65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
AVALIAÇÃO DO CONTROLE POSTURAL EM PACIENTES COM DOENÇA DE PARKINSON
Anderson Santos Fraga - Graduando em Fisioterapia – Centro de Ciências da Saúde – UFPE
Maria das Graças Wanderley de Sales Coriolano - Profa. Dra./Orientadora – Departamento de Anatomia – UFPE
Natália Romana Gomes da Silva - Graduando em Fisioterapia – Centro de Ciências da Saúde – UFPE
Belvania Ramos Ventura da Silva - Graduando em Fisioterapia – Centro de Ciências da Saúde – UFPE
Jenyffer Monnyk Siqueira Balbino - Graduando em Fisioterapia – Centro de Ciências da Saúde – UFPE
Ludmila Carneiro da Silva - Graduando em Fisioterapia – Centro de Ciências da Saúde – UFPE
INTRODUÇÃO:
A Doença de Parkinson (DP) é uma doença degenerativa e progressiva do sistema nervoso central (SNC), caracterizada pela perda neuronal de células dopaminérgicas da porção compacta da substância negra do mesencéfalo. O diagnóstico da DP é estabelecido clinicamente com a presença de dois dentre os seguintes sinais cardinais: tremor de repouso, bradicinesia, rigidez muscular do tipo plástica e instabilidade postural.
A instabilidade postural é um dos sintomas mais comuns em portadores da DP, caracterizando-se pelas alterações fisiopatológicas nos sistemas receptivos sendo responsáveis pela carência do equilíbrio, ocasionando assim a perda de reflexos de readaptação postural, sendo a queda a principal consequência. Dessa forma são observadas alterações tanto na postura quanto no equilíbrio do paciente, sendo apontada também como influência forte no risco de queda, na progressão da doença e na marcha com disritmia. Este declínio irá refletir na qualidade de vida do paciente em inúmeros âmbitos, seja na mobilidade ou nas atividades da vida diária.
Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi avaliar o controle postural em pacientes com Doença de Parkinson (DP) com gravidade leve a moderada, utilizando a Escala de Equilíbrio de Berg (EEB) e o Sistema de Estabilidade Biodex (SEB).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar o controle postural em pacientes com doença de Parkinson (DP) com incapacidade de leve a moderada de acordo com a versão original da escala de Hohen e Yahr (HY). Assim como mensurar o controle postural através da escala de equilíbrio de Berg (EEB), quantificar controle postural com o Sistema de Estabilidade Biodex (SEB) e verificar as diferenças entre os dois métodos de avaliação.
MÉTODOS:
Este estudo transversal foi desenvolvido no Programa Pró-Parkinson do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco. Foram recrutados pacientes com DP idiopática nos estágios 1, 2 e 3 de acordo com a versão original da escala de HY, de ambos os gêneros, adultos jovens e idosos, com quadro clínico satisfatório e sem atendimento fisioterapêutico.
Foram excluídos os pacientes com outras doenças neurológicas associadas, deficiência visual grave, doenças vestibulares, labirintite ou outras que pudessem afetar o equilíbrio. Os pacientes foram avaliados através dos seguintes instrumentos: Escala de Hoehn e Yahr (HY), Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson (UPDRS), Escala de Equilíbrio de Berg (EEB) e do Sistema de Estabilidade Biodex (SEB).
As variáveis analisadas foram: Instabilidade postural e idade (regressão linear); Análise dos itens da Escala EEB (Frequência, expressa em percentual); Instabilidade postural e progressão da doença (UPDRS) (regressão linear); Instabilidade postural e progressão da doença (HY) (Teste de Kruskal-Wallis, Post Hoc: Teste de Dunn); Tempo de permanência em cada quadrante do SEB (freqüência, expressa em percentual). O nível de significância estatística foi de P<0.05. Para análise foi utilizado o Software Data Analisys Statistic.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
A amostra foi composta por 32 sujeitos, sendo 9 mulheres e 23 homens. Dentre os avaliados, 29 sujeitos(91%) apresentaram na EEB. Dois sujeitos(6%) apresentaram um desempenho médio e apenas um sujeito(3%) apresentou baixo desempenho. Este achado pode configurar o efeito teto descrito por Leddy AL, Tanji H e Steffen T.
As pontuações mais baixas foram encontradas justamente nas tarefas relacionadas ao deslocamento do centro de gravidade como nas tarefas 8, 11 e 14, com a tarefa 11 obtendo o menor valor (2,5±1,2), assim como no estudo de Nova.
A idade não apresentou correlação com os escores da BBS (R2=0.001). Houve uma fraca correlação entre EEB com o UPDRS-Total (R2=0.27), com o UPDRS-II (R2=0.24) e com o UPDRS-III (R2=0.19), corroborando com Qutubuddin e Dias.
Dentre os sujeitos, 9 foram classificados no estágio 1 da escala de HY, 13 no estágio 2 e 10 no estágio 3 de progressão da doença. Houve diferença significativa nos valores da EEB entre o estágio 1 em relação ao estágio 3 (p<0.01).
Através da avaliação com o SEB, o equilíbrio estático obteve média de 1,3 em detrimento do equilíbrio dinâmico com 1,9. O plano Anterior/Posterior obteve maiores deslocamentos do que o Medial/Lateral como também visto por Bartolic. Não houve significância no tempo de permanência nos quadrante.
CONCLUSÕES:
Em resumo o teste de instabilidade postural medido pela EEB mostrou que os pacientes com DP apresentam um bom desempenho nas tarefas propostas pela escala. Os resultados obtidos nos testes do SEB corroboram esses achados, o que mostra que os dois métodos são similares e a princípio bons métodos de avaliação da instabilidade postural. Este achado corrobora o estudo de Mota que analisou a concordância entre a EEB e o SEB.
Entretanto em ambos os métodos, os testes que produzem deslocamento do centro de gravidade em suas tarefas ou protocolos não repercutem de forma representativa no escore total dos instrumentos, o que pode comprometer a análise do equilíbrio nos sujeitos.
É provável que na prática clínica seja mais indicada e mais eficaz a aplicação de apenas algumas tarefas propostas pela EEB, que promovam a dissociação do tronco, como as tarefas 8, 11 e 14 da escala.
Palavras-chave: Doença de Parkinson, Controle Postural, Equilíbrio.