65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
Análise geoecológica como ferramenta para a gestão territorial em microbacias hidrográficas na zona semiárida brasileira
Jânio Carlos Fernandes Guedes - Graduando do Curso de Geografia / Depto. de Geografia- UFRN- Campus Caicó
Silvana Barbosa de Azevedo - Profa. M.Sc. / Depto. De Geografia- UFRN- Campus de Caicó
Diógenes Félix da Silva Costa - Prof. Dr. / Orientador - Depto. de Geografia- UFRN- Campus de Caicó
Renato de Medeiros Rocha - Prof. Dr. / Orientador - Depto. de Geografia- UFRN- Campus de Caicó
INTRODUÇÃO:
O planejamento e o gerenciamento dos recursos hídricos em uma bacia hidrográfica requerem uma perspectiva integrada, onde a abordagem geoecológica surge como uma alternativa para associar os diversos fatores que influenciam nesta temática. Atualmente, os estudos ambientais têm como foco principal as bacias hidrográficas, pois estas tem um funcionamento sistêmico, que facilita a análise dinâmica do conjunto de elementos e unidades que compõe o sistema, permitindo averiguar as relações entre este sistema e o seu entorno. Esse planejamento se faz de extrema necessidade principalmente na zona semiárida do Brasil, onde a forte ação antrópica (e.g. sobrexploração dos recursos naturais) e as adversidades climáticas a tornam um geoambiente ecologicamente instável, sendo considerada bastante susceptível à desertificação. Entre os núcleos nacionais onde esse processo já pode estar ocorrendo, o núcleo da Região do Seridó (RN/PB) constitui um dos mais críticos em relação aos outros 03 núcleos (Gilbués-PI, Irauçuba-CE e Cabrobó-PE). Essa informção se dá com base em que os espaços considerados áridos no Nordeste estão inseridos na região do Seridó do Rio Grande do Norte, onde os demais núcleos foram enquadrados climaticamente como semiáridos ou subúmidos secos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho aborda os métodos de análise e modelagem geoecológica aplicados à Microbacia Hidrográfica do Rio Barra Nova (106.533 km²), localizada na Microregião do Seridó Potiguar e Paraibano (zona semiárida da Região Nordeste), a fim de avaliar os processos de uso ocupação do solo e propor uma estratégia de zoneamento ambiental para fns de planejamento e ordenamento do território.
MÉTODOS:
O mapeamento foi elaborado por meio da interpretação visual das imagens do satélite Resource-Sat (sensor LISS3) de 2012 e imagens SRTM, georreferenciadas na grade de coordenadas UTM (Datum SIRGAS 2000, zona 24S). A classificação dos tipos de ocupação do solo foi realizada com base nas categorias propostas pelo Manual de Uso da Terra do IBGE. Toda a delimitação das classes de ocupação, produção de material cartográfico digital e Processamento Digital de Imagens de sensoriamento remoto foram realizados com o auxílio dos softwares Envi 4.7 e Arcgis v. 10.1. As cenas foram mosaicadas em ambiente de Sistema de Informação Geográfica (SIG), bem como todo o processo de manipulação e integração dos dados espaciais. No Surfer 10 foram trabalhadas as imagens SRTM, gerando-se um Modelo Digital de Terreno, o que possibilitou a observação em 3D da altimetria da microbacia. A partir do mapeamento de uso do solo, as classes foram agrupadas para a elaboração do zoneamento e delimitação de áreas prioritárias para a recuperação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A altitude média das elevações na microbacia é de 600 metros, sendo a menor de 200 e a maior de 700 metros, situada na porção montante localizada ao sul da bacia. A partir do mapeamento temático, foram identificadas as seguintes classes de ocupação do solo: Caatinga densa (35.983 km²), Caatinga rala (44.073 km²), solo exposto (37.004 km²) e corpos hídricos (1.238 km2), onde as áreas urbanas representaram uma ínfima área em função da baixa densidade demográfica. Com base nas categorias de uso e ocupação do solo, foi elaborado um zoneamento por classes de toda a área mapeada, delimitanda-se 03 zonas chave para o planejamento e ordenamento do território: 1) Zona de uso restrito: apenas poderão ser ocupadas para atividade de recreação e educacionais, cuja edificação apenas poderá ser realizada mediante licenciamento ambiental (áreas com Caatinga densa, rios e reservatórios), 2) Zona de risco: onde a degradação ambiental e ocupação irregular acarretaram em uma susceptibilidade à erosão do solo devido à retirada parcial da vegetação (áreas com Caatinga rala ou aberta) e 3) Zona para recuperação ambiental: antropicamente alteradas que apresentam um elevado risco de erosão em função da ausência da cobertura vegetal (áreas com solo exposto).
CONCLUSÕES:
Os resultados desta pesquisa poderão subsidiar as ações do poder público nas unidades de planejamento indicadas, onde a gestão territorial nas classes de uso/ocupação do solo deverão observar as características geoambientais de cada tipo de ocupação. Em um cenário onde mais de 80% da área apresenta apenas vegetação rala e solo exposto, é urgente a tomada imediata de ações voltadas à recuperação ambiental dessas áreas, indicando-se uma série de estratégias diferenciadas para a gestão desse espaço, como: criação de unidades de conservação, recuperação, campanhas de educação ambiental, dentre outras ações mitigadoras. No tocante ao intenso uso desse espaço, indica-se como de elevada prioridade a realização de campanhas de sensibilização ambiental, principalmente voltadas para evitar a retirada da vegetação e a pecuária intensiva.
Palavras-chave: SIG, Planejamento Ambiental, Bacia do Rio Barra Nova – RN.