65ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 2. Comportamento Animal
AVALIAÇÃO DO BEM-ESTAR DE FRANGOS DE CORTE CRIADOS EM GALINHEIROS MÓVEIS MANEJADOS NAS ENTRELINHAS DO CAFEZAL
Eloiza Aparecida Barbosa - Estudante de Agroecologia – IFB
Josué Teófilo Ramos de Carvalho - Estudante de Agropecuária - IFB
Julia Eumira Gomes Neves Perini - Profa. Msc. / Orientadora – Docente – IFB
INTRODUÇÃO:
A integração de aves com a lavoura cafeeira contribui para reduzir a quantidade de plantas espontâneas, reduzir a mão de obra para manter o cafezal, adubar o solo, controlar insetos que o ataca, e para as aves geram as vantagens de proporcionar sombra, maior diversidade de insetos para alimentação e maior diversidade nutricional (Sales e Sales, 2010). Porém para que essa integração obtenha sucesso é necessário que as aves se adaptem bem a esse meio ambiente.
O estudo do comportamento das aves é uma importante ferramenta para a avaliação do bem-estar animal. Sabendo como os animais se comportam é possível fazer um manejo seguro e apropriado às suas necessidades específicas, com prevenção de doenças e promover o bem-estar dos animais. O tamanho do grupo, a densidade de aves e o enriquecimento ambiental podem afetar a incidência do canibalismo na avicultura (Garcia, 2003). Frangos criados com mais liberdade e em ambientes mais próximos do seu habitat natural aparentemente são mais calmos e menos sensíveis ao estresse (Santos, 2009 apud Castellini et al., 2002), devido a eles poderem expressar seus comportamentos naturais (Henrique et al., 2010).
A pesquisa foi relevante por proporcionar um novo modelo de manejo de aves aos pequenos agricultores, que favoreça o meio ambiente, o pequeno agricultor e o bem-estar das aves.
OBJETIVO DO TRABALHO:
O presente trabalho teve como objetivo verificar e analisar o índice de bem-estar de frangos de corte criados no sistema de integração ave-café e manejados em galinheiros móveis.
MÉTODOS:
O ensaio foi conduzido em lavoura cafeeira do IFB, campus Planaltina, durante o período de 2011 a 2012. As aves foram criadas em galinheiro móvel de 12 m², manejado nas entrelinhas dos cafés (3,0 m de largura x 120 m de comprimento). Foram utilizadas 40 aves de corte da linhagem caipirão na densidade de 3,3 aves/m². As aves foram inseridas no sistema com 30 dias de idade e retiradas com 85 dias. O galinheiro móvel foi construído com telhado de folha de buriti, colocado sobre uma lona de 6/8 e altura de pé direito de 1,80 m, dentro do galinheiro possuía poleiro, bebedouro e comedouro suficiente para as aves. A avaliação do comportamento foi realizado durante três dias consecutivos e três horas por dia das 8:30 às 9:30, das 12:30 às 13:30 e das 16:00 às 17:00 horas. As análises foram feitas por dois bolsistas, Eloiza e Josué, realizando observações comportamentais como a agressividade de uma ave com a outra, tempo de pastejo, procura dos animais por sombra, aves com bico aberto e ofegante, espojar, asas abertas, espreguiçar, perseguição e ciscar. O método de observação utilizado foi o SCAN SAMPLING a cada 5 minutos de intervalo. O ganho de peso das aves também foi avaliado. Após as observações os dados foram tabulados e analisados de acordo com suas frequências e a categorização dos comportamentos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os comportamentos relacionados à hierarquia (agressividade e perseguição) apresentaram baixa frequência. Não foi observado aumento nas disputas por água, comida e espaço. Durante o período de permanência das aves no galinheiro não observou nenhum canibalismo. Com relação ao estresse calórico 34% demostraram bico aberto e ofegante nos períodos das 12:30 às 13:30, 27,5% no horário de 16 às 17 horas, porém somente 7, 7 % apresentaram o comportamento de asas abertas, indicativo de grande estresse calórico. Mostrando que a integração com o café ajuda as aves a dissiparem melhor o calor corporal e a absorver menor radiação, diminuindo o estresse térmico. No período matutino e fim da tarde apresentaram maior índice de cuidados corporais e de expressão dos seus comportamentos naturais, exceto o comportamento de espojar, que foi mais observado no período das 12:30 às 13:30. Este comportamento é realizado naturalmente pelas aves para facilitar a troca de calor por condução. Os resultados fortalecem as afirmações de autores de que frangos criados com mais liberdade e em ambientes mais próximos do seu habitat natural são mais calmos e menos sensíveis ao estresse, pois podem expressar seus comportamentos naturais potencializando o bem-estar em resposta ao enriquecimento ambiental.
CONCLUSÕES:
Os dados gerados nos levaram a concluir que o índice de bem-estar de frangos de corte criados em galinheiro móvel integrado a lavoura cafeeira foi bom, pois não houve incidência de canibalismo, as aves não sofreram por estresse calórico, e ainda tiveram espaço e enriquecimento ambiental para expressar seus comportamentos naturais, como ciscar, espojar, espreguiçar, pastar. Além disso, as aves tiveram um ganho de peso de 0,960 g em 21 dias de manejo. Esta forma de criação de aves beneficia o pequeno agricultor que poderá incrementar sua renda com a venda dos frangos, diminuir mão de obra com capina e possuir um cafezal mais saudável pelo adubo das aves e menor ataque de insetos e as aves podem expressar bem os seus comportamentos naturais. Porém vale ressaltar que em outros estudos, galinheiros móveis com alturas inferiores a 1,70 e não manejados em local sombreado prejudicou muito o bem-estar das aves (Neves, J. E. G., et al, 2011). Poderá ser feito mais análises e observações de comportamentos e em outros horários para obter mais dados e conclusões ainda melhores.
Palavras-chave: Comportamento das aves, Manejo agroecológico, Integração ave/ Café.