65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
O LÚDICO NA EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS E BIOLOGIA: APRENDER COM O JOGO TRILHANDO OS CAMINHOS DO EQUILÍBRIO AMBIENTAL
Mirna Andrade Bezerra - Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas – UFPI, Teresina-PI
Jonas Lopes Borges Barbosa - Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas – UFPI, Teresina-PI
Márcia Beatriz da Silva Bandeira - Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza – UFPI, Teresina-PI
Antônio André Lima Farias da Silva - Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza – UFPI, Teresina-PI
Karla Costa Bezerra - Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA/TROPEN/UFPI, Teresina-PI
Rômulo José Fontenele Oliveira - Prof. Ms./Orientador – Curso de Ciências da Natureza – UFPI, Teresina-PI
INTRODUÇÃO:
A Educação Ambiental e o Ensino de Ciências e Biologia estão ainda restritas a aulas expositivas com mínima participação dos alunos. Audiovisuais, jogos didáticos, práticas no laboratório e na sala de aula, atividades externas, projetos e discussões, quando ocorrem, se dão por iniciativas esporádicas de alguns professores. Segundo Miranda (2001) mediante os jogos didáticos vários objetivos podem ser atingidos relacionados à cognição, afeição, socialização e motivação. Segundo Fernandes (1998), a maioria dos alunos vê a Biologia como uma disciplina “chata”, cheia de nomes, ciclos e tabelas a serem decorados. Para Marcatto (1999) apud Sousa (2007) os jogos na Educação Ambiental podem alcançar o desenvolvimento consciente da população com uma problemática ligada não só ao ambiente natural, mas ao bem estar no meio urbano, envolvendo o destino do lixo, reciclagem, problemas da água e poluição. Assim colocamos a questão: Como atrair os alunos ao estudo de Ciências e Biologia e estimular seu interesse pela Educação Ambiental? A resposta, claro, não é simples e não há receitas prontas, pois cada situação de ensino é única, mas acreditamos que por meio da ludicidade e jogos com temas ambientais estejamos trilhando um dos caminhos profícuos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Investigar a importância da utilização do jogo de tabuleiro “Trilhando os Caminhos do Equilíbrio Ambiental” como recurso didático para trabalhar a Educação Ambiental no Ensino de Biologia e Ciências por meio de atividades lúdicas em sala de aula.
MÉTODOS:
Esta pesquisa qualitativa iniciou pelos conteúdos ambientais em livros escolares de Biologia e de Ciências para criar o conceito do jogo e o questionário dos alunos. O jogo foi construído com materiais de baixo custo e composto por: 1 dado; 4 pinos coloridos; 3 grupos de cartas e um tabuleiro dividido em 4 tipos de casas: Amarela - INICIO OU FIM; Vermelhas- DESAFIO; Verdes – VERDADEIRO/FALSO; Azul - MULTIPLA ESCOLHA. As casas indicam o que cada jogador deve fazer e que tipo de carta deve responder. As cartas perguntas foram divididas em três categorias: V ou F; Múltipla escolha; Cartas desafio. A cada resposta certa a equipe fica com a carta que vale pontos. Vence o jogo quem tiver mais pontos ao final do tempo estabelecido. A atividade foi aplicada em uma Escola Estadual da Zona Leste de Teresina-PI, na sala do terceiro ano do ensino médio com 21 alunos, divida em 3 etapas: Pré teste - com 10 questões objetivas sobre problemas ambientais para avaliação dos conhecimentos dos alunos; B) Aplicação do jogo – com divisão dos alunos em 2 grupos, 1 de 10 e 1 de 11 com 4 jogadores participantes no tabuleiro; C) Pós teste – com as mesmas 10 questões objetivas do pré teste e mais 5 perguntas que tiveram o objetivo de avaliar se o jogo foi significativo para a aprendizagem.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os resultados revelam que alunos demonstraram inconsistência conceitual elevada em relação a conteúdos ambientais, em termos de número absoluto no pré-teste erraram 150 questões (71%) e acertaram 60 (29%). No pós-teste erraram 115 questões (55%) e acertaram 95 (45%), ou seja, após o jogo os alunos acertaram 35 questões a mais, o que representa uma melhora no resultado em torno de 16%, mesmo com um desempenho abaixo de 50% de acertos nas duas situações. Este desempenho dos alunos sinaliza que pode ter havido aprendizagem pelo uso do jogo didático, o que parece estar de acordo com Carvalho e Matos (2009) quando dizem que o ensino e a aprendizagem de conteúdos em Biologia se tornam mais complicados porque os alunos precisam aprender a lidar com conceitos abstratos e complexos, daí surge à importância de instrumentos que ajudem na mediação dos conhecimentos como os jogos. Com isso a importância do lúdico se evidencia e está também em conformidade com Fortuna (2003) quando diz que ao jogar o aluno desenvolve a iniciativa, a imaginação, o raciocínio, a memória, a atenção, a curiosidade e o interesse, concentrando-se por longo tempo em uma atividade, o que foi confirmado no relato de alunos: “foi bom, porque aprendi coisas que precisavam ser esclarecidas e agora estou entendendo”.
CONCLUSÕES:
A utilização do jogo didático nos pareceu adequada para atividades de educação ambiental, pois os resultados mostraram que o jogo “Trilhando os Caminhos do Equilíbrio Ambiental” contribuiu para o processo de ensino e aprendizagem de forma significativa. É importante ressaltar o uso de novas alternativas didáticas para o ensino, por isso se faz necessário a reflexão acerca da importância da ludicidade no ensino de Ciências e Biologia. Foram percebidas dificuldades que muitos alunos tiveram com relação à leitura, interpretação e raciocínio lógico, nesse sentido o trabalho abre margens para que se lance mão de metodologias alternativas lúdicas que estimulem e motivem os alunos a ler e dar sentido a textos da área de educação ambiental. Do ponto de vista da formação acadêmico destacamos a importância da inserção dos graduandos de Biologia e Ciências da Natureza no ambiente escolar, vivenciando a experiência de trabalhar os temas transversais e sua aplicabilidade em sala de aula. Concluímos que o jogo pode favorecer a aprendizagem de conceitos e a valorização de novas atitudes que tem relação com a Educação Ambiental, dentre elas: trabalho em equipe, respeito mútuo, raciocínio e prazer durante a construção coletiva de conhecimento sobre o equilíbrio e desequilíbrio ambiental.
Palavras-chave: Jogos didáticos, Metodologia do Ensino das Ciências, Ensino e aprendizagem.