65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 12. Neurociências e Comportamento - 1. Neurociências e Comportamento
INVESTIGAÇÃO DO IMPACTO DO FENÓTIPO ANSIOSO EM RESPOSTA AO ESTRESSE
Fabiane Tierling - Laboratório de Neurociencias - Neurolab - UNESC Criciuma
Gislaine Zilli Réus - Dra/Orientadora Laboratório de Neurociências UNESC Criciuma
João Quevedo - Dr/ Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde, UNESC, Criciúma
INTRODUÇÃO:
Está pesquisa analisa as alterações comportamentais em ratos com fenótipo ansioso e suas alterações psíquicas. Recentemente os professores Gomes e Landeira-Fernandez desenvolveram duas novas linhas de ratos Wistar, denominado Carioca de alto e carioca de baixo congelamento, (ICC, CLF, respectivamente) (Dias et al,. 2009) que foram criados seletivamente para níveis altos e baixos de congelamento em resposta a estímulos contextuais previamente associados a choque nas patas. Depois de três gerações de criação, os ratos com ICC foram naturalmente considerados com uma maior propensão para respostas de congelamento quando comparado com a linha de baixo-congelamento. Este modelo animal pode ser uma ferramenta importante para investigar o papel das variáveis genéticas e a sua interação com o ambiente na etiologia e no desenvolvimento de transtornos de ansiedade.
Os transtornos de humor são doenças comuns, graves, crônicas e muitas vezes, letais, caracterizando-se por episódios anormais do estado de humor associados a importantes prejuízos na cognição, comportamento e funcionamento sócio-ocupacional (American Psychiatric Association, 1994).
Embora muitos estudos venham sendo conduzidos, as bases biológicas da depressão relacionada à ansiedade e as alterações da memória ainda permanecem obscuras. Além disso, é de suma importância a busca por novos alvos terapêuticos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar os efeitos comportamentais em ratos com fenótipo ansioso (ratos cariocas) submetidos a um protocolo de estresse crônico moderado.
MÉTODOS:
Os grupos experimentais neste estudo foram os seguintes: 1) sem ansiedade + controle; 2) sem ansiedade + estresse; 3) baixo congelamento + controle; 4) baixo congelamento + estresse; 5) alto congelamento + controle; 6) alto congelamento + estresse. Os animais controles permaneceram em suas caixas sem a indução de estressores e os animais estresse foram submetidos a um protocolo de estresse por 20 dias. Os estressores foram: privação de água, privação de comida; exposição à luz estroboscópica, contenção, contenção + frio e isolamento. O protocolo de estresse foi realizado com o intuito de investigar se os animais com fenótipo ansioso apresentariam respostas comportamentais alteradas relacionadas a depressão. Após o protocolo de estresse os animais dos 6 grupos experimentais foram submetidos ao teste do labirinto em cruz elevado para avaliar comportamento do tipo ansioso e ao teste do nado forçado para avaliar o comportamento do tipo depressivo. Os dados foram avaliados pelo programa SPPSS pela análise de variância de uma via (ANOVA) e foram considerados significativos p<0.05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados mostraram que os animais com alto congelamento estressados gastaram menos tempo nos braços abertos no teste do labirinto em cruz elevado, quanto comparados a animais com alto congelamento e com animais controle (p < 0.05). Além disso, o número de entradas nos braços abertos foi menor em ratos com alto congelamento estressados, comparado aos que não receberam estresse (p < 0.05). Estes dados indicam que os animais com fenótipo ansioso quando submetidos a uma situação de estresse apresentam comportamento ainda mais ansioso.
No teste do nado forçado foram avaliados o tempo de imobilidade, tempo de escalada e tempo de nado. No tempo de imobilidade não foram mostradas diferenças significativas entre os grupos experimentais (p > 0.05). No entanto, animais com alto congelamento e estressados tiveram um aumento no tempo de nado e uma diminuição no tempo de escalada, quando comparado com animais controle estressados (p < 0.05), o que indica um aumento na neurotransmissão serotoninérgica e diminuição na neurotransmissão noradrenérgica em ratos com fenótipo ansioso e submetidos a um protocolo de estresse.
CONCLUSÕES:
Os resultados do estudo indicam que quando há a presença de um fenótipo ansioso, e há um outro estímulo, por exemplo o estresse, esses animais são mais susceptíveis a outras alterações comportamentais, relacionadas a ansiedade e a depressão. Estudos futuros são necessários para investigar alterações moleculares envolvidas com a ansiedade e o estresse.
Palavras-chave: Depressão, Estresse, Ansiedade.