65ª Reunião Anual da SBPC
H. Artes, Letras e Lingüística - 4. Linguística - 6. Liguística
SOBRE A MORFOLOGIA DOS ESTRANGEIRISMOS DE LÍNGUA INGLESA NO PORTUGUÊS BRASILEIRO
Lucivânia de Santana Gomes - Licenciatura plena em Letras - UFRPE/ UAST, bolsista PET
Marcelo Amorim Sibaldo - Prof. Dr. /Orientador UFRPE/ UAST
INTRODUÇÃO:
O léxico das línguas se renova constantemente, está em constante mudança, já que recebe influência de outras línguas para sua composição e, no português brasileiro (doravante PB), não é diferente, pois, seu inventário de “palavras” sofre influência, em linhas gerais, indígena, africana, italiana, francesa, inglesa, etc. À medida que uma língua importa um vocábulo de outra, necessariamente, sofrerá uma adaptação, seja de ordem morfológica ou fonético-fonológica, tendo em vista que a língua importadora já possui uma estruturação própria. Este trabalho objetiva discutir acerca do empréstimo lexical de Língua Inglesa (denominado anglicismo) no PB e, por conseguinte, como se dá sua adaptação em termos morfológicos. Tomando como objeto de análise vocábulos de diferentes campos semânticos que são introduzidos no PB, utilizaremos, como pressupostos teóricos, a teoria lexicalista estruturalista (BASÍLIO, 1987), que explorará os aspectos linguísticos, e, para tratar de aspectos onde se evidenciará os aspectos extralinguísticos que influenciam a inserção do estrangeirismo norte-americano no PB, como os tecnológicos, culturais e políticos em como, fundamentaremos nossa análise em Carvalho (2009).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Descrever como se dá o processo de adaptação dos vocábulos do inglês norte-americano no PB, em termos estruturais, isto é, observar se será convertido em empréstimo linguístico ou se permanecerá como item estrangeiro e, consequentemente, tentar inferir os possíveis fatores extralinguísticos que influenciam a sua inserção, tais como aspectos tecnológicos, culturais e políticos.
MÉTODOS:
O procedimento metodológico configurou-se na extração de vocábulos de língua inglesa de diferentes campos semânticos que são inseridos no PB e, em seguida, foi verificado como estão inseridos nos dicionários Michaelis online, Houaiss e VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), se são inclusos na forma de empréstimos ou como estrangeiros, verifica-se ainda se há uma regularidade na composição destes itens lexicais. Posteriormente, os vocábulos foram divididos em três partes: (1) Empréstimo - as formas que são aportuguesadas; (2) Xenismos - ausência de adaptação escrita no PB; (3) Formas que permanece a mesma raiz. Para análise dos itens selecionados, será utilizada, como modelo teórico-metodológico, a teoria lexicalista estruturalista (BASÍLIO, 1987), a qual explora a estruturação dos vocábulos, e ainda os fundamentados em Carvalho (2009), exploramos os aspectos políticos e sociais que acompanham a ampliação do léxico com os empréstimos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Através da análise dos dados, percebe-se que, ao serem incorporados ao PB, os estrangeirismos sofrem adaptações morfológicas. Na divisão dos itens lexicais por empréstimo, pode ser evidenciado o vocábulo stress que ao ser incorporado ao PB sofreu “aportuguesamento” estresse, uma mudança na grafia e no som, pois, no padrão silábico do PB: “A vogal é o núcleo da sílaba e as consoantes ocupam partes periféricas”, (SILVA 2001, p.152). Os dicionários VOLP (2009), o Houaiss e o Michaelis online registraram tanto a forma estrangeira stress, quanto a forma aportuguesada estresse, além das formas adjetivais [estressado, estressante]. Já na divisão denominada Xenismos, evidencia-se driver, show, software, que ao serem incorporados ao PB não sofrem adaptação gráfica, configuram-se como estrangeirismos em todos os dicionários consultados. Nas formas que permanece a mesma raiz, tais como Deletar, manteve-se a mesma raiz morfológica (delet-), articulada com a forma de derivação sufixal “-ar”. No processo de derivação, constatou-se no vocábulo surfista com a base (surf) unida a um afixo por sufixação (-ista), por prefixação obtivemos, por exemplo, antidoping, a base (-doping) com a junção do prefixo (anti-).
CONCLUSÕES:
Pode-se concluir que a busca por descrever como se dá o processo de inserção e permanência dos anglicismos no português brasileiro, em diálogo com a visão linguística (processos estruturais) e extralinguística (processos contextuais), é necessária em função da amplitude dos empréstimos lexicais. Segundo Carvalho (2009, p.37): “[...] a língua não é um produto pronto e acabado, ela se refaz continuamente [...]”, dessa forma, a análise desse fenômeno contribui para o entendimento dessa dinâmica no PB, verificando que, por um lado, alguns vocábulos sofreram modificações gráficas, tais como estresse, escâner, becape etc., já outros vocábulos permaneceram como formas estrangeiras, como software, hardware, link, web, internet etc. Boa parte dos itens analisados possuía uma ligação com aspectos tecnológicos, já que de acordo com Carvalho (2009, p.77): “A informática é a tecnologia de ponta que contribui com maior número de anglicismos para a língua portuguesa”. Dessa forma, conclui-se que o fenômeno dos estrangeirismos (anglicismos) diz muito sobre o momento em que se encontra o português brasileiro, os processos contextuais (globalização) influenciando no estrutural (inserção de novos vocábulos, adaptações linguísticas).
Palavras-chave: Estrangeirismo, Anglicismos, Léxico.