65ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva
AVALIAÇÃO DE RISCO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE ABASTECIMENTO NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE, PB
Amanda Paiva Farias - Graduanda de Engenharia Sanitária e Ambiental - UEPB
Igor Souza Ogata - Mestrando em engenharia civil e ambiental - UFCG
Rui de Oliveira - Professor PhD em engenharia civil pela Universidade de Leeds - UEPB
Ruth Silveira do Nascimento - Professora adjunta - UEPB
Celeide Maria Belmont Sabino Meira - Professora doutora - UEPB
INTRODUÇÃO:
Através de informações geradas nas ações de vigilância da qualidade da água do sistema de abastecimento do município de Campina Grande, este trabalho objetiva mapear o sistema e categorizá-lo quanto ao grau de risco. As ações de vigilância da qualidade da água contaram com análises de indicadores sentinelas (cloro residual livre, turbidez) e indicadores auxiliares ( cloro residual combinado, potencial hidrogeniônico, cor e bactérias heterotróficas), em oito pontos estrategicamente distribuídos segundo a Diretriz Nacional do Plano de Amostragem da Vigilância em Saúde Ambiental relacionada à qualidade da água para consumo humano.
A fim de interpretar melhor esses dados, gerando uma informação mais legível, uma metodologia como a análise de risco, que reúne todos esses dados, estudando-os quanto aos riscos que estes proporcionam ao sistema, é muito importante.
Uma avaliação de risco, através da metodologia Failure Mode and Effects Analysis (FMEA), foi empregada para definir o nível de risco dos pontos de amostragem com base nos indicadores analisados.
O trabalho busca por meio do monitoramento dos indicadores sentinelas e auxiliares juntamente com a metodologia FMEA de análise de risco, identificar e graduar os riscos do sistema de abastecimento de água (SAA).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar o risco da qualidade da água de abastecimento da cidade de Campina Grande, PB. Estudar a distribuição espacial do cloro residual livre, turbidez, cloro residual combinado, cor, pH e bactérias heterotróficas na sua rede de distribuição. Aplicar a metodologia Failure Mode and Effects Analysis de avaliação de risco para identificar e quantificar os perigos existentes na rede em estudo.
MÉTODOS:
Oito pontos de amostragem foram escolhidos entre colégios estaduais e municipais e universidades. As análises, foram realizadas de acordo com as recomendações do Standart Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 1999), sendo as de cloro residual livre (CRL), turbidez, cloro residual combinado (CRC), e pH feitas in loco e as de cor e bactérias heterotróficas em laboratório, tendo sido tomados os cuidados prescritos para a preservação da amostra.
A avaliação de risco seguiu o método Failure Mode and Effects Analysis (FMEA), onde um formulário é criado listando os perigos do sistema analisado. Os perigos alta concentração de CRL, baixa concentração de CRL, alta turbidez, alta cor, alto pH, baixo pH, alta concentração de CRC e alta concentração de bactérias heterotróficas foram baseados no padrão de potabilidade da Portaria 518/04 do MS.
Por fim o risco para cada ponto de amostragem foi dado pela multiplicação entre a classificação do indicador pela ponderação do seu respectivo risco, gerando um risco máximo de valor 4, devido à existência de riscos excludentes entre si no caso dos indicadores CRL e pH. Sendo os intervalos e as classificações: de 0 a 0,8 desprezíveis; 0,8 a 1,6 baixo; 1,6 a 2,4 moderado; 2,4 a 3,2 alto; 3,2 a 4,0 crítico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O risco de baixa concentração de CRL e alta concentração de bactérias heterotróficas foram os riscos mais influentes no SAA, contribuindo com 23,84% e 17,88%, calculados respectivamente. Confirmando a percepção intuitiva que estes riscos estão mais relacionados à presença de microrganismos patogênicos. Os riscos de alta concentração de CRL e turbidez seguiram com importâncias de 15,89% e 11,92%, respectivamente.
Os pontos P1, P3, P4, P5, P6 e P9 foram classificados como de risco baixo, enquanto que os pontos P7 e P8 como de risco moderado. O resultado para o ponto P7 foi adequado, apesar de altas concentrações de CRL causarem problemas no sistema digestivo. Outro aspecto a ser considerado é a alta reatividade do CRL, que diminui sua concentração rapidamente, podendo a própria reservação predial adequar o indicador ao padrão de potabilidade.
Por sua vez, o ponto P8 apresenta um problema mais sério que os demais pontos, pois a escassez de CRL na água torna-a mais suscetível à presença de microrganismos patogênicos. A situação da rede de distribuição na área de abrangência do ponto é precária, uma vez que a tubulação é antiga, de material inadequado (cimento amianto) e com manutenção deficiente, assim, a classificação de risco como moderada não parece muito adequada.
CONCLUSÕES:
Os riscos de baixa concentração de CRL e alta concentração de bactérias heterotróficas, CRL e turbidez foram os principais riscos do SAA de Campina Grande, pois estes riscos estão mais relacionados à agressão à saúde humana que os demais riscos listados no formulário FMEA.
A metodologia FMEA de avaliação de risco se mostrou eficaz na hierarquização dos perigos de um SAA, bem como apresentou resultados muito representativos da realidade da rede de distribuição de Campina Grande, com exceção do ponto P8.
O ponto P7 apresentou essa característica devido à localização do ponto de amostragem, que está próximo ao principal reservatório da cidade que recebe água diretamente da ETA, na qual ocorre um exagero na aplicação de CRL, a fim de garantir a presença deste nas pontas de rede.
A atenuação do risco no ponto P8 foi devida à compensação de critérios inerente ao método da soma ponderada, pelo qual riscos relacionados aos indicadores de menor importância no risco total do sistema (CRC, pH e cor) interferiram no resultado final.
Palavras-chave: Vigilância da qualidade da água, Metodologia FMEA, Sistema de abastecimento de água.