65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia
Isolamento e identificação de fungos endofíticos de Eugenia uniflora L.: Primeira ocorrência de Pestalotiopsis palustris como endofítico no Brasil.
Renata Maria de Souza - Departamento de Bioquímica, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
Carlos Alberto da Silva Júnior - Departamento de Bioquímica, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
Marilene da Silva Cavalcanti - Departamento de Micologia, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE
Maria Tereza dos Santos Correia - Orientadora - Departamento de Bioquímica – UFPE
INTRODUÇÃO:
Os fungos endofíticos são caracterizados por penetrar na célula vegetal e viver pelo menos um período do ciclo de vida em seu interior sem causar dano ou prejuízo aparente à planta hospedeira. Os endofíticos, geralmente não causam fitopatogenias aparentes a seus hospedeiros, podendo ser patógenos latentes, mutualísticos, comensalistas e saprofíticos. Eles possuem uma grande diversidade em regiões tropicais e tem sido cada vez mais estudados como mediadores das interações entre organismos e plantas hospedeiras. Aparentemente, todas as espécies de plantas são colonizadas por uma comunidade endofítica. A Eugenia uniflora L. é conhecida popularmente como pitanga, pitangueira, ou pitanga-vermelha, é uma planta originária da região que se estende desde o Brasil Central até o Norte da Argentina, devido a sua adaptabilidade às mais distintas condições de clima e solo, a pitangueira foi disseminada e é atualmente cultivada nas mais variadas regiões do globo. Ela é utilizada no tratamento de hipertensão, bronquites, gripes, problemas intestinais e antipirético.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho teve como objetivo isolar e identificar os fungos endofíticos de folhas de E. uniflora L, nos períodos seco e chuvoso.
MÉTODOS:
Para o isolamento dos fungos endofíticos, foram utilizadas folhas adultas sadias de E. uniflora, crescidas em condições naturais, em Barra de Catuama, Município de Goiana, Pernambuco, no período chuvoso e seco. As folhas foram lavadas com água corrente e detergente neutro e submetidas à esterilização superficial em etanol 70% por um minuto e hipoclorito de sódio 3% de três a quatro minutos. Após esse tratamento, foram efetuadas três lavagens com água destilada esterilizada da qual foi retirado 1 ml para o controle. Posteriormente, discos foliares foram transferidos para placas de Petri, em triplicata, contendo o meio de cultura Batata-Dextrose-Ágar (BDA) acrescido cloranfenicol, 50 mg/l para inibição do crescimento bacteriano. Com o desenvolvimento das colônias, as mesmas foram transferidas para placas de Petri contendo BDA e identificadas através da observação de macro e microestruturas comparadas com parâmetros da taxonomia convencional. A taxa de colonização foi calculada dividindo o número total de fragmentos infectados por fungos pelo número total de segmentos e o teste Qui-quadrado (χ2) com nível de significância de 1% foi usado para comparar ocorrência de cada espécie entre os dois períodos climáticos distintos durante o ano (seco e chuvoso).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram obtidos 166 isolados de fungos endofíticos no período chuvoso e 144 no período seco. A taxa de colonização no período chuvoso correspondeu a 92% e no período seco a 80%. As espécies consideradas freqüentes foram Colletotrichum gloeosporioides, Pestalotiopsis maculans e Pestalotiopsis palustris e as não frequentes foram Fusarium oxysporum, Aspergillus Níger, Penicillium sp. e Aspergillus flavus. Estudos corroboram a ocorrência de fungos endofíticos pertencentes ao gênero Pestalotiopsis sp., porém pouco se fala da espécie P. Palustris, visto que é um fungo que, além de possuir registro apenas na Itália habitando a superfície de folhas de Euphorbia palustris, ainda não foi citado como endofítico. O teste Qui-quadrado (χ2) revelou que a ocorrência de alguns fungos endofíticos em E. uniflora são dependentes da estação do ano. A variação significativa ocorreu para as espécies F. Oxyporum, A. Níger, Penicillium sp., A. Flavus, devido essas espécies apresentarem baixa freqüência de colonização não foram consideradas no estudo. Em contrapartida, não houve diferença significativa na ocorrência dos fungos C. Gloeosporioides, P. Maculans e P. Palustris, entre os períodos seco e chuvoso (p>0,01).
CONCLUSÕES:
A ocorrência de espécies consideradas freqüentes (freqüência > 20%), tal como P. Maculans, P. Palustris, C. Gloeosporioides não apresentou dependência entre os períodos considerados. F. Oxysporum mesmo sendo considerado pouco frequente também não demonstrou dependência sazonal. As espécies freqüentes A. Níger/ e Penicillium sp., ocorreu principalmente no período chuvoso, enquanto que A. Flavus ocorreu principalmente na estação seca. O isolamento revelou o aparecimento do fungo P. Palustris como um fungo endofítico, de forma que o mesmo só foi citado como fitopatógeno na Itália e nunca apareceu no Brasil.
Palavras-chave: Endofíticos, Fungos, Pitanga.