65ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 4. Turismo e Hotelaria - 2. Planejamento e Projetos Turísticos
ATUAL PANORAMA DO CENTRO HISTÓRICO DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO PARA A PARCELA POPULACIONAL QUE NECESSITA DE ESPAÇOS ACESSÍVEIS
Paula Chaves Miranda - Depto. de Ciências Sociais - UFMA
Layssa Lélia Vieira dos Santos - Depto. de Ciências Sociais - UFMA
Jéssica Rodrigues Ribeiro - Depto. de Ciências Sociais - UFMA
Fabíola Geovanna Piga - Depto. de Ciências Sociais - UFMA
Denise Costa - Depto. de Ciências Sociais - UFMA
Anderson Lourenço Miranda - Prof. Msc./Orientador - Depto. de Ciências Sociais - UFMA
INTRODUÇÃO:
Uma das palavras em voga no século XXI, inclusive no setor turístico, é acessibilidade. O turismo é uma das atividades econômicas com maior taxa mundial de crescimento há décadas o que o leva a investir em atividades nunca realizadas. Porém, percebe-se que nem todos os segmentos da população tem acesso a esta atividade; pessoas com deficiência, por exemplo, idosos ou obesos (mobilidade reduzida) pouco a pouco mostram à sociedade sua insatisfação por serem excluídos. As dificuldades para tal são muitas: instalações e equipamentos não adaptados, equipes despreparadas para oferecerem os serviços, etc. Analisando este quadro atual, compreende-se que um dos locais mais carentes de acessibilidade são os centros históricos das cidades visto que foram construídos em uma época em que ser deficiente ou ter a mobilidade reduzida era sinônimo de uma vida em casa, isolado. Mesmo com essas dificuldades, e talvez por consequência delas, a acessibilidade no turismo vem se tornando indispensável e oferecer espaços acessíveis se torna cada vez mais obrigatório. Assim, deficientes e pessoas com mobilidade reduzida tem o direito de se integrar socialmente fazendo parte, de forma justa, do turismo.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho tem como objetivo analisar a estrutura do centro histórico de São Luís do Maranhão (se já está voltado para políticas acessíveis); conhecer o grau de satisfação dos deficientes e pessoas com mobilidade reduzida que visitam o mesmo e, também, saber a qualidade do atendimento e dos serviços oferecidos pelos poderes públicos e privados frente à temática.
MÉTODOS:
Estudo baseado primeiramente em análise bibliográfica para fomentar os objetivos da pesquisa, justificando na teoria a necessidade do estudo em questão. Para avaliar a área, a estratégia utilizada foi ir a campo, podendo ter contato direto com a parcela populacional que se sente lesada e insatisfeita com a infraestrutura do local no que tange à acessibilidade. A metodologia compreendeu uma pesquisa de campo, analisando o local de forma presencial, observando os fatos e fenômenos no mesmo acerca do tema principal. Foi realizada uma coleta de dados por meio de questionário aplicado também no local, com parcelas diferentes da população: turistas/visitantes deficientes e/ou com mobilidade reduzida, poder público e privado; dentro deste universo, 10% das pessoas participaram do processo. Foram encontradas muitas limitações começando pela ligação do tema proposto com o local de estudo. Também se observou despreparo e/ou receio das pessoas questionadas acerca do tema o que, por vezes, dificultou a coleta de dados pois o indivíduo dava qualquer resposta. Por fim, houve dificuldade ao localizar pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida no Centro Histórico exatamente por não acharem que o local é preparado para recebê-los.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Ao arguir poderes público e privado acerca do atendimento com pessoas deficientes e/ ou com mobilidade reduzida, constatou-se que deficientes visuais são os maiores frequentadores do local, ambos com 20%. Segundo e terceiro lugares ficam os deficientes físicos e auditivos, com 18% e 16% respectivamente. Nota-se que, mesmo locomovendo-se com dificuldade, os idosos ainda são uma parcela atuante, que gosta de passear e conhecer, daí o surgimento de um “turismo da terceira idade” que contempla atividades voltadas para este público. Questionados sobre conhecer uma lei que assegure os direitos do cliente que possui deficiência e/ou mobilidade reduzida, 56% afirmaram que conhecem o que traz o mostra que as pessoas tem conhecimento dos direitos dos deficientes e/ou pessoas com mobilidade reduzida mas não tomam atitudes ou esperam que outras o façam. Tendo consciência que o número de turistas deficientes e/ou com mobilidade reduzida é crescente, o poder privado diz, em sua maioria (58%), que tem vontade de adotar práticas acessíveis em seu estabelecimento para atender esta demanda. Por fim, uma das maiores reclamações dos deficientes e pessoas com mobilidade reduzida é quanto à sinalização e 66% afirmam que isto simplesmente não existe/não acontece no centro histórico.
CONCLUSÕES:
O direito de ir e vir é previsto em lei e as adaptações precisam ser feitas. Existem empresas especializadas em mobilidade urbana, que fazem projetos propondo ruas de pedestres, ruas de circulação compartilhada, ruas de circulação segregada e ruas de convivência que melhorariam consideravelmente as condições de circulação para as pessoas que frequentam o centro histórico, tanto para aquelas que andam a pé ou de bicicleta, quanto para as que andam de carro, de ônibus ou de barco e também para deficientes e pessoas com mobilidade reduzida. Tais opções, que já vigoram em outras cidades, podem ser, também, soluções para o centro histórico de São Luís. Calçadas, sinalizações e atendimento diferenciado são os principais desejos desta parcela populacional tão rica em anseios mas, ao mesmo tempo, tão pobre em oportunidades pois há vontade de incluí-los mas, no entanto, pouco se faz. É necessária acima de tudo, a conscientização geral, não só dos empreendedores ou dos setores públicos, toda a população deve estar junta, cobrando e também fazendo para que os deficientes e pessoas com mobilidade reduzida possam ser e se sentir parte da coletividade que contribui para identidade e, então, acessibilidade não será mais um tema a ser estudado e, sim, uma realidade concreta.
Palavras-chave: Acessibilidade, Infraestrutura, Desenvolvimento.