65ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
JOGO “CADA UM NO SEU BIOMA” PARA AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS – UMA EXPERIÊNCIA NO ENSINO DE CIÊNCIAS
Renata Melo de Lima Escobar da Silva - PPG Ensino de Ciências - IFRJ
Rosângela Aquino da Rosa Damasceno - Profa. M.Sc./Orientadora - PPG Ensino de Ciências - IFRJ
INTRODUÇÃO:
A pesquisa “JOGO “CADA UM NO SEU BIOMA” PARA AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS – UMA EXPERIÊNCIA NO ENSINO DE CIÊNCIAS” apresenta o desenvolvimento do jogo didático e sua aplicação em turmas do 6º ano do ensino fundamental de uma escola privada e uma escola municipal do Rio de Janeiro, desenvolvida no primeiro semestre de 2012, com a finalidade de propor recursos que viabilizem a superação dos desafios da complexidade em sala de aula. Para a realização do trabalho os principais referenciais teóricos foram: Edgar Morin, Moacir Gadotti, Paulo Freire, Huizinga e Jean Piaget. O jogo apresentado é classificado como jogo de regras e está em concordância como o estágio de desenvolvimento do aprendizado pré-operatório de Piaget (FERRACIOLI, 1999), perfil do grupo discente participante da pesquisa. A motivação para o tema da pesquisa se deu pela pesquisa de Recursos Pedagógicos como facilitadores no processo de ensino-aprendizagem e pelas recentes discussões sobre Complexidade, teoria do filósofo francês Edgar Morin, que diz que para a educação do futuro algumas questões tem que ser observadas considerando a época que vivemos e sua complexidade (tecido junto, o todo e as partes) (MORIN, 2007).
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo da pesquisa foi propor uma estratégia pedagógica, o jogo didático, que viabilizasse alternativas para superação dos desafios da complexidade em sala de aula.
MÉTODOS:
O jogo “Cada um no seu Bioma” é um jogo de conhecimentos, associação de imagens, atenção, percepção visual e desenvolvimento de estratégias, desenvolvido por alunos do curso de especialização em ensino de Ciências do IFRJ, na disciplina – Oficina de Recursos Pedagógicos. É composto por uma placa metálica, onde são fixadas as placas imantadas correspondentes aos biomas: Pampa, Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Pantanal, Caatinga e Cerrado. São figuras com espécies vegetais e animais de todos os biomas, folhas com citações sobre as espécies, caixa para acomodar as peças e folha de regras. Foram realizadas observações e um levantamento de informações com o uso de questionários semiestruturados, aplicados ao fim da atividade. O jogo e os questionários de avaliação foram aplicados em duas turmas de 6º ano de uma escola da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro, e em duas turmas de uma escola privada, com o total de 93 alunos. As turmas foram divididas em seis grupos, referentes a cada um dos biomas; venceu o que conseguiu maior número de acertos de espécies no seu bioma. Após a atividade foram distribuídos questionários sobre o jogo e sobre o tema apresentado. Os dados foram analisados quantitativamente e qualitativamente e discutidos à luz dos referenciais teóricos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os grupos pesquisados demonstraram dispersão durante a atividade, mostrando-se ansiosos pelo fim. Excitação é uma das características do jogo (HUIZINGA, 1996). Percebeu-se também que há ganho social e, de acordo com Freire (2007), a interação entre pessoas tem importância no aprendizado. Questionados se gostaram do jogo a maioria dos alunos respondeu positivamente. As respostas enquadram-se nas afirmações sobre Homo ludens, de Huizinga, que nos trata como seres lúdicos antes mesmo de seres pensantes. Também notou-se que os alunos têm acesso a diversas fontes de informação; Morin (2007) e Gadotti (2000) discorrem sobre excesso de informação no meio no qual estamos inseridos, logo, convém que educadores tenham apreensão desta realidade. Discussões sobre educação trazem a complexidade como ponto a ser refletido, e Morin diz que se não nos atentarmos para tal, permitiremos que o mundo se torne mais atrativo que a escola. Os resultados analisado à luz dos saberes para a educação do futuro (MORIN, 2007) mostram que é possível encontrar recursos que promovam a reformulação do pensamento, preparando o aluno a relacionar temas diferentes, promover relações interpessoais, abordar questões humanitárias e globais, instigá-lo a traçar estratégias e a compreender atitudes e situações.
CONCLUSÕES:
Aplicar o jogo “Cada um no seu bioma” em turmas de sexto ano em escolas pública e privada permitiu verificar que o jogo é um recurso pedagógico que consegue despertar o interesse dos alunos. Alguns pontos de interesse do jogo foram evidenciados, pois o grupo se mostrou motivado pelas imagens e pela dinâmica divertida da atividade. Diversas fontes de informação usadas por eles foram observadas e associadas ao meio complexo nos quais os alunos estão inseridos; essa situação refere-se à era planetária que Edgar Morin descreve, onde é possível acessar todo tipo de informação facilmente, ainda mais se o indivíduo pertence ao meio urbano. A complexidade abarca as famílias, as escolas e todos os meios sociais que envolvem os educandos e se esta condição não for considerada pelos educadores, é possível que surjam problemas na educação. Através da análise da atividade sob a luz saberes necessários à educação do futuro, de Edgar Morin, verificou-se que há possibilidade de superarmos desafios da complexidade em sala de aula através de recursos pedagógicos mediados pelo professor ou por um sujeito organizador. Também foram observadas as fragilidades no que se refere às funcionalidades do jogo o que permite uma reelaboração de regras ou métodos que minimizem problemas em futuras aplicações.
Palavras-chave: Recursos pedagógicos, Aula de ciências, Complexidade.