65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
A família Leguminosae Juss. no Corredor de Vegetações Estacionais da América do Sul
Jacira Rabelo Lima - Universidade Federal de Campina Grande
Vidal de Freitas Mansano - Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Ana Maria Goulart de Azevedo Tozzi - Universidade Estadual de Campinas
INTRODUÇÃO:
A família Leguminosae é composta por cerca de 730 gêneros e 19.325 espécies subordinadas às subfamílias Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae, sendo considerada a terceira maior família de angiospermas. Apresenta distribuição cosmopolita e está entre as famílias de maior diversidade em formações vegetacionais estacionais. Na América do Sul existe um corredor formado por três grandes núcleos de fitofisionomias estacionais: 1- região Nordeste do Brasil, 2- núcleo Missiones e 3- núcleo Sub-Piemonte Andino. Essas áreas são de grande importância para a conservação, pois apresentam uma elevada diversidade de espécies. No entanto, pouca atenção tem sido dada ao conhecimento das vegetações estacionais, que têm sido fortemente degradadas. Este fato é preocupante, pois a biodiversidade dessas áreas é pouco conhecida, sendo sua documentação de grande importância para o planejamento da conservação. Os estudos sobre a biodiversidade têm adquirido uma crescente importância e um dos mais importantes desafios é entender os padrões de variação espacial da riqueza de espécies. A compreensão desses padrões e dos processos responsáveis por eles são de crucial importância para uma prática eficiente da conservação da biodiversidade.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho teve como objetivo conhecer as Leguminosae do corredor de vegetações estacionais da América do Sul, analisando a composição e riqueza de espécies de cada uma das fitofisionomias e a existência de espécies indicadoras das diferentes vegetações.
MÉTODOS:
Foi realizado o levantamento das espécies arbóreas e arbustivas da família Leguminosae presentes no corredor de formações estacionais da América do Sul, a partir de informações da literatura e dados de herbários nacionais e internacionais. Os tipos vegetacionais estudados foram: Caatinga, Cerrado, Chaco e Floresta Estacional Para verificar se existem diferenças na riqueza de espécies entre as áreas analisadas, foi observado o número total de espécies de Leguminosae por vegetação. Para definição das espécies indicadoras das vegetações presentes no CVE da América do Sul , foi realizado uma Indicator Species Analysis (ISA). Este método calcula um valor indicador para as espécies de acordo com uma combinação de frequência e abundância relativa delas nos grupos analisados. A significância do valor indicador das espécies foi avaliada através de um teste de Monte Carlo com 1000 permutações, testando a hipótese nula de que as espécies não têm valor indicador. Consideramos indicadoras aquelas espécies que obtiveram p ≤ 0.05 e valor indicador (IndVal) ≥ 25.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram analisadas aproximadamente 22.500 amostras, entre espécimes de herbários e dados de literatura, resultando em 1098 espécies, 121 gêneros e 18 tribos. A principal subfamília foi Mimosoideae (474 sp.), seguida por Caesalpinioideae (321 sp.) e Papilionoideae (303 sp.). Mimosoideae foi a subfamília com maior riqueza de espécies em todas as vegetações, exceto no Cerrado, que foi dominado pelas Caesalpinioideae. Os gêneros com maior riqueza de espécies foram: Mimosa (132), Inga (90), Senna (81), Machaerium (62), Bauhinia (53) e Chamaecrista (52). Mimosa apresentou maior diversidade em todas as vegetações analisadas, exceto a Floresta Estacional, cujo gênero mais diverso foi Machaerium. Chaco teve o maior número de espécies (683 sp.), seguido pela Floresta Estacional (457 sp.), Caatinga (374 sp.) e Cerrado (206 sp.). Um total de 32 espécies de Leguminosae foram consideradas indicadoras de alguma das vegetações analisadas: oito de Caatinga, 11 de Cerrado, nove de Chaco e quatro de Floresta Estacional. O baixo número de espécies indicadoras das Florestas Estacionais era esperado, uma vez que essa fitofisionomias mostrou-se como um grupo como muitas espécies compartilhadas com outros tipos vegetacionais.
CONCLUSÕES:
A família Leguminosae apresentou uma grande diversidade nas áreas estudadas, confirmando o grande sucesso evolutivo do grupo em áreas com vegetações estacionais. No entanto, apesar da grande diversidade biológica presente nesse corredor, o que se tem observado é que pouca atenção tem sido dada para as vegetações estacionais da América do Sul. O fato do corredor de vegetações estacionais da América do Sul abrigar formações vegetacionais tão diferentes e, conseqüentemente, floras distintas, como observado para a família Leguminosae, reforça a peculiaridade de cada uma dessas vegetações e a importância da conservação de todos os tipos vegetacionais presentes nesse corredor.
Palavras-chave: Flora, Leguminosae, Vegetações estacionais.