65ª Reunião Anual da SBPC
B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária
BACIA DE EVAPOTRANSPIRAÇÃO COMO ALTERNATIVA AO TRATAMENTO DE EFLUENTES SANITÁRIOS DOMÉSTICOS
Rogério Franklin Ferreira Lima - Instituto Federal de Brasília - Campus Planaltina
Joelma Paiva de Novaes - Instituto Federal de Brasília - Campus Planaltina
Eduardo Gama de Araújo - Instituto Federal de Brasília - Campus Planaltina
Luciana Miyoko Massukado - Prof Dra/Orientadora - Instituto Federal de Brasília - Campus Planaltina
INTRODUÇÃO:
No Brasil, há ainda um grande hiato entre o urbano e o rural, no que tange ao atendimento dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. A regra na maioria das vezes são soluções individuais, ineficazes constituindo-se em riscos à saúde dos moradores, além de se tornarem potenciais agentes poluidores do meio ambiente. Isto ocorre, por exemplo, quando se utiliza a “fossa negra”, buraco escavado na terra onde o efluente é despejado in natura.
Ridderstolpe (2004) divide o esgoto doméstico em duas categorias: águas cinzas e águas negras. As águas cinzas são aquelas oriundas das pias, chuveiros e lavanderias. Já as águas negras são provenientes dos vasos sanitários, contendo basicamente água, fezes e urina, que por apresentar potencial poluidor, necessitam de sistemas de tratamentos mais complexos para reduzir a carga de patógenos.
A bacia de evapotranspiração (BET) surge como opção que agrega baixo custo de implantação e simplicidade de aplicação, capacitação e divulgação da técnica.Nesse sistema de tratamento ocorrem dois processos – a evapotranspiração e a decomposição da matéria orgânica, ou seja, dos dejetos (PAMPLONA E VENTURI, 2004).
Para Galbiati (2009) apud Essert e Mazon (2011), “os processos envolvidos no funcionamento do sistema são: precipitação e sedimentação de sólidos no fundo da BET, ação microbiana anaeróbica na degradação do efluente, decomposição aeróbia, movimentação da água por capilaridade e absorção de água e nutrientes pelas plantas.”
OBJETIVO DO TRABALHO:
O objetivo da pesquisa foi conceber e construir uma bacia de evapotranspiração para o tratamento de esgoto sanitário proveniente das atividades de uma residência rural.
MÉTODOS:
A bacia de evapotranspiração foi construída em área particular situada na zona rural de Planaltina-DF e obedeceu a seguinte metodologia:
1) Reuniões com os proprietários da área para definir a dimensão da bacia para atender a demanda, os materiais e a mão de obra que seriam necessários;
2) Construção da BET por meio de mutirão e
3) Análise crítica das informações coletadas nessas etapas.
Foram realizadas reuniões entre os pesquisadores e os proprietários da chácara para a definição de detalhes referentes à: definição do local de construção, área e regime de construção da bacia; cuidados construtivos, planta hidráulica; levantamento e calculo da quantidade de materiais necessários.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O sistema foi dimensionado para 6 pessoas, adotando o valor de 2m2 por pessoa (PAMPLONA E VENTURI, 2004) e profundidade de 1,4 m. Na concepção foram observados os seguintes cuidados: seleção do local que recebesse boa incidência solar; nivelamento do fundo da bacia e adoção do formato retangular. Concluída a escavação, a vala ficou com a dimensão de 2,2 x 6,0 x 1,4 m (L x C x P) totalizando um volume de 18,48 m3.
Para a construção do sistema, foram adotadas as seguintes espessuras das camadas que compõem o elemento filtrante: entulho: 70 cm; brita: 10 cm; areia: 20 cm; solo: 40 cm. As paredes e o fundo receberam chapisco (5 cm) e tela de galinheiro para a fixação do reboco. O tanque foi impermeabilizado com uma nata de cimento.
Para atender a demanda da residência que possui 2 banheiros foram posicionadas longitudinalmente2 câmaras de fermentação paralelas formadas pela simples justaposição de pneus, isto gera um ambiente com espaço livre para a água e favorece a proliferação de bactérias que degradarão os sólidos reduzindo-os a moléculas de micronutrientes.
Posteriormente procedeu-se ao preenchimento da vala. A primeirarecebeu a quantidade de 8,4 m3 de material grosseiro (entulho), cuja função é servir de substrato para as colônias de bactéria. Em seguida, foram colocados 1,2 m3 de brita; depois 2,4 m3 de areia (função de filtrar os dejetos) e, por último foram adicionados 4,8m3 de solo (substrato para as raízes das plantas). Ao final, plantaram-se as bananeiras.
CONCLUSÕES:
Ao término da pesquisa, infere-se que a bacia de evapotranspiração pode ser uma alternativa econômica e ambientalmente viável, importante para o tratamento de efluentes domésticos, principalmente, em áreas rurais. O custo para a construção da bacia de evapotranspiração ficou em R$ 2.619,68, sendo 39% destinados a compra de materiais de consumo, 21% de material permanente (equipamentos e ferramentas) e 40% de mão de obra. Aqui se percebe a importância da construção ter sido realizada em forma de mutirão, evitando maiores custos na construção da bacia.
Além do mais, a bacia de evapotranspiração pode ser adotada também em área urbana ou periurbana onde não há rede coletora de esgoto ou mesmo em locais servidos pela rede coletora a fim de evitar sobrecarga do sistema de tratamento convencional.
Palavras-chave: Bacia de evapotranspiração, tratamento de efluentes, tecnologia social.