65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 5. História - 9. História Social
Eu, Zé de Ribamar, matei um Kennedy: A pressão de um povo visando à absolvição de um réu- Crime na Ulen Company, São Luis 1933.
Keyciane de Sousa Martins - Depto. de História
Antonia Mota - Profa. Dra/ Orientadora-Depto de História.
INTRODUÇÃO:
O trabalho analisa o contexto da instalação de companhia Ulen no Maranhão e da morte de J. H. Kennedy, contador e responsável pelas demissões da empresa. Foi assassinado pelo operário José de Ribamar Mendonça, recém demitido e revoltado pela forma como foi despedido. Pretendemos com essa pesquisa demonstrar como a pressão popular dos maranhenses levou Zé de Ribamar de réu a vitima do imperialismo e se sobressair à pressão dos norte-americanos, e como o assassinato dessa figura representou a insatisfação de uma comunidade em geral. Essa pesquisa tem grande relevância para refletir as questões entre os estados e as relações com multinacionais e o capitalismo dos EUA, o que levou a população a encarar o fato como uma briga de nacionalidades, e o sentimento anti-EUA que levou o réu a ser absolvido por unanimidade no segundo julgamento.
OBJETIVO DO TRABALHO:
A pesquisa objetiva entender o contexto social da instalação da Ulen Company e a sua relação com a população ludovicense, o que levou essa população a se revoltar contra essa companhia apoiando o assassino de John H. Kennedy. O foco do trabalho é analisar o porquê de um réu confesso de origem humilde ser absolvido duas vezes por júri popular em um contexto capitalista de imperialismo americano.
MÉTODOS:
O método ultilizado é o da História Social, análise parte da pesquisa bibliográfica, e as fontes primárias utilizadas foram os jornais da época, como O pacotilha ( O imparcial), O Diário Oficial, além do acesso a carta testemunhal de réu, José de Ribamar Mendonça, a partir dessas fontes analisamos o contexto social do período.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O assassinato de John Harold Kennedy, parente do futuro presidente dos EUA, John F. Kennedy, provocou muita pressão do governo americano para condenação do réu, que foi tão forte que em menos de três meses depois do crime houve o primeiro julgamento, a população foi em multidão para o tribunal do júri, onde alegando “perturbação dos sentidos” foi absolvido por 5 votos a 2. Após o resultado do julgamento a população fez grande pressão contra a Ullen, para que o contratato fosse quebrado, porém esse só seria feito em 1946, após a última tentativa de condenar o José de Ribamar Mendonça, que seria absolvido novamente dessa vez com unanimidade dos votos. O crime teve uma ampla repercussão internacional, envolveu vários embaixadores dos EUA e ministros brasileiros, o ultimo recurso foi tentar a extradição de José Mendonça, isso sem êxito. O assunto foi pauta nos principais jornais dos EUA, como “New York Times”, “Evening Gazette”, “Boston Evening Transcript”. O crime entrou para história como um símbolo de resistência contra o imperialismo e a exploração norte-americana, pois um humilde operário ganhou representatividade e “estatus de herói”. O crime gerou uma onda de nacionalismo, pois virou uma questão de estado, tanto que o advogado de defesa inicia sua fala dizendo: “Aqui não se julgará um réu, mas toda a nação brasileira humilhada”.
CONCLUSÕES:
Percebemos que a pressão popular mobilizada pela insatisfação com a discriminação e preconceito dos norte- americanos e sua política imperialista, fez com que a justiça maranhense não se intimidasse com a soberania dos EUA, e enfrentasse uma briga de estados absolvendo o réu confesso. A participação popular nesse caso, foi de forte relevância porque o assassinato do contador da Ulen Company significava para todo uma comunidade uma vitória sobre a opressão e a todos os abusos de poder e dominação advindo dos norte-americanos.
Palavras-chave: Crime Ulen Company, Kennedy, São Luis.