66ª Reunião Anual da SBPC
Resumo aceito para apresentação na 66ª Reunião Anual da SBPC pela(o):
SBPC - SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA
E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 1. Medicina Veterinária
DESCRIÇÃO ANATÔMICA DOS MEMBROS TORÁCICOS E PÉLVICOS DE JABUTI-PIRANGA (Geochelone Carbonaria, Spix 1824)
Rafaela Rodrigues dos Santos - Unb
Reginaldo Bonfim de Azevedo - Unb
Marcelo Ismar Silva Santana - Unb
INTRODUÇÃO:
O estudo dos répteis vem ganhando cada vez mais importância, tanto por questões conservacionistas quanto pelo aumento do interesse em sua utilização como animais de companhia (ERNST; BARBOUR, 1989). Neste contexto, os jabutis representam a grande maioria destes animais e, no Brasil, o jabuti-piranga (Geochelone carbonária, Spix 1824) é provavelmente o quelônio que mais tem sido mantido em cativeiro como animal de estimação, devido a fatores culturais e amplo comércio ilegal (PINHEIRO; MATIAS, 2004). Nos últimos anos o número de atendimentos clínicos aos quelônios tem sido crescente (MATIAS et al, 2006), onde a grande maioria das patologias identificadas nos jabutis tem sido associada às inadequadas condições de manejo as quais estes estão submetidos (MAS, 2001 e OLIVEIRA et al., 2009). Estudos sobre a anatomia, fisiologia e patologia das tartarugas são raros e oferecem pouca especificidade. Pesquisa sobre as espécies estudadas (Geochelone carbonaria) ainda está em seus estágios iniciais, com poucos estudos disponíveis até o momento. No que diz respeito à musculatura desta espécie, o presente estudo é preliminar, porque não há nenhuma referência a este assunto na literatura especializada. (CARVALHO; SOUSA; OLIVEIRA; PINTO; FONTENELLE; CORTOPASSIS, 2011).
OBJETIVO DO TRABALHO:
Gerar informações anatômicas precisas sobre a anatomia topográfica de músculos, pertencentes aos membros torácicos e pélvicos de jabutis-piranga; Gerar informações que possam ser utilizadas diretamente por biólogos, clínicos e cirurgiões veterinários, visto a pouca literatura específica existente; Fortalecer a linha de pesquisa relacionada a morfologia de animais silvestres;
MÉTODOS:
Para realização deste trabalho serão utilizados 10 indivíduos da espécie Geochelone carbonária, sendo 5 machos e 5 fêmeas, todos adultos e com peso aproximado de 16 kg. Estes animais pertencem ao acervo do Museu de Anatomia Veterinária (MAV) da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária (FAV) da Universidade de Brasília (UNB) para fins de pesquisa. Os jabutis inicialmente terão canuladas suas artérias carótidas comuns, o que permitirá a injeção dos sistemas arteriais com solução de látex centrifugado corado. Em seguida, os animais terão seus plastrões separados de seus cascos lateralmente, com o auxílio de uma serra para gesso, para então serem submetidos à fixação em solução aquosa de formaldeído a 10%. Depois de 48 horas de fixação, as dissecações dos membros torácicos e pélvicos poderão ser realizadas. Concomitantemente às dissecações de cada exemplar, ainda serão feitas fotos para registro das origens e inserções musculares de cada membro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Os músculos discutidos aqui são os maiores e específicos da espécie estudada (detalhes sobre a maioria dos músculos pode ser encontrada facilmente na literatura). A musculatura foi dividida em dois grandes grupos: músculos do membro torácico, que estão associados ao braço, antebraço, mão e carapaça além da função de movimentação e respiração. Os músculos do membro pélvico que estão associados ao quadril, coxa, perna e pés. A musculatura do pé não é descrita detalhadamente aqui, pois estes músculos estão conectados por tecidos densos que são de difícil remoção e identificação, mesmo com equipamentos e técnicas especiais de dissecação. Devido à falta de referências bibliográficas a respeito da descrição anatômicas dos jabutis-piranga (Geochelone carbonária, spix 1824), este trabalho foi feito baseado na literatura existente sobre tartarugas-marinhas (dermochelys). Podem-se notar certas diferenças entre estas espécies: O músculo peitoral maior caudalmente encontra o músculo Bíceps braquial, que na tartaruga marinha pode apresentar cabeça superficial e cabeça profunda, como descrito por Wyneken (2001) já os jabutis-piranga Geochelone carbonaria não foram encontrados tais cabeças. Como a tartaruga marinha precisa da nadadeira para o movimento de natação, em animais terrestres como o jabuti estas cabeças podem ter regredido, devido à menor movimentação do braço deste quelônio. O músculo pubioisquiofemoral é largo em quelônios, possuindo parte superficial e profunda. E pode estar ausente nas dermochelys, nesta espécie pode ser substituído em função e posição pelo músculo iliofemoral (WYNEKEN,2001). Já no jabuti-piranga foi encontrado o músculo pubioisquiofemoral. O músculo pubiotibial, faz parte do complexo flexor tibial podendo ser encontrado nos quelônios porém é ausente nas tartarugas- marinhas dermochelys (WYNEKEN,2001) e no jabuti-piranga.
CONCLUSÕES:
A partir dos resultados foi possível concluir que da musculatura macroscópica dos jabutis-piranga geochelone carbonaria nos membros torácicos e pélvicos tem suas respectivas semelhanças e diferenças, quando comparados com as tartarugas marinhas dermochelys. Destacamos aqui a existência do osso coracóide no membro torácico, e do prolongamento do osso ílio no membro pélvico, até a carapaça. Ambos com uma musculatura adjacente bem desenvolvida (no membro torácico os músculos: coracóide braquial magnos, complexo teres maior, testocoracóide e no músculo pélvico: pubioisquiofemoral externo, pubioisquiofemoral interno, flexor tibial interno e externo, iliotibial, femoraltibial e ambiens). Deixando ainda um vasto campo a ser explorada nas pesquisas que podem vir a ser realizadas sobre a musculatura do pescoço, cabeça, tórax, abdômen, cauda entre outros.
Palavras-chave: Jabuti-piranga, Membro torácico, Membro pélvico.