65ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 3. Química Analítica
Extração e caracterização do amido de Jaca (Artocarpus heterophilus).
Gislaine Bezerra de Carvalho - Química Industrial - UEPB
Rayanne Leite Dantas - Química Industrial - UEPB
Maria Roberta de Oliveira Pinto - Profa. Dra./Orientadora - Dep. de Química Industrial - UEPB
Marcus Vinicios Lia Fook - Prof. Dr. - Dep. Engenharia de Materiais - UFCG
Rossemberg Cardoso Barbosa - Dep. Engenharia de Materiais - UFCG
INTRODUÇÃO:
Amidos nativos e modificados têm grande importância na indústria de alimentos, bem como na produção de biomateriais, sendo empregados, especialmente, como suportes para crescimento de células na engenharia de tecidos, cimento ósseo para regeneração de ossos, hidrogéis para liberação controlada de fármacos, filmes biodegradáveis para utilização em embalagens, entre outros. Pesquisas com diferentes materiais têm sido desenvolvidas na tentativa de minimizar o problema da poluição através da obtenção de plásticos biodegradáveis, em sua maioria compostos por biopolímeros, tais como amido e proteínas. Nos últimos anos vem crescendo o interesse por novas fontes de amidos naturais que possam ser usados na indústria, tanto de alimentos quanto de biomateriais. A jaqueira (Artocarpus heterophilus) é uma planta originária da Ásia, tendo como principal utilização seus frutos e sua madeira. Devido ao elevado teor de amido em sua semente, a jaca apresenta potencial como matéria-prima na extração de amido comercial, já que estes são desperdiçados. Através das propriedades físico-químicas do amido de jaca identificam-se condições adequadas para aplicações em biomateriais.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo do presente trabalho é extrair o amido de jaca e fazer as identificar as propriedades físico-químicas do mesmo.
MÉTODOS:
O experimento foi conduzido no laboratório de avaliação e desenvolvimento de biomateriais (CERTBIO), Campina Grande- PB, Brasil. A jaca foi obtida no comércio local em Campina Grande – PB. A extração do amido de jaca foi realizada de acordo com a seguinte metodologia. Os caroços de jaca foram lavados, descascados e triturados em um liquidificador até a obtenção de uma massa densa e uniforme, acrescentando-se água destilada na proporção de 1:4. A massa obtida foi filtrada em sacos confeccionados com organza (abertura da malha próxima a 100 mesh). A suspensão de amido filtrada foi decantada, em ambiente refrigerado a 5 °C por 24 horas. O sobrenadante foi descartado e o amido foi suspenso com água destilada e decantado novamente. Este procedimento de suspensão e decantação foi efetuado até que o produto apresentasse cor e textura características de amido. Após esta etapa o amido foi liofilizado por 48 horas e passado em peneira 200 mesh. Foram determinados os teores de umidade e de cinzas, Espectroscopia na Região de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR), Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)e Espectroscopia por Energia Dispersiva de raios X (EDX).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O teor de umidade encontrado no amido de JACA foi de 9,12%, inferior aos 15% estabelecido pela legislação em vigor (Brasil, 1978) para farinhas vegetais. Para as cinzas, o amido apresentou um teor de 0,34%, abaixo do teor máximo de 4% permitido para a farinha de vegetais pela legislação brasileira. O espectro de FTIR representou bandas de absorção a aproximadamente 2926 cm-1 e 2897 cm-1 que indicam estiramento C-H. As Bandas de absorção em 1648 cm-1 e 1400 - 1460 cm-1 correspondem à água ligada e C-C e C-O-H, respectivamente. A posição da banda relativa à água é dependente da cristalinidade do polissacarídeo. As absorções em 1340 cm-1 e 1024 cm-1 tem sido relacionadas a deformações de grupos C-OH. Os modos relacionados a deformações CCH foram identificados em torno de 1418 cm-1, 1205 cm e 1080 cm-1, enquanto que estiramentos C-O e C-C correspondem a bandas em 1153 cm-1, 1107 cm-1 e 933 cm-1. A microscopia eletrônica de varredura (MEV) permitiu analisar a morfologia dos grânulos de amido de jaca. Os grânulos de amido do caroço da jaca apresentaram formato arredondado, na forma de sino e alguns irregulares apresentando cortes na sua superfície que são característicos deste amido. A análise de EDX apresentou apenas os elementos C e H, corroborando com os resultados de FTIR.
CONCLUSÕES:
Pode-se concluir que o amido de jaca (Artocarpus heterophilus) é um produto de fácil extração com aparência limpo e concentrado e apresenta condições adequadas para aplicações na indústria de alimentos e biomateriais.
Palavras-chave: Amido, Jaca, Grânulos.