65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
ACIDENTES DE TRABALHO: ESTUDO DE CASO EM UM HOSPITAL REGIONAL DO VALE DO ASSU-RN
Andressa Germana de Souza - Depto. de Ciências Exatas Tecnológicas e Humanas-UFERSA
Fabrícia Nascimento de Oliveira - Profa/Orientadora, Mestre – Depto. de Ciências Exatas, Tecnológicas e Humanas –
INTRODUÇÃO:
O hospital é considerado um ambiente insalubre, penoso e perigoso que pode comprometer a saúde de muitos trabalhadores, onde há riscos de acidentes e adoecimento por causa de vários tipos de riscos sejam eles físicos ou psicológicos (MACHADO et al., 2009). Os riscos de acidentes de trabalho são classificados como químicos, físicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. Entre esses, os riscos mais frequentes no ambiente hospitalar são com materiais perfurocortantes e de contaminação de mucosa (boca, nariz, pele), isso acontece devido o constante contato com pacientes e equipamentos contaminados. Entre os profissionais da saúde, os de atendimento médico-hospitalar (médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares) são os que mais sofrem com acidentes e doenças no trabalho. Pesquisas com este foco são importantes(DALAROSA, 2007), pois permitem avaliar as condições de trabalho dos profissionais da saúde e a relação dos acidentes e doenças que são causadas devido às atividades exercidas no trabalho e a falta de cuidado para esses eventuais acontecimentos. É preciso entender e fazer mudanças na organização do trabalho e adotar medidas de prevenção e proteção para melhorar a qualidade na execução de tarefas no decorrer da jornada de trabalho.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Identificar a partir de entrevistas os acidentes de trabalho que ocorrem com os profissionais da saúde de um hospital regional do Vale do Assu-RN, assim como os maiores causadores desses acidentes, o membro mais atingido, os profissionais que mais sofrem acidentes ou doenças decorrentes do trabalho e verificar o uso de equipamentos de proteção individual entre estes profissionais.
MÉTODOS:
Esse estudo trata-se de uma pesquisa quantitativa e descritiva, realizada em um Hospital Regional do Vale do Assu/RN que atende a doze municípios da região, com o objetivo de analisar os acidentes de trabalho ocorridos com os profissionais da saúde. Para isso foi aplicado um formulário como instrumento de coleta de informação no qual constavam perguntas relacionadas aos dados sócio-demográfico, a utilização de equipamento de proteção individual, acidentes de trabalho, carga horária, membro atingido, preenchimento da CAT (comunicado do acidente de trabalho). A população coletada foi de aproximadamente cem funcionários, uma amostra de trinta e seis por cento da população total de trabalhadores, com diferentes cargos e setores, como auxiliares de serviços gerais, trabalhadores de enfermagem (médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem), maqueiro, administrador, lavandeiro, copeiro, técnicos de laboratório. Para tabulação e apresentação dos dados foram utilizados instrumentos computacionais, como a Microsoft Excel® versão dois mil e sete para realização da estatística simples.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os trabalhadores do hospital são 67% e 33% dos gêneros feminino e masculino, respectivamente, com carga horária de 24 horas na sua maioria, tendo folgas de 2 a 3 dias. O turno noturno também pode ser um fator para que aconteçam acidentes, pois foram constatados que 74% dos trabalhadores acidentados são desse turno. Pereira et al. (2010) afirma que o trabalho noturno é mais prejudicial a saúde do que o realizado no turno diurno, pois a perda ou redução do sono transgride as funções fisiológicas do ser humano, causando mal estar, fadiga e alterando o humor da pessoa. Com relação ao uso dos equipamentos de proteção individual (EPI’s) apenas 18% utilizam todos os EPI’s. Já em se tratando aos acidentes ocorridos no hospital estudado, 18% da população entrevistada sofreu algum acidente, sendo o principal causador as agulhas (88,88%) e o dedo foi o membro mais atingido (83,32%). Os profissionais que trabalham na enfermagem são as maiores vítimas de acidentes no trabalho, sendo nesse estudo 77,76% dos acidentados técnicos de enfermagem. De acordo com Pousa (2002), 24,4% dos acidentes perfurantes estão relacionados com trabalhadores de enfermagem, auxiliares de serviço geral e técnicos de laboratório. Nenhum dos acidentados do hospital regional do Vale do Assu-RN preencheram a CAT. Todavia, apesar do ambiente hospitalar ser considerado perigoso pela maioria dos entrevistados, 54% dos trabalhadores afirmaram que gostam muito de trabalhar neste local.
CONCLUSÕES:
Os profissionais que mais sofrem acidentes de trabalho no Hospital Regional do Vale do Assu/RN, conforme dados coletados nas entrevistas, são os técnicos de enfermagem e a maioria utilizava o EPI quando ocorreu o acidente. Os maiores causadores de acidentes no hospital são com os materiais perfurocortantes, principalmente, agulhas, e o membro mais atingido é o dedo. Apesar da maioria dos entrevistados dizer que são muito satisfeitos com o trabalho, no entanto, reclamaram da remuneração, pois sabem que o esforço físico e mental é muito grande. São necessários cuidados no manuseio de materiais que possam causar acidente de trabalho no ambiente hospitalar, além de algumas medidas de biossegurança. É importante também que o hospital ofereça treinamentos de segurança no trabalho, conscientização de práticas seguras, fornecimento de dispositivos de segurança aos trabalhadores e aperfeiçoamento profissional. Além do mais, é salutar que o hospital registre os acidentes ocorridos por meio da CAT e que se o trabalhador tiver algum agravamento da lesão ou possíveis sequelas em consequência do acidente o hospital precisa fazer um acompanhamento mais detalhado. Os registros de acidentes presumem uma investigação das causas e ações mitigadoras para que outros acidentes semelhantes não venham a ocorrer.
Palavras-chave: Equipamentos de Proteção Individual, Trabalho Hospitalar, Materiais Perfurocortantes.