65ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 2. Nutrição e Alimentação Animal
Análise química das folhas da Quixabeira na região semiárida nordestina
Karen Luanna Marinho Catunda - Mestranda em Produção Animal - PPGPA/UFRN
Pedro Etelvino de Góes Neto - Mestrando em Produção Animal - PPGPA/UFRN
Dyego Felipe de Lima Leite - Mestrando em Produção Animal - PPGPA/UFRN
Emerson Moreira de Aguiar - Prof./Dr. Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias – UFRN
Lúcia de Fátima Araújo - Profa./Dra. Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias – UFRN
INTRODUÇÃO:
Na região semiárida nordestina, existe a necessidade de ser mostrado cientificamente o potencial de muitas espécies arbustivas e arbóreas nativas para que sejam exploradas de forma racional, proporcionando sua fixação de maneira ordenada.
As características edafoclimáticas da região oferecem condições propícias ao desenvolvimento dessas plantas, do mesmo modo, elas apresentam grande capacidade de adaptação, produção e regeneração, por isso, nos últimos anos tem aumentado o interesse na propagação dessas espécies na região semiárida. Dentre elas está à quixabeira (Sideroxylon obtusifolium (Roem.& Schult.) T.D.Penn.), conhecida ainda pelo nome de quixaba, uma espécie arbórea da família sapotácea, de 7 a 18 metros de altura, com copa densa que ocorre na região da caatinga, no Nordeste.
A avaliação qualitativa dos nutrientes presentes no componente vegetal é fundamental para a seleção de espécies nativas com potencial forrageiro, sendo um importante instrumento para melhoria no combate ao processo de empobrecimento da região Nordeste através da produção pecuária. Portanto, torna-se indispensável o conhecimento da composição química da quixabeira para analisar seu potencial forrageiro e suas limitações para este fim.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar a composição química das folhas da quixabeira para serem utilizadas como alternativa alimentar de ruminantes na região semiárida do Nordeste.
MÉTODOS:
O experimento foi conduzido no município de Lagoa de Velhos – RN, localizado na mesorregião Agreste Potiguar. O clima característico é muito quente e semiárido com temperatura média anual de 26,6ºC. Foram realizadas coletadas significativas de amostras das folhas da quixabeira e armazenadas em sacos para serem encaminhadas ao Laboratório de Nutrição Animal da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
No laboratório foi realizada a pesagem e a pré-secagem das folhas em estufa de ventilação forçada a 55°C, por 72 horas. A amostra foi triturada em moinho tipo Willey, com peneira de um mm de crivo e armazenada em frasco de vidro identificado para a realização das análises químicas. Segundo a metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002), foram determinados os teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE). Foram ainda determinados os teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA). O teor de carboidratos totais (CHOT) foi estimado pela equação: CHOT (%) = 100 – [PB (%) + EE (%) + MM (%)] e os Carboidratos Não Fibrosos (CNF) foram calculados pela diferença entre CHOT e FDN.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os valores encontrados para os constituintes da composição química das folhas da quixabeira foram: 89,83% de matéria seca, 7,40% de matéria mineral, 13,22% de proteína bruta, 6,89% de extrato etéreo, 39,77% de fibra em detergente neutro, 29,85% de fibra em detergente ácido, 79,89% de carboidratos totais e 40,12% de carboidratos não fibrosos.
O teor de matéria seca encontrado foi satisfatório e superior ao encontrado por Almeida et. al. (2006). Em relação ao teor de proteína bruta, também foi satisfatório, uma vez que, os ruminantes precisam de 7,0% de PB para atingir níveis de consumo e digestibilidade suficientes para sua manutenção.
De acordo com Mertens (1994) altos teores de fibra em detergente neutro podem implicar na diminuição do consumo de forragem, desta forma, as folhas da quixabeira poderiam ser ofertadas sem restrições.
O NRC para alimentação de vacas em lactação o mínimo de 21% de FDA na dieta, sendo assim, o valor encontrado neste trabalho esta acima do limite exigido.
Em relação aos outros constituintes da composição química centesimal das folhas, não foram encontrados valores na literatura para comparação. Diante disso, estudos adicionais são necessários para avaliar a composição química e o desempenho na dieta de ruminantes.
CONCLUSÕES:
Os valores satisfatórios obtidos neste trabalho com as folhas da quixabeira indicam esta espécie como uma alternativa alimentar na região semiárida nordestina, por mostrar-se dentro de padrões recomendáveis para a nutrição de ruminantes.
Palavras-chave: Alimentação animal, Forrageira nativa, Quixaba.