66ª Reunião Anual da SBPC
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o):
SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 1. Farmácia
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE COMPRIMIDOS DE PROMETAZINA (REFERÊNCIA, SIMILAR E GENÉRICO) COMERCIALIZADOS EM SALVADOR-BAHIA
Jáder Monteiro Rocha Gomes - Universidade do Estado da Bahia
Aníbal de Freitas Santos Júnior - Universidade do Estado da Bahia
INTRODUÇÃO:
A via oral de administração é a mais conveniente e aceita pela população, devido à maior facilidade e menor desconforto, possibilitando maior adesão a terapia medicamentosa. Sendo assim, são introduzidos no mercado a todo momento inúmeros lotes de medicamentos, além de seus genéricos e similares, representando grande fatia do mercado da indústria farmacêutica. Porém, essas formas farmacêuticas, quando empregadas para alcançar ação sistêmica, podem gerar problemas de biodisponibilidade em função dos aspectos ligados à formulação e ao processo de produção (CAIAFFA et al, 2002). Assim, as formas sólidas, como os comprimidos, merecem atenção especial, cuja dissolução pode ser afetada significativamente pelas características inerentes ao próprio fármaco, bem como pela presença de excipientes que favorecem ou dificultam a dissolução, além das técnicas de fabricação empregadas (GIBALDI,1991).
Os anti-histamínicos constituem-se no grupo de medicamentos mais utilizados no tratamento das alergias e vem apresentando uma dramática evolução desde sua descoberta 70 anos atrás. A prometazina é um anti-histamínico H1 pertencente ao grupo das fenotiazinas, é indicado no tratamento sintomático de todos os distúrbios incluídos no grupo das reações anafiláticas e alérgicas (GOODMAN; GILMAN, 2010).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Avaliar os fatores que influenciam sobre a cinética de dissolução e qualidade de comprimidos de cloridrato de prometazina, determinando as possíveis variações de peso dureza, friabilidade e através dos testes de dissolução e desintegração.
MÉTODOS:
Avaliados comprimidos de cloridrato de prometazina 25mg, adquiridos em farmácias comerciais, do mesmo lote. As amostras foram designadas: R (medicamento referência), G (genérico), S (similar). A SQR utilizada foi cloridrato de prometazina (99,7%). As metodologias foram realizadas conforme as Farmacopéias Brasileira e Americana (USP). Foram pesados (balança analítica BEL Mark M214Ai), individualmente, 20 comprimidos de cada amostra. A friabilidade foi calculada pela diferença do peso inicial e final de 20 unidades de cada amostra (Friabilômetro ETHIK TECHNOLOGY Modelo 300-2). Utilizou-se desintegrador Nova Ética modelo 301-6, sendo o teste realizado com 6 unidades de cada amostra, em triplicata. Colocou-se um comprimido em cada tubo da cesta, com água destilada como líquido de imersão. Foi observado intervalo de tempo da desintegração completa. Utilizou-se dissolutor ETHIK TECHNOLOGY, modelo 299, aparatus 2, 100rpm por 45min e 900ml de HCL 0,1M a 37°C como meio reacional. Preparou-se solução padrão de 120ug/ml de cloridrato de prometazina em HCL 0,1M. As porcentagens dissolvidas foram determinadas em espectrofotômetro a 249nm. O teste de perfil de dissolução foi realizado com 3 unidades de cada amostra, em triplicata. Coletaram-se alíquotas de 10ml em 1,3,5,10,15,20,30,45 e 60min.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Não foram detectadas alterações referentes ao aspecto, cor e odor das amostras. Os resultados para o teste de peso médio (n = 20) foram: R (0,1450 ± 0,002); G (0,1763 ± 0,002) e S (0,1729 ± 0,006). Observou-se, no ensaio de peso médio, que todas as amostras são diferentes, sugerindo variação no processo produtivo. Nesse caso, a garantia da eficácia do medicamento é feita através da determinação da uniformidade de doses, a qual não é abordada nesse estudo. Todos apresentaram resultados inferiores a 1,5% no teste de friabilidade, estando de acordo com a Farmacopéia Brasileira.
No teste de desintegração foram obtidos os seguintes resultados: 13:01; 6:03 e 03:26 min, para as amostras R, S e G, respectivamente. A Farmacopéia Brasileira determina que o tempo máximo de desintegração dos comprimidos seja 30 min, portanto todas as amostras estão de acordo com as normas desse parâmetro. O medicamento de referência não apresentou dissolução de 100% do fármaco, o que sugere que parte não se dissolveu como deveria ou que o comprimido pode não conter a quantidade de 25mg de cloridrato de prometazina, como indicado no rótulo. As amostras G e S apresentaram dissolução acima de 100%, sugerindo quantidade de fármaco superior ao que é indicado no rótulo. Em todos os casos evidencia-se que houve variação do processo produtivo, concluindo-se que o mesmo não é constante. Na análise do perfil de dissolução, observou-se que o medicamento similar apresentou maior eficiência, seguido do genérico e, por último, o de referência. Conforme a Resolução RDC n. 31 (BRASIL, 2010b), a comparação da curva obtida no ensaio de perfil de dissolução é feita empregando-se o Método Modelo Independente Simples, no qual se emprega um fator de similaridade (F2). Porém, quando a substância ativa apresentar alta solubilidade e a formulação for de liberação imediata, apresentando dissolução muito rápida para ambos os medicamentos, o fator F2 perde o seu poder discriminativo, não sendo necessário calculá-lo.
CONCLUSÕES:
As amostras R (medicamento referência), G (medicamento genérico) e S (medicamento similar) dos comprimidos de cloridrato de prometazina cumpriram com os parâmetros farmacopéicos de qualidade avaliados nesse estudo: peso médio, friabilidade e perfil de dissolução. Porém, não possível determinar se há equivalência farmacêutica, uma vez que para isso é necessários outros testes de qualidade e outras análises estatísticas que não foram abordadas nesse estudo.
Palavras-chave: Medicamento, Perfil de Dissolução, Cloridrato de Prometazina.