65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 2. Arqueologia - 2. Arqueologia Pré-Histórica
Análise da Fauna Arqueológica do Sítio Abrigo do Palmito, Caetité, Bahia
Noelia Souza Vieira - Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Educação, Campus VII
Cristiana de Cerqueira Silva Santana - Prof. Dra./Orientadora - Departamento de Educação, UNEB - Campus VII
INTRODUÇÃO:
A zooarqueologia é uma subárea da arqueologia que estuda remanescentes faunísticos presentes nos sítios arqueológicos. A arqueofauna possui alto potencial informativo, possibilitando entender à interação entre o homem e a fauna ao longo do tempo. Este estudo foi realizado a partir da análise da arqueofauna escavada no sítio arqueológico Abrigo do Palmito, localizado no Povoado de Brejinho das Ametistas, Caetité, Bahia. Tomando como base as aplicações da zooarqueologia, o estudo da fauna resgatada no sítio arqueológico Abrigo do Palmito possui grande relevância, pois, além de tentar interpretar aspectos culturais dos grupos pré-coloniais que habitaram o sítio em estudo, constitui pesquisa inédita para a região. Tal pesquisa vem servir para interpretar e resgatar aspectos culturais da pré-história local, interpretação essa, feita com base na quantidade, qualidade e demais características do material zooarqueológico encontrado durante as escavações. O sítio Abrigo do Palmito foi escavado no âmbito do Projeto Arqueológico Pedra do Ferro que contempla um conjunto de quatro cavernas ferríferas. É um sítio de grandes dimensões, apresentando uma área de 224m², e nas suas proximidades existem três outros sítios arqueológicos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo desta pesquisa foi compreender os diversos usos da arqueofauna e principais estratégias de subsistência dos grupos humanos que habitaram o sítio.
MÉTODOS:
Em laboratório os vestígios faunísticos foram separados com o intuito de realização do processamento e estudo zooarqueológico. Para tanto os vestígios passaram por várias etapas que iniciaram com a triagem, limpeza e demais cuidados (curadoria) até as análises que incluíram análises qualitativas e quantitativas, envolvendo a taxonomia e a tafonomia dos vestígios. Assim, a metodologia contemplou atividades laboratoriais de curadoria; análises quantitativas envolvendo contagem, pesagem e conversões de peso seco em úmido e análises qualitativas que incluíram a identificação taxonômica por meio da comparação dos ossos pela bibliografia e coleção osteológica do LAP-Campus VII e análise tafonômica dos vestígios, por meio da observação em lupa de marcas e cortes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram identificados restos de invertebrados e de vertebrados associados às fogueiras. Dos invertebrados ocorrem representantes de três famílias de moluscos terrestres: Megalobulimidae, Odontostomidae e Solaropsidae, sendo que os Megalobulimidae foram os únicos usados na alimentação e para a confecção de artefatos. Dentre os vertebrados sobressaem roedores de pequeno porte: Cavia e Kerodon; seguido de mamíferos de médio porte: Euphactus e outros não determinados. Répteis, Aves e Peixes foram raros no sítio. Dos poucos répteis existentes observa-se o registro da Subordem Serpentes e Família Teiidae. Ao que indicam os resultados, aves e peixes parecem ter sido raramente aproveitados. Os mamíferos de pequeno porte se concentram mais nos níveis de escavação mais superiores; os de médio porte estão distribuídos igualmente por todos os níveis, mas, destes, os Euphactus concentram-se nos níveis mais profundos. Os ossos de mamíferos de médio porte (exceto de tatus) foram aproveitados para a confecção de artefatos como pontas e espátulas. A base da dieta proteica dos grupos que ocuparam o abrigo era de mamíferos de pequeno porte, os mamíferos de médio porte foram usados mais ocasionalmente e destes animais se aproveitou não só a carne como a gordura do interior dos ossos.
CONCLUSÕES:
O sítio Abrigo do Palmito foi ocupado por sucessivos grupos de caçadores-coletores, e que em momentos mais recentes foram especializados na caça de pequenos roedores. A presença das grandes fogueiras, repletas de vestígios alimentares e cinzas, reforçam a ideia de que nesse sítio os grupos que se sucederam o utilizaram como local de habitação, onde se encontravam para compartilhar o alimento, socializar as experiências, e realizar o descanso noturno.
Palavras-chave: Representatividade alimentar, roedores, artefatos.