65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 1. Biologia Molecular
ATIVIDADE CITOTÓXICA E ANTIBACTERIANA DE UMA NOVA LECTINA DE SEMENTES DE Canavalia maritima
Luciana Maria Pereira de Sousa - Depto. de Nutrição – UFPB
Daniel Lima de Farias - Depto. de Biologia Molecular – UFPB
Josenildo Segundo Chaves de Araújo - Depto. de Ciências Farmacêuticas – UEPB
Hilzeth de Luna Freire Pessôa - Profa Dra/ Orientadora - Depto. de Biologia Molecular – UFPB
Tatiane Santi-Gadelha - Profa Dra/ Orientadora - Depto. de Biologia Molecular - UFPB
Carlos Alberto de Almeida Gadelha - Prof. Dr./ Orientador - Depto. de Biologia Molecular – UFPB
INTRODUÇÃO:
A maior parte dos problemas de saúde dos países em desenvolvimento estão correlacionados as infecções bacterianas (Davis,1994). Segundo Sharon e Lis (1990), proteínas de plantas que possuem no mínimo um domínio não catalítico que se liga reversivelmente a mono ou oligossacarídeos específicos são consideradas lectinas. Além de apresentarem atividades citotóxicas e antibacterianas, lectinas têm sido usadas em estudo de processos antinociceptivos (Figueiredo et al., 2009), cicatrizantes (Silva et al., 2009), atividade mitogênica sobre linfócitos humanos (Maciel, 2002), efeitos-miméticos (Cavada et al., 2001) e indução de óxido nítrico em aorta de rato (Gadelha et al.,2005).
Extratos proteicos de sementes de moringa têm demonstrado efeito bactericida contra cepa Gram-positiva (Bacillus sutilis) e Gram-negativa (Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, e Serratia macerscens), sugerindo seu uso como fonte de agentes antibacterianos (Matos, 1998; Broin et al., 2002; Anwar et al.,2007; Costa et al., 2009); sendo este efeito creditado a uma lectina isolada de seus extratos (Ferreira et al., 2011). Diante do exposto, novos ensaios de atividade biológica com novas lectinas, justificam-se para aproveitamento destas moléculas biologicamente ativas como potenciais insumos biotecnológicos.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho teve por objetivo avaliar a atividade citotóxica frente a eritrócitos humanos dos tipos A, B, O e AB, bem como investigar a atividade antibacteriana, de uma nova lectina isolada de sementes da leguminosa Canavalia maritima.
MÉTODOS:
O trabalho foi realizado no Laboratório de Bioquímica, Genética e Radiobiologia (BioGeR-Lab) da UFPB. Os eritrócitos humanos para atividade citotóxica, oriundos do Banco de Sangue do HULW, foram manipulados e descartados em acordo com as Normas de Biosegurança; tendo os procedimentos experimentais sido analisados e aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do HULW (Plataforma Brasil/Certidão n°0511/113).
Nos ensaios de atividade antibacteriana foram usadas linhagens padrão da American Type Culture Collection: E. coli ATCC 10536, P. aeruginosa ATCC 9027, P. aeruginosa ATCC 25619, S. aureus ATCC 6538, S. aureus ATCC 25925, B. subtilis CCT 0516; provenientes da FIOCRUZ/RJ. Os microrganismos foram inoculados em caldo BHI e incubados a 37ºC/24h. Os meios de cultura utilizados para o crescimento das bactérias foram preparados de acordo com as instruções do fabricante. Na avaliação do MIC, foram realizados testes em placas de microdiluição de 96 poços em concentrações de 1:1 até 1:10-12 da concentração inicial de 10mg/mL. A leitura foi feita em um leitor de microplacas ELIZA. Em seguida, as placas incubadas por mais 24h em estufa a 36±1ºC e submetidas a nova leitura. O resultado foi obtido através da média±epm das diferenças dos valores obtidos no leitor ELIZA.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Na avaliação da atividade citotóxica em eritrócitos humanos à concentração de 10, 100 e 1000µg.mL-1, observou-se um leve efeito hemolítico quando comparados com o controle positivo (tratados com o Triton X-100), indicando que não houve danos à membrana celular dos eritrócitos humanos, ou seja, baixa atividade citotóxica para as células eucarióticas, sendo caracterizado como de baixa atividade hemolítica (Silva, 2012). Constatou-se que a nova lectina provocou significativa hemólise apenas frente a hemácias humanas tipo B na concentração de 1000µg.mL-1, maior concentração testada no ensaio hemolítico.
Os perfis de sensibilidade das linhagens bacterianas foram evidenciados pela determinação do MIC para cada linhagem bacteriana testada. Os resultados demonstram que as linhagens bacterianas: E. coli ATCC 10536, P. aeruginosa ATCC 9027, P. aeruginosa ATCC 25619, S. aureus ATCC 6538, S. aureus ATCC 25925, B. subtilis CCT 0516, não foram sensíveis a ação da nova lectina isolada da leguminosa C. marítima. Não tendo sido observada inibição de crescimento, conforme resultados obtidos por leitor de microplacas ELIZA.
CONCLUSÕES:
A nova lectina de sementes de Canavalia maritima não promoveu hemólise em eritrócitos humanos dos tipos A, AB e O, nas concentrações testadas de 10, 100 e 1000µg.mL-1, o que reflete a sua especificidade de interação com diferentes açúcares, comprovado pelo diferente resultado obtido para os eritrócitos humanos do tipo B na concentração de 1000µg.mL-1. A inexistência de hemólise frente a eritrócitos humanos dos tipos A, AB e O, sugere que essa lectina não causa danos à membrana celular destes eritrócitos. Constatou-se ainda que a nova lectina não inibiu o crescimento das linhagens bacterianas: E. coli ATCC 10536, P. aeruginosa ATCC 9027, P. aeruginosa ATCC 25619, S. aureus ATCC 6538, S. aureus ATCC 25925, B. subtilis CCT 0516, entretanto, diferentemente do esperado, mostrou-se capaz de promover a proliferação destes microorganismos.
Palavras-chave: Citotoxicidade, Glicoproteínas, Atividade Bactericida.