65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
ANÁLISE DA CONSCIÊNCIA CORPORAL EM IDOSOS
Hellen Louise Lino de Sousa - Departamento de Fisioterapia - UEPB
Zenóbia de Araújo Maia - Departamento de Fisioterapia - UEPB
Thâmmara Lariane Henriques Tito - Departamento de Fisioterapia - UEPB
Aracelli Laíse Tavares Mendonça Diniz - Departamento de Fisioterapia - UEPB
Acsa Priscilla Queiroz - Departamento de Fisioterapia - UEPB
Vitória Regina Quirino de Araújo - Professora Dra. / Orientadora - Departamento de Fisioterapia - UEPB
INTRODUÇÃO:
O envelhecimento é um processo biológico e próprio de todas as criaturas vivas. No ser humano trás consigo uma série de transformações físicas e emocionais, culminando na modificação da funcionalidade corporal (Almeida, 2004). Barreiras à aceitação da velhice ainda estão presentes, sobretudo devido ao ideal da juventude predominante na sociedade. A imagem corporal representa a forma pela qual as pessoas pensam, sentem e se comportam em relação às suas qualidades físicas ou emocionais (Tribess, 2006). Com o envelhecimento ocorrem transformações de forma lenta e gradativa na imagem corporal. Alterações mais imediatas e visíveis associadas a patologias ou a distúrbios da motivação também poderão comprometer a imagem corporal do idoso. Além disso, tal imagem pode ser distorcida pela forma negativa com que a velhice é encarada, fundamentada pela ideia de que envelhecer é sempre sinônimo de perda. A compreensão do processo de envelhecimento como um fenômeno natural e que traz consigo alterações sistêmicas, a aceitação dos limites, poderão favorecer a conscientização corporal, e a uma melhoria na imagem corporal (Marinero; Santos, 2009), com a consequente valorização do corpo como o principal agente efetor dos papéis sociais, independente da aparência ou da idade cronológica.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Identificar o grau de percepção da imagem corporal de idosos e analisar o grau de aceitação das mudanças.
MÉTODOS:
A pesquisa se constituiu em um estudo do tipo transversal e analítico, em uma perspectiva qualitativa. A pesquisa foi realizada em um condomínio residencial na cidade de Campina Grande – PB, cuja representação de idosos é de 20% da população dos residentes. A amostra do tipo não aleatória e por acessibilidade foi composta por 20 idosos de ambos os gêneros e com faixas etárias diversificadas.
A coleta de dados foi feita através dos seguintes instrumentos: 1) Caracterização socioeconômica; 2) Roteiro de entrevistas com questões baseadas no estudo de Menezes et al (2009; 3) Escala de Silhuetas de Sorensen e Stunkard (1983). Após autorização dos participantes, todas as entrevistas foram registradas através de gravação em áudio, sendo posteriormente transcritas na íntegra. A leitura dos depoimentos permitiu a construção de categorias as quais foram devidamente analisadas a fim de identificar o grau de consciência dos idosos acerca da sua imagem corporal. A análise dos depoimentos coletados foi feita a partir da Análise do Conteúdo (Bardin, 2003), sendo seguidas as etapas necessárias para a interpretação das falas dos idosos. Foram destacados os trechos dos discursos que apontam informações sobre os graus de conscientização dos idosos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Entre os 20 idosos pesquisados, houve predomínio do sexo feminino (65%), na faixa etária de 60 a 84 anos, média de 70,85 anos, sendo (35%) casados e católicos (80%). Houve uma predominância da baixa escolaridade, com (45%) tendo o ensino fundamental I. Em relação à ocupação/profissão atual, a amostra foi composta predominantemente por indivíduos aposentados (95%). Em relação a aspectos do estilo de vida, 65% dos idosos relataram que praticavam alguma atividade física. Em relação aos hábitos de fumar e beber, 57% dos homens e 38% das mulheres era fumante. 83,3% do gênero masculino e 16,7% do gênero feminino relataram ter bebido. Com a transcrição dos discursos, foram elaboradas categorias sobre a consciência do corpo envelhecido. Tais níveis de percepção foram identificados através de termos com as várias compreensões do corpo envelhecido, que foi associado a fases como marcada por diferença, fase de mudanças, de cansaço, entre outros. Por outro lado, alguns dos idosos entrevistados, relataram que com a velhice o corpo em quase nada mudou, a disposição era a mesma da juventude. Pela Escala de Silhuetas de Sorensen; Stunkard (1983) (60%) se identificou com silhuetas mais robustas e mostraram-se insatisfeitos com a aparência física atual, corroborando com Granges e Menezes (2011).
CONCLUSÕES:
Identificamos entre os idosos da pesquisa um grau satisfatório de percepção das mudanças que vinham ocorrendo com seu corpo durante o processo de envelhecimento. As compreensões verbalizadas em trechos dos discursos dos idosos mostram que o envelhecimento influenciou de forma direta na construção de uma nova imagem corporal. Grande parte dos entrevistados não estavam totalmente satisfeitos com a aparência física atual, associando-a a mudanças, cansaço, porém, eles não expuseram maiores rejeições ou dificuldades na aceitação do aparecimento das alterações da velhice. Registra-se que se para alguns idosos, o avançar da idade não lhes trouxe nenhum ônus, para outros a velhice deixou marcas em sua imagem corporal a ponto de verbalizarem em seus depoimentos trechos como estes: “[...] eu não gosto nem de me olhar no espelho, se você vê uns retratos que eu tenho ali... nem parece que sou eu, mudei... completamente [...]” (Idoso 05). “[...] Ah! minha filha eu me sinto um bofe [...]” (Idoso 14).
Palavras-chave: Imagem corporal, Consciência corporal, Envelhecimento.