65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 2. Microbiologia Aplicada
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DO PAPILLOMAVIRUS HUMANO (HPV) EM MULHERES QUILOMBOLAS NO ESTADO DO MARANHÃO – MA
Ana Paula Almeida Cunha - Graduação em Ciências Biológicas - UFMA
Elaine dos Santos Piancó - Graduação em Ciências Biológicas - UFMA
Maria do Desterro Soares Brandão Nascimento - Profa. Dra./Orientadora - Departamento de Patologia - UFMA
INTRODUÇÃO:
O Papillomavirus Humano (HPV) representa a infecção viral transmitida sexualmente mais comum em todo o mundo. É considerado o agente etiológico primário para o desenvolvimento do câncer cervical, com aproximadamente 250.000 casos de morte anualmente. Existem atualmente mais de 100 tipos diferentes de HPV e são divididos em baixo risco e alto risco ou oncogênicos, sendo os de alto risco associados significativamente com a progressão para o câncer cervical invasivo.
O câncer de colo de útero é o segundo câncer que mais acomete as mulheres e o terceiro mais letal (Castellsagué, 2007). Segundo o INCA (2011), as estimativas no Brasil para o ano de 2012, que são válidas também para o ano de 2013, apontam para a ocorrência de 518.510 novos casos de câncer, com 17.540 casos de câncer de colo do útero. As evoluções das técnicas moleculares tornaram a detecção do HPV cada vez mais precisa, permitindo a o diagnostico precoce, permitindo o acompanhamento de pacientes positivas a fim de evitar a evolução do câncer, bem como conhecer a epidemiologia do HPV para que se possa promover ações de controle mais eficazes.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Identificação dos tipos de HPV presente na região, o potencial oncogênico e os fatores de risco que podem estar relacionados à infecção pelo HPV em mulheres quilombolas.
MÉTODOS:
Realizou-se um estudo prospectivo, descritivo e analítico para pesquisa da infecção por HPV em mulheres na faixa etária entre 15 a 59 anos. As mulheres foram atendidas pela equipe do projeto de pesquisa da Universidade Federal do Maranhão no Posto de Saúde nas comunidades quilombolas.
Foram realizadas coletas de material de cérvice uterina realizando-se esfregaço celular com espátula de Aire em lâmina de vidro, o qual foi fixado em álcool e encaminhado para o Núcleo de Imunologia Básica e Aplicada (NIBA) da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), onde foram submetidas a exame pela técnica de Papanicolaou, para a determinação da frequência de anormalidades citológicas, de acordo com o sistema Bethesda, 2001. Também foram realizadas coletas de amostras, que foram processadas para a extração do DNA de acordo com o protocolo padronizado pelo kit QIAmp DNA Blood Mini (Qiagen, Alemanha). A detecção do DNA do HPV foi feita por Nested PCR (Reação em Cadeia da Polimerase), utilizando os primers MY09/MY11 e GP+5/GP+6, previamente descrito. As mulheres também foram submetidas a questionário socioeconômico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram coletadas amostras de cérvice uterina de 211 mulheres pertencentes a comunidades quilombolas do estado do Maranhão durante o período de agosto de 2011 a março de 2012. Dentre as mulheres analisadas, 28,3% estavam na faixa etária de 30 a 39 anos. Quanto ao nível de escolaridade, 48,4% possuem apenas 1º grau incompleto e uma frequência de 10,8% de analfabetismo. A análise também mostrou que 17% das mulheres nunca haviam sido submetidas ao exame de Papanicolaou, refletindo uma carência no atendimento de áreas quilombolas e uma vulnerabilidade a doenças em decorrência de sua condição socioeconômica e cultural.
Dentre os agentes microbiológicos de importância comumente encontrado, Gardnerella vaginalis foi o que apresentou maior prevalência, presente em cerca de 20% das mulheres analisadas, seguido de Lactobacillus sp. com 16,9% e o de menor prevalência foi Trichomonas vaginalis com 0,7%. Constatou-se uma prevalência do vírus HPV por Nested PCR em 14,6% das mulheres, e pode estar relacionado à formação de neoplasias juntamente com outros fatores causais do câncer como álcool, tabagismo, radiação, paridade.
CONCLUSÕES:
Existe atualmente grande preocupação com a melhoria no diagnóstico da infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), pois está associado a processos malignos e lesões precursoras do câncer de colo do útero. Embora haja grande esforço para a detecção precoce do câncer de colo do útero, ela ainda constitui um problema de saúde pública, visto que um número pequeno de mulheres realizam o exame de Papanicolaou pelo menos três vezes na vida, levando a maioria das mulheres a descobrirem a doença em fase avançada, dificultando o tratamento.
Palavras-chave: HPV, Câncer cervical, Quilombolas.