticado a partir da vigésima semana de gestação. Foram excluídas as gestantes com hipertensão crônica e outras patologias como diabetes (clínico ou gestacional). As gestantes elegíveis que aceitaram participar da pesquisa e assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, responderam um formulário e, em seguida, foram submetidas à antropometria e ao exame para avaliação da função da microcirculação através do LDF. Os dados foram comparados pelo teste Mann-Whitney e utilizou-se o coeficiente de correlação linear de Pearson para verificar correlação, considerou-se um p≤0,05 como nível de significância.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A amostra foi constituída de 26 gestantes, divididas em dois grupos: Controle (n=10) e Pré-eclâmpsia grave (PEG) (n=16). A média de idade do grupo controle foi de 23±4 anos e do grupo PEG 26±7 anos. A mediana de paridade foi zero para ambos os grupos, variando até 1 no grupo controle, e até 2 no grupo PEG. A média da idade gestacional do grupo controle foi de 31±4,2 semanas e do grupo PEG 32±4,1 semanas. Quando comparados os grupos em relação ao IMC, verificamos no grupo controle uma média 28,24±4,8 kg/m2 e no grupo com PEG uma média de 29,42± 4,7 kg/m2, não havendo diferença entre os grupos (p=0,5334). O que pode justificar o fato de não termos verificado correlação entre o valor de IMC e a medida da microcirculação avaliada. Em relação ao valor da microcirculação entre os grupos (avaliada através da razão entre nível máximo e nível de repouso do fluxo sanguíneo, que avalia a vasodilatação dependente do endotélio) houve diferença entre o grupo controle (43,92±2,3 PU) e o grupo com PEG (59,65±3,6 PU) com um p = 0,05, corroborando com estudos que afirmam que enquanto na gestação normal ocorre um aumento desta variável de maneira estável, na pré-eclâmpsia ocorre aumento mais significativo e progressivo ao longo da gestação.
CONCLUSÕES:
Apesar da relação demonstrada em diversos estudos, entre a elevação do IMC e um maior risco de complicações obstétricas, entre as quais está a pré-eclâmpsia, a presente pesquisa não apontou diferença significativa na comparação do IMC de gestantes saudáveis com o daquelas diagnosticadas com PEG. Entretanto o estudo atestou uma diferença entre os valores provenientes da avaliação microcirculatória dos grupos de gestantes. Desta forma, os achados deste estudo apontam para necessidade de realização de novos trabalhos, com aperfeiçoamento da metodologia, objetivando aprofundar-se no conhecimento da relação entre a obesidade e as alterações microcirculatórias existentes em gestantes com pré-eclâmpsia.
Palavras-chave: Pré-eclâmpsia, Microcirculação, Fluxometria por Laser-Doppler.