65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
O USO DIDÁTICO DE REPRESENTAÇÕES IMAGÉTICAS NO ENSINO DE BIOLOGIA ANIMAL: UM ESTUDO DE CASO A PARTIR DA PERSPECTIVA DE ALUNOS DO CURSO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA DA UFPI
Antônio André Lima Farias da Silva - Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza – UFPI, Teresina-PI
Ferdinan da Silva e Sousa - Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza – UFPI, Teresina-PI
Márcia Beatriz da Silva Bandeira - Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza – UFPI, Teresina-PI
Sandeven Adelino da Silva - Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza – UFPI, Teresina-PI
Karla Costa Bezerra - Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA/TROPEN/UFPI, Teresina-PI
Rômulo José Fontenele Oliveira - Prof. Ms. /Orientador – Ciências da Natureza – UFPI, Teresina-PI
INTRODUÇÃO:
Representações Imagéticas como desenhos, esquemas, tabelas, gráficos, mapas conceituais, fotografias, filmes e objetos didáticos como modelos e maquetes são muito utilizadas por professores e alunos no Ensino de Ciências para contribuir na compreensão de conceitos e significados e para a construção de conhecimento em disciplinas como Biologia Animal. Navarro e Ursi (2011) afirmam que as imagens auxiliam a Ciência a comunicar conceitos e ideias, a identificar os pontos de análise e discussão da relação entre os conceitos e as entidades representadas. Barthes (1990) afirma que toda imagem é, por natureza polissêmica, pois nela há uma cadeia de significados, que são escolhidos pelo observador. Para Piaget (1975) todo pensamento se faz acompanhar de imagens e o pensar consiste em interligar significações, sendo a imagem um “significante” e o conceito um “significado”. Já Silva et al (2003) nos chama a atenção para a cautela ao usar imagens em aulas de Ciências, pois sua compreensão não é imediata e seu uso exige que o professor ajude o aluno a perceber, entre outros aspectos, os elementos constitutivos da imagem em questão. Daí a importância de estudos da utilização didática das representações imagéticas em aulas de Biologia Animal para a construção de conceitos nas Ciências Naturais.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Investigar a utilização didática de imagens na disciplina Biologia Animal do Curso de Ciências da natureza da UFPI considerando a perspectiva de análise dos alunos cursistas.
MÉTODOS:
Este trabalho é uma pesquisa qualitativa na modalidade estudo de caso (ANDRÉ, 2008) que tem por objetivo avaliar a importância da utilização de imagens como recurso didático em aulas de duas turmas da disciplina Biologia Animal do Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza da UFPI. Quantificamos as imagens em 8 conteúdos de invertebrados e 7 conteúdos de cordados que foram compartilhados como conteúdos dos arquivos digitais disponibilizados para todos os alunos por meio do SIGAA da UFPI (Sistema Integrado de Gestão de Atividades Acadêmicas), e as presentes nos roteiros avaliativos, avaliações e slides das aulas e seminários. Para a coleta de dados sobre a perspectiva de análise dos alunos aplicamos 2 questionários para 20 sujeitos de pesquisa. Os dados das imagens e os conteúdos das questões objetivas foram representados em quantidade e organizados em tabelas e gráficos do Excel e as respostas às questões subjetivas foram consideradas quanto a seus conteúdos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram utilizadas nas turmas 1911 imagens: 686 desenhos, 156 esquemas, 957 fotografias, 35 tabelas, 21 gráficos, 42 filmes e 14 objetos ou modelos didáticos. Em todos os 15 conteúdos nas duas turmas foram utilizados pelo professor e alunos desenhos, esquemas e fotografias. Em 8 conteúdos (Platelmintos, nematelmintos, artrópodes, equinodermos, anfíbios, répteis, aves e mamíferos) foram utilizadas tabelas e gráficos. Em todos os 8 conteúdos de invertebrados foram usados filmes e em 3 de cordados (Répteis, aves e mamíferos). Desenhos e esquemas foram utilizados em 6 dos 21 roteiros avaliativos e nas 4 avaliações escritas . Os alunos avaliaram a utilização de representações imagéticas como adequadas aos conteúdos de Biologia Animal tanto na graduação como nas escolas, pois contribuiu para a compreensão de aspectos morfológicos e fisiológicos dos animais e facilitou a aprendizagem dos conceitos e processos, o que está de acordo com a funcionalidade da relação significante e significado entre imagens e conceitos (NAVARRO; URSI, 2011; PIAGET 1975; BARTHES, 1990). Ressaltaram que a utilização deve ser planejada, pois não pode servir apenas como “quebra galhos”, mas como contextualização dos conteúdos teóricos com a ajuda do professor, corroborando o que afirma Silva et al (2003).
CONCLUSÕES:
Evidenciamos que nos cursos de Ciências da Natureza a utilização didática de representações imagéticas na abordagem de conteúdos de Biologia Animal contribuiu para a aprendizagem de conceitos sobre a estrutura física, os processos fisiológicos e funções de estruturas, órgãos e sistemas do corpo dos animais. Percebemos que tanto nos conteúdos de invertebrados como os de vertebrados houve uma maior utilização de fotografia que possivelmente se deve a facilidade de acesso a arquivos digitais. Também houve um elevado uso de desenhos que se justificou pela necessidade de realizar as tarefas solicitadas no roteiro avaliativo exigido pelo professor da disciplina. Também percebemos uma média de 3 filmes por conteúdo que creditamos à facilidade e disponibilidade atual dos recursos tecnológicos das redes de computadores em bancos de dados como os do “Youtube”. Constatamos ainda que a construção de objetos didáticos concretos como estátuas, modelos e maquetes precisa ser incentivada, pois possibilita aos alunos a fabricação de recursos didáticos com materiais de baixo custo e aumentam a interação entre alunos e professores em sala de aula, quebrando de forma mais contundente a inércia da participação dos alunos com seus professores.
Palavras-chave: Metodologia do Ensino de Ciências, Estratégias de Ensino, Representações de Imagens Zoológicas.