65ª Reunião Anual da SBPC

G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia

O TURISMO E A PRODUÇÃO ESPACIAL PROMOVIDOS POR RESORTS E EMPREENDIMENTOS NA PRAIA DO CUMBUCO, CAUCAIA-CE.

Juliane Alves Moreira - Depto. de Geografia- UECE Naiana Paula Lucas dos Santos - Depto. de Geografia- UECE. Fabiola Cassiano Moreira - Depto. de Geografia- UECE.

INTRODUÇÃO:

O estudo analisa o embate da territorialização de resorts para e pelo turismo na praia do Cumbuco, Caucaia- CE, e a identificação de possibilidades para o desenvolvimento sócio espacial, com destaque para a chamada responsabilidade social das empresas de turismo. A pesquisa evidencia que o Cumbuco tem sido lugar especial de alocação de resorts, empreendimentos do turismo litorâneo, no Ceará. O turismo cearense firma-se cada vez mais como uma das principais atividades econômicas mobilizadora de capital, sobretudo, a partir da década de 1990 com a crescente busca por espaço na zona costeira para instalação de complexos turísticos de grande e médio porte. A explicação para essa busca é à entrada de um produto novo, atrelada à filosofia de bem estar, promovendo a construção de uma segunda natureza, relacionada ao meio ambiente e as paisagens naturais, sendo que para isso, foram destinados recursos para a construção de instalações e investimento no litoral, a partir da implantação do Programa de Ação para o Desenvolvimento do Turismo – PRODETUR I e II, do Nordeste brasileiro. As dinâmicas espaciais, no qual se pauta este estudo, diz respeito á diversas formas de produção do espaço pelo turismo e das principais mudanças e transformações nas produções sócio-espaciais ocorridas no Cumbuco-Ce, através dos empreendimentos, visando mostrar as variadas formas de serviços, de modo a dinamizar a economia local, sem deixar de pontuar os impactos sócio-espaciais causados por tais atividades.

OBJETIVO DO TRABALHO:

Analisar como ocorre a produção espacial dos grandes empreendimentos turísticos (hotéis, resorts, restaurantes) bem como os impactos sócio-espaciais do turismo na praia do Cumbuco.

MÉTODOS:

A metodologia a ser empregada é de cunho crítico, adota conceitos do materialismo histórico tendo em vista apreender as contradições e os conflitos das políticas de turismo e chegar próximo à totalidade. Etapas deverão ser cumpridas e a primeira delas consiste em análise da proposta, levantamento do material via internet, utilizando sites e endereços eletrônicos existente sobre a localidade. Produção de banco de dados, de fotografias e imagens. Paralelamente, será realizado levantamento bibliográfico sobre o tema estudado, sobretudo relativo ao que vem sendo realizado por empresas e comunidades no Brasil e em alguns países onde ocorre choque sobre o uso impactante de espaços ocupados por comunidades, como as pesqueiras no litoral do país. Outra etapa consiste em aplicação de formulários com megaempreendimentos turísticos, ou entrevistas. Levantamento de respostas sociais e ambientais, on line, para efeito comparativo. No Cumbuco a pesquisa será de campo com empresas e com comunidades receptoras de turismo. Outra etapa consiste na análise do conjunto de dados e informações coletadas. Análise e comparação dos dados quantitativos, de fotografias e imagens, análise de dados disponíveis na bibliografia existente e informações coletadas in situ através da observação e coleta de materiais, análise dos resultados levantados em formulários, sites e campo. Interpretação e fusão dos dados de campo com as informações contidas na análise bibliográfica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO:

O Mapeamento dos resorts no Cumbuco e suas localizações levaram compreensão do processo de uso e ocupação do litoral pelos megaempreendimentos turísticos, em especial os resorts, e de compreender as políticas públicas, privadas e alternativas do turismo, verificando que o modelo de exploração do turismo no Cumbuco tem sido impactante na natureza e excludente da comunidade. O Cumbuco tem passado por profundas modificações em sua dinâmica litorânea devido a construções desordenadas de empreendimentos, tais como: o desequilíbrio da zona costeira por meio da retirada de dunas moveis para aplainamento de terrenos ou mesmo construções em dunas fixas; algumas construções de grande porte tem se configurado como barreira para os ventos alísios, considerados primordiais para prática de esportes na localidade. O Estado, por sua vez, tem se eximido de fazer as cobranças necessárias aos empreendimentos que se implantaram na localidade, ou mesmo fecham os olhos para algumas licenças ambientais liberada de forma errônea. A comunidade sentindo-se prejudicada organizou-se e criou o seu turismo comunitário para que de alguma forma também possa usufruir do dinheiro deixado pelos turistas. Pensar o desenvolvimento sustentável exige que se mudem as práticas políticas e sociais e as organizações para uma forma de produção e consumo de bens de forma menos impactante e socialmente justa, que na verdade é não tem acontecido no Cumbuco.

CONCLUSÕES:

A necessidade de dar ao turismo dimensão social e cultural e ambiental além da econômica é imposição do mundo contemporâneo, da economia flexível. Governos, empresas e sociedade entenderam que o crescimento econômico concentrado produziu uma sociedade desigual e, portanto violenta, rebelde, distante do que possa ser chamada sociedade desenvolvida. É consenso mundial a diferença entre crescimento e desenvolvimento, embora haja relação entre eles. O desenvolvimento não se realizou a contento de todos no Cumbuco, e assim há de se buscar o desenvolvimento social o que significa a produção de riqueza menos concentrada, com mais partilha e distribuição, maiores oportunidades de trabalho considerando os princípios de eqüidade, justiça social para com a população daquela localidade. Sobretudo o equacionamento das necessidades básicas priorizando acesso à alimentação, vestuário, habitação, serviços públicos, água potável, instalações sanitárias transporte, educação, saúde e lazer. Isso implica que as atividades econômicas em especial o turismo, levem em consideração o respeito à conservação ambiental, aos valores culturais, e a responsabilidade sócia para ajudar a mudar o quadro de carência do município de Caucaia. A pobreza e a desigualdade social são incompatíveis com a imagem do município turístico e com a capacidade produtiva que a localidade já adquiriu.

Palavras-chave: Turismo comunitário, Sócio ambiental, Prodetur.